VIDA COM DEUS

VIDA COM DEUS

terça-feira, 27 de setembro de 2011

ANDAR NO ESPIRITO E ANDAR NO PODER


O Andar no Espírito -
O Andar no Poder
O Papel Vital da
Oração em Línguas
Dave Roberson
1° Edição
2008
Todas as citações da Escritura Sagrada foram
retiradas da Versão João Ferreira de Almeida –
Revisada e Atualizada no Brasil, exceto nas páginas
12, 158, 352 e 385, as quais foram retiradas da Versão
João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida no
Brasil.
O Andar no Espírito - O Andar no Poder:
O Papel Vital da Oração em Línguas.
Edição Original em Inglês © 1999
Dave Roberson. Todos os direitos reservados.
ISBN 978-85-62224-00-3
Tradução em Português © 2008
Ministério Ana Maria Dias.
Todos os direitos reservados. É proibida a
reprodução desta edição em parte ou total sem a
permissão por escrito da editora. Impresso no Brasil.
Ministério Ana Maria Dias
Centro de Oração da Família
Caixa Postal 254 Barueri, SP 06455-972
Índice
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1 A Obra do Espírito Santo Dentro de Você . . . . . . . 11
2 Minha Jornada Pessoal
Através da Revelação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 Dons Espirituais e Suas Operações . . . . . . . . . . . . . 55
4 As Variedades de Línguas
No Governo de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5 As Quatro Formas Básicas
Das Varierdades de Línguas . . . . . . . . . . . . . . . 95
6 A Fonte de Revelação de Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . 123
7 Orando os Mistérios
Do Plano de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
8 O Canal Pelo Qual
O Espírito Santo Fala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
9 O Processo de Edificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
10 Purificação e Mortificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
11 Superando Impasses na Oração . . . . . . . . . . . . . . 267
12 Purificado para Permanecer na Brecha . . . . . . . 303
13 Oração e Jejum:
Os Poderes Gêmeos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
14 Como Orar Efetivamente em Línguas . . . . . . . . . 361
15 A Progressão Divina Para o Amor Ágape . . . . . . 397
Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431
Empecilhos para Receber
O Batismo no Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . . 433
Oração de Salvação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 444
Oração para Ser Cheio
Com o Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 445
5
Introdução
Estes últimos anos foram dos melhores da minha
vida. Eu estou no ministério há mais de vinte e cinco
anos e tive muitos encontros maravilhosos com o Senhor
e posso dizer verdadeiramente que a revelação que Deus
transmitiu a mim nestes últimos anos mudou a minha
vida completamente, levando-me a um lugar Nele que
antes nunca imaginei estar.
Contudo, você não pode construir paredes onde não
há fundação. Você não pode adicionar um telhado onde
não existem paredes. As verdades de mudança de vida
que Deus vem me mostrando não poderiam ter sido
acrescentadas à minha vida se não tivessem sido
construídas sobre uma fundação forte da Palavra dentro
de mim, linha sobre linha, preceito sobre preceito,
através de muitas horas e muitos anos de oração em
línguas, enquanto meditava nas Escrituras.
Agora eu sei, mais do que nunca, que orar em
línguas é o dom de revelação que ajudou a colocar um
fundamento das Escrituras na minha vida. Deus estava
me preparando para algo maravilhoso, verdades eternas
que Ele está agora despejando no meu espírito em
preparação para os dias que virão. Ele está usando a
culminação de todos aqueles meus anos de oração em
línguas para me abrir um âmbito completamente novo
de entendimento em Cristo.
A medida exata do poder de Deus na vida de um
crente depende do quanto ela é ordenada pelo Espírito
Santo. Entretanto, a mensagem primária deste
ministério desde o início realmente tem sido a oração
6
em línguas. Por décadas, o Senhor transmitiu um rico
conhecimento de revelação para o meu espírito neste
assunto. Passo a passo, Ele me ensinou como sair de
uma vida dominada pela carne para uma nova vida
dominada pelo Espírito Santo, através do dom
incomparável da oração em minha linguagem celestial
de oração.
Então, em 1997, o Senhor falou fortemente no meu
espírito, dizendo, “Esta mensagem em línguas veio para
a maturidade”.
Primeiramente, eu pensei que Deus quisesse dizer
que a mensagem veio somente para minha maturidade.
Mais tarde eu entendi que Ele não estava falando
exclusivamente sobre mim. Ele estava dizendo que
tinha chegado a hora de compartilhar uma medida mais
ampla da revelação que Ele me deu ao longo dos anos,
em relação à oração em línguas. A mensagem veio para
a maturidade do Corpo de Cristo.
O Senhor me incumbiu de ensinar aos crentes como
viver uma vida de poder, andando no Espírito,
construída permanentemente no fundamento da
Palavra e na oração em línguas, enquanto o Espírito
Santo clama com gemidos. Este livro está escrito graças
ao meu desejo de ser fiel à incumbência que Deus
confiou.
As verdades contidas neste livro eu não apenas as
tenho ensinado, por muitos anos; mas também as tenho
buscado de todo o coração no meu caminhar pessoal com
Deus. Então, acredite-me quando digo a você que pelo
fato de estar lendo este livro e diligentemente aplicando
7
seus princípios, chegará o dia que você olhará para trás
em sua vida e dirá com admiração, maravilhado: “Eu
não sou a mesma pessoa. Eu aprendi a andar no
Espírito, e isto mudou completamente a minha vida para
sempre!”.
Dave Roberson

9
Pois em Meu Espírito está a profundidade
da sabedoria, a qual você adquire pelo
Meu Espírito, diz o Espírito da Graça.
Pois estas coisas estão escondidas em um
mistério.
Ah, Eu tornei esses mistérios disponíveis
àqueles que estão na Igreja da Minha
graça.
Aprenda como permanecer na Minha
Presença.
Aprenda como permanecer em sua face.
E Eu desvendarei tesouros escondidos em
um campo.
E vocês verão, diz o Espírito da Graça, que
até mesmo o diabo cederá.

11
Capítulo 1
A Obra do Espírito Santo
Dentro de Você
Na eternidade do passado, um plano vasto e
complexo desvendado para a humanidade veio de Deus
para nós. Na Sua infinita sabedoria, dentro de Sua visão
para todos os tempos, Ele não deixou nada de fora. Ele
passou por gerações a gerações, planejando cada
detalhe intrínseco de toda vida que viveria na face da
Terra. O desejo de Deus era recuperar da rebeldia de
Satanás o maior número possível de pessoas e juntar
para Si Mesmo um povo o qual Ele chamaria de Sua
família.
Em algum lugar na elaboração do plano divino,
muito antes do início dos tempos, Deus Se deparou com
o seu nome! Então, Ele formulou um plano perfeito,
somente para você, inigualável a qualquer outro, para
qualquer outra pessoa que já nasceu de novo. Imagine
Deus, o Pai, encontrou através do grande vazio do
espaço e do tempo o momento em que você viveria sobre
esta Terra. Então, Ele decidiu precisamente como
aquele momento seria preenchido!
Nós Precisamos Escolher o Plano Dele
Deus criou um plano maravilhoso para cada um de
nós. Em Seu plano, nós fomos predestinados para nos
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
12
tornarmos Seus filhos e filhas, pela Cruz. Mas, um
grande obstáculo está entre nós e os propósitos
perfeitamente criados por Deus: Usando o livre arbítrio
que Ele nos deu, nós devemos escolher andar em Seu
Plano ordenado para nossas vidas.
Deus procura uma maneira de Se aproximar de
cada um de nós a fim de apresentar o Seu plano pessoal
para nossas vidas. Ele começa com a pregação da Cruz
que nos encoraja a aceitar Jesus Cristo como Salvador
e Senhor. Se nós aceitarmos Jesus, tomamos o primeiro
passo dentro do plano que Deus predestinou para nós
antes da fundação do mundo. Mas, se O rejeitarmos,
como muitos antes de nós fizeram, viveremos e
morreremos sem nunca ter tomado esse primeiro passo
– a salvação – dentro do propósito divino para a nossa
existência.
Certa vez, quando eu estava ministrando na Índia,
olhei para milhares de pessoas diante de mim e fiquei
maravilhado em perceber que Deus podia ter um plano
específico para todo e qualquer indivíduo naquela vasta
multidão. A verdade é que Deus formulou um plano
perfeito para toda pessoa nascida desde Adão. Ele
apenas espera que cada uma descubra o que é esse plano
e escolha andar nele.
Jesus falou sobre o Seu plano de vida eterna para a
humanidade em Mateus 7:13 e 14:
Entrai pela porta estreita; porque larga é
a porta, e espaçoso o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta, e apertado o
caminho que leva à vida, e poucos há que a
encontrem.
13
As palavras de Jesus indicam que a maioria das
pessoas acaba sua vida em uma eternidade ímpia sem
Ele. Uma pessoa pode viver, morrer e ir para o inferno
sem conhecer Jesus nem cumprir o plano de Deus para
sua vida. Contudo, isso não muda o fato de que Deus
tinha um perfeito plano de redenção e um propósito para
esta pessoa; ela simplesmente nunca descobriu isto.
Mas, louvado seja Deus, pois você não precisa ser
uma dessas pessoas! Se você achou a Cruz e fez de Jesus
o seu Salvador pessoal, nada pode impedir você de
descobrir o resto do plano de Deus para a sua vida. Tudo
o que você tem a fazer é escolher obedecê-Lo.
O Espírito Santo Ora por Nós
Em algum lugar, de alguma maneira, no grande e
maravilhoso plano de Deus para a Sua criação, o seu
nome apareceu. E Deus, na Sua eterna sabedoria e
conselho, preparou um plano perfeito para a sua vida
pessoal.
Então, o Espírito Santo fez algo maravilhoso. Ele
ouviu diligentemente todo e qualquer detalhe de sua
vida enquanto o Pai planejava o seu nascimento, seu
ministério, sua prosperidade e todo aspecto da sua
redenção.
Na verdade, o Espírito Santo é Aquele que foi
encarregado de verificar o plano de Deus para a sua vida
pessoal. Ninguém pode representar este plano melhor
do que Ele. Ele estava lá. Ele ouvia Deus, o Pai, planejar
todo mínimo detalhe.
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
14
E isso não é tudo. Esta terceira Pessoa da Trindade
está face a face e absolutamente na mesma estatura
espiritual que os outros dois membros da Trindade: O
grande Jeová e O Poderoso Logos (Jesus). Mas além da
sua regeneração como um filho de Deus, o Espírito Santo
verdadeiramente consentiu fazer morada dentro do seu
espírito e oferecer Seus serviços a você! E uma das
principais razões pelas quais Ele veio foi para orar por
você.
Por que Deus enviou o Espírito Santo para morar
dentro de você? Para que Ele pudesse transformar você
de acordo com a imagem de Seu Filho. E a fim de realizar
este objetivo, o Espírito Santo trouxe Consigo Sua
própria linguagem de oração, para que pudesse orar por
tudo o que lhe diz respeito.
Com essa linguagem de oração, Ele se envolve
diretamente com você em relacionamento único, que é
independente de qualquer outra pessoa, até mesmo da
sua própria mente. Quando o Espírito Santo ora por
você, Ele pega o plano que ouve o Pai falar e derrama
no seu espírito. A linguagem usada para expressar o
plano enquanto este flui em você é a linguagem
sobrenatural das línguas.
Toda vez que você der ao Espírito Santo oportunidade,
Ele usará esta linguagem para orar pelo seu
chamado, para orar o plano de Deus, para edificar e
carregar você com Seu santo poder. Ele Se emprestará
a você à medida que sua fé permitir que Ele seja ativado
dentro do seu espírito. Ele tirará você de tudo o que Jesus
já o libertou e o colocará em tudo o que Jesus disse que
você é Nele.
15
Se você quiser, você pode entrar no seu quarto e orar
nesta língua sobrenatural por duas, quatro, ou até
mesmo por doze horas, e Deus, o Espírito Santo, criará
toda e qualquer palavra que sair de sua boca. É sua a
escolha de orar, ou não. Mas toda vez que você realmente
escolher orar, você sairá daquele momento de oração
mais edificado em Seu plano e propósito do que se você
não tivesse feito isto.
O plano de Deus para você está no Espírito, e o
Espírito Santo está em você. O Espírito Santo está
armado com o conhecimento de tudo o que Ele ouviu
sobre o plano de redenção de Deus para você, antes da
fundação da Terra. E toda vez que Ele perscruta o seu
coração, Ele faz isto com a intenção de orar este plano –
a mente de Deus a seu respeito – dentro da sua vida.
A Lei Natural Se Tornou Submissa
Eu estou cheio do Espírito desde muito tempo atrás,
e eu ainda fico maravilhado que a terceira Pessoa da
Trindade tenha escolhido vir e iniciar Sua morada em
nós! Pense que, por nosso convite, Ele nos enche em
batismo e prevê o plano de Deus para nossas vidas e
isto é muito mais maravilhoso do que podíamos esperar.
E a linguagem sobrenatural que Ele traz Consigo para
nos ajudar a encontrar o plano perfeito é, talvez, o maior
fenômeno de todos.
Quanto mais encontrarmos o plano de Deus, mais o
Espírito Santo (o qual é o Executor da lei espiritual)
será capaz de trazer à submissão a lei natural em nossas
vidas, a qual governa as circunstâncias que nos cercam,
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
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indo a nosso favor ou contra nós – tornando-nos tanto
ricos quanto pobres, doentes ou sadios, felizes ou tristes.
Mas Deus designou a lei natural para ser feita
subordinada à espiritual. E uma vez que o plano divino
para nossas vidas vem do próprio coração de Deus, ele é
imposto como lei espiritual.
Quando nós passamos qualquer que seja a
quantidade de tempo orando no Espírito Santo, nós
estamos, com gemidos, clamando os segredos divinos,
ou as leis espirituais; e Ele, então, emprega aquelas leis
para que vejamos que as circunstâncias – as leis naturais
– alinham-se com o propósito e plano de Deus para
nossas vidas. Nós não podemos orar consistentemente
por muito tempo sem que as coisas que não pertencem
ao plano de Deus para nós comecem a desaparecer.
Uma vez eu perguntei ao Senhor, "Por que Você nos
dá uma língua tão peculiar para usarmos em oração?".
Veja o que Ele falou ao meu Espírito:
"Entre os homens nunca existiu uma língua que
tivesse um vocabulário para expressar tudo o que Eu
sou em você através de Cristo Jesus. Uma vez que esta
língua não existia com tal vocabulário, Eu tive que criar
minha própria e emprestá-la a vocês, enquanto
estivessem na Terra. E só a emprestei até que vocês
cheguem ao Céu; depois disto ela cessará.
"Enquanto isso, você conhecerá em parte, porém Eu
conheço todas as coisas – Meu plano inteiro de redenção
para toda a eternidade. Seja lá quando o diabo vier contra
você, não se preocupe com isto. Por causa das suas
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enfermidades, Eu estarei fazendo intercessão por você
de acordo com este plano. E embora você saiba somente
em parte, Eu orarei a parte que você precisa".
A Grande Troca:
Negociando o Nosso Plano pelo Plano de Deus
Existe uma troca sobrenatural que acontece
enquanto nós oramos em outras línguas. Veja o que está
escrito em Romanos 8:27, 28:
E aquele [o Espírito Santo] que sonda os
corações sabe qual é a mente do Espírito,
porque segundo a vontade de Deus é que ele
intercede pelos santos.
Sabemos que todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.
O que significa "aquele que sonda os corações"?
Significa que o Espírito Santo sonda seu coração com a
intenção de remover tudo o que é contrário à vontade
de Deus, seu Pai, o Edificador. Então, o Espírito Santo
coloca em seu coração o plano que Ele ouviu para sua
vida pessoal antes do início dos tempos, quando Deus
formulou Seu plano para você. Ele ora o plano perfeito
de Deus em seu espírito para que você não somente
conheça o que você é chamado para fazer, mas como
realizar este chamado no momento perfeito, na vontade
e poder de Deus.
Deus negocia seus planos e idéias naturais por meio
da troca sobrenatural que é Dele, através das línguas
para edificação pessoal. Você pode saber, sem nenhuma
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
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sombra de dúvida, que enquanto você se entrega a esta
troca divina, todas as coisas, na verdade, concorrem para
o seu bem, porque você ama a Deus e é chamado de
acordo com o Seu propósito.
Ele Nos Ajuda a Achar Nosso Chamado
Contudo, você não pode descobrir qual propósito
Deus o chamou para realizar, apenas lendo Sua Palavra.
É claro que você pode descobrir na Palavra tudo o que
você precisa saber relacionado à herança que pertence
a todo crente. Você pode aprender tudo sobre salvação,
cura, prosperidade, justificação, Céu, o sangue e funções
de ministério. Mas você não pode descobrir na Palavra,
por si só, o que Deus chamou você para cumprir como
um membro individual do Corpo de Cristo.
Não existe na Bíblia o "Livro do Roberson" que eu
possa consultar como fonte de instrução pessoal. Eu
tenho que descobrir meu chamado divino pela revelação
que o trabalho pessoal interno do Espírito Santo me dá.
Ninguém conhece melhor nosso chamado do que o
Espírito Santo. Ele estava na Presença de Deus quando
nosso chamado foi planejado. Esta é a razão pela qual
Ele trouxe Sua linguagem sobrenatural Consigo
quando veio habitar em nós. Somos ignorantes demais
para saber como orar sobre o nosso chamado. Então, Seu
grande reservatório de sabedoria e conselho reside em
nosso espírito, apenas esperando para ser liberado
através das línguas.
Em Primeira Coríntios 14:14 está escrito que
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quando nós falamos em uma língua desconhecida, nosso
espírito humano está fazendo a oração, e nosso
entendimento está infrutífero. Desta forma, em essência,
o Espírito Santo cria esta linguagem sobrenatural no
íntimo do nosso espírito. Uma transferência de
linguagem e autoridade acontece da Pessoa do Espírito
Santo para o nosso espírito.
Esta transferência divina nos capacita como
membros individuais do Corpo de Cristo nesta Terra
para orar em línguas com a autoridade de Deus, sabendo
que os outros dois integrantes da Trindade responderão
nossa oração. Se a transferência nunca acontecesse,
seria o Espírito Santo orando, não nós. Mas, a
transferência é, literalmente, nosso espírito humano
orando enquanto o Espírito Santo cria a oração.
A Maneira de Deus É Melhor
Nós provavelmente sabemos como reivindicar nossa
herança. Nós provavelmente somos bons em declarar,
"A cura é minha. A prosperidade é minha!" Mas como
podemos conseguir o tremendo poder do Espírito Santo
que reside dentro de nós – o poder que ressuscitou Jesus
dos mortos – para sanar os problemas que nós
enfrentamos, para que aquelas bênçãos possam ser
manifestas em nossas vidas? E ainda mais, como
podemos descobrir nosso chamado divino?
Bem, será que somos tão sábios que podemos achar
uma maneira melhor para responder estas questões do
que a maneira que Deus nos deu quando Ele designou
o Espírito Santo para vir e nos representar?
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
20
Veja, Deus não nos confiou a quaisquer dos milhares
dos anjos a Seu serviço. Nós valemos mais do que isso
para Ele. Não, Ele foi o mais alto que pôde e nos confiou
ao Próprio Espírito Santo, o qual, então, veio fazer
morada em nós. Desta forma, como podemos falhar,
quando a terceira Pessoa da Trindade cria a oração e os
outros dois integrantes da Trindade a respondem? Eu
chamo isto de plano à prova de fogo!
A Sabedoria de Deus Contra
as Estratégias de Satanás
O dia em que você decidir trancar-se em seu quarto
para orar e passar algum tempo precioso com o Senhor
– este será o dia em que você entrará na sala de aula do
Céu, aqui na Terra, com o Espírito Santo como seu Professor.
Você precisa dessa "sala de aula" se você for
cumprir seu chamado divino.
Lembre-se: Deus nos diz para sermos sábios como
as serpentes e símplices como as pombas (Mt. 10:16).
Por que Deus diria uma coisa assim? Porque Satanás
tem todo um arsenal de armas que só pode ser combatido
pela Sua sabedoria.
Por exemplo, suponha que Satanás entre no quarto
com chifres e rabo e diga, "Com licença, meu caro cristão,
eu vou tirar a Palavra de Deus do seu coração".Você
olharia para ele e diria, "Você não vai tirá-La de mim!".
Ele falaria, "Por que não?".
"Porque você é o diabo!".
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"Quem me denunciou?", ele perguntaria.
"Seus chifres e rabo". (Esta é a maneira
tradicional que o diabo se mostra no folclore cristão).
Nesta altura, o diabo pensaria, "Eu nunca me
mostrarei assim de novo. Eu vou pegar uma pele de
carneiro e vestí-la. Então, espreitarei sorrateiramente
e roubarei a Palavra de você, que nem sequer saberá
quem está fazendo isso porque usarei a religião para
seduzi-lo. Eu usarei as circunstâncias. Eu porei a culpa
na economia. Ou porei a culpa em seu esposo ou sua
esposa. De um jeito ou de outro, eu tomarei de você a
Palavra de Deus, e você nem mesmo saberá quem está
fazendo isso!".
Jesus diz que Satanás só vem para matar, roubar e
destruir (João 10:10). E você bem sabe – o diabo é bom
nisto! Ele não faz mais nada senão estas três coisas, as
quais são suas especialidades desde que sua luz apagou
e caiu do Céu (Is. 14:12). E se você julgá-lo mal – se não
levá-lo a sério – ele poderá destruir você!
Agora, veja que devemos ser sábios como as
serpentes e símplices como as pombas. Ainda assim
algumas pessoas dizem que não precisam da ajuda do
Espírito Santo na oração. Elas rejeitam a língua de Deus
e recusam permitir que Ele ore a mente de Deus para
elas, hora após hora. Contra quem elas acham que estão
operando – um medíocre espiritual?
Satanás não é um inimigo para se desprezar. Ele é
esperto e vem por uma única razão: matar. Ele não faz
nada mais do que isto; ele não sabe nada mais do que
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
22
isto. E se você não tomar cuidado com as suas
estratégias, pela sabedoria de Deus, ele terá sucesso em
matar tudo o que é bom na sua vida.
Já que isto é verdade, como um crente pode achar
ser um sacrifício passar duas ou três horas em oração?
O que ele está querendo dizer com isso? "Eu fiz um
grande sacrifício pessoal ontem à noite. Eu deixei Deus
orar por mim durante três horas!".
Não, este crente não fez um grande sacrifício! Ele
simplesmente apreciou o privilégio inestimável de orar
no Espírito. O Espírito Santo criou uma linguagem de
oração dentro dele que manifestou a mente de Cristo e
a sabedoria infinita do Deus Todo Poderoso para sua
vida!
O modo de funcionamento deste processo
sobrenatural vai além do meu entendimento natural.
Mas garanto a você que eu usarei o que Ele me deu!
Meu Pai Celeste me prometeu isto, e eu posso
estendê-lo a você: Se você fielmente continuar a conhecer
a Deus pelo Espírito Santo – e uma parte importante
deste processo é orar em outras línguas – então, daqui
a cinco anos, você não será o mesmo. Você não vai olhar
para trás e se lamentar de que cada dia foi o mesmo, um
mês igual ao outro, até três ou quatro anos se passaram
e você acabou tão derrotado e igual, como estava no
começo daquela época.
Não, se você buscar a Deus pelo Espírito, então, ao
fim dos cinco anos você olhará para trás e verá que você
experimentou o crescimento espiritual. Você mudou para
23
melhor, está conhecendo o Próprio Jesus, enquanto o
Espírito O revela para você. E você vai bem em seu
caminho no cumprimento do chamado divino, à medida
que ele se desvenda diante de você!
A Obra do Espírito Santo Dentro de Você

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Então entre e Me conheça pelo Espírito,
E Eu o levarei de glória em glória,
alimentando-o com uma herança
que o leva a conhecer
como saciar a fome
e o ardor dentro de você
para Me conhecer diante do Meu poder.
Eu mostrarei a você estas coisas,
Mas você deve entrar na Minha Presença e
permanecer ali até que Eu alimente
você com seu ministério, diz o Espírito
da Graça.

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Capítulo 2
Minha Jornada Pessoal
Através da Revelação
Eu não me dei conta do plano de Deus para a minha
própria vida até que me tornei um adulto. Quando era
criança, não existia ninguém na minha vida que
pudesse me ensinar a respeito disto.
O Início
Minha mãe era o que eu chamo de uma “alcoólatra
periódica”. Ela morreu no início de seus cinqüenta anos
de cirrose hepática.
Meu pai era filho de pregador e eu só descobri isso
anos depois de responder meu chamado para o
ministério, quando já adulto. Ele acabou enlouquecendo,
passando a maior parte de sua vida entrando e saindo
da cadeia. Quando eu já era maduro o suficiente para
entender, minha mãe me disse que ela o expulsou de
casa em torno dos meus dois anos, porque ele me batia
muito.
Posso me lembrar de esconder meu aviãozinho de
brinquedo embaixo da minha cama. Mamãe tinha
economizado seus centavos do mercado a fim de comprálo
para mim. Quando meu pai chegava perto, eu tinha
que escondê-lo; eu sabia que precisava fazer isso. Ele
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
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sempre me ameaçava, dizendo que atiraria em mim com
uma espingarda cheia de sal, entretanto, não me lembro
muito bem das surras. Quando eu estava crescendo, tive
muitos outros pais temporários que vinham e iam. No
entanto, não sabia muito sobre eles também.
Às vezes, os vizinhos iam à minha casa, buscar a
mim, a meu irmão e às minhas duas irmãs. Eles lavavam
nossos rostos e nos punham no carro para nos levar à
igreja; era óbvio que éramos negligenciados.
Nosso avô, finalmente, nos acolheu. Ele me fez de
“burro de carga” durante os meus anos de colegial – e
quando eu digo “de carga”, quero dizer carga mesmo!
Quando entrei na Marinha dos Estados Unidos, estava
em completa forma. Eu nunca tinha me exercitado nem
feito um abdominal ou flexão em minha vida, no entanto,
venci o campeonato de braço de ferro no meu navio!
Também fui chamado para lutar boxe pela Marinha.
Toda minha força física e treinamento vieram do meu
avô, que me fez trabalhar como um animal na minha
adolescência.
Ele era da época escolar rígida na educação dos
filhos e eu nunca conheci muito sobre o amor de Deus e
nem pude chamar nada de exclusivamente “meu”. Quase
toda chance que meu avô tinha, ele me dizia, “Você
nunca vai ser nada na vida, nunca! Você vai crescer para
ser inútil exatamente como foi o seu pai Roberson”.
Quando eu tinha dezesseis anos, um amigo meu
(que também era filho de pregador) me convenceu a
irmos a uma igreja Pentecostal aos fins de semana, com
o único intuito de encontrar garotas. Após a igreja,
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saíamos para beber.
Bem, a pregação do pastor não incomodava meu
amigo nem um pouco, mas começou a me afetar. Uma
noite fiquei tão tocado que fui até a casa do pastor depois
que o culto havia terminado.
Bati na porta e quando ele atendeu, eu disse, “Acho
que tem algo errado comigo”.
“Isto é a necessidade de arrependimento”, ele
respondeu. “O que você precisa fazer é aceitar a Jesus
Cristo como seu Salvador pessoal”. Então, falou para
que me ajoelhasse perto da cadeira e me conduziu à
oração do pecador.
Eu deixei a casa do pastor me sentindo leve e feliz e
da outra vez que saí com meus amigos, recusei-me a
beber com eles. Contudo, ninguém da igreja “me seguiu”
para ficar cheio do Espírito Santo ou me ajudou a crescer
na caminhada espiritual. As minhas boas intenções
duraram por volta de duas semanas, e então voltei para
o meu estilo festeiro de vida.
Abandonei o colegial e saí de casa quando tinha
dezessete anos, para nunca mais voltar. Foi então, que
entrei na Marinha. Logo depois que servi a Marinha,
voltei para Deus numa igreja ultra-Santa. Foi lá que
encontrei minha futura esposa, Rosalie.
Essas pessoas santas me disseram que o meu Pai
Celeste estava fazendo o mesmo que o meu pai natural
havia feito comigo – punindo-me por cometer erros. Eles
estavam me ensinando o legalismo, mas eu não
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
30
entendia isso, então, pensei comigo mesmo, Bem, acho
que perdi um pai como aquele e achei outro igual!
O Pregador Lenhador
No primeiro ano depois que me tornei salvo, tinha
dificuldade de ficar na igreja, mas logo após me casar
com Rosalie, fui batizado no Espírito Santo e nunca
voltei para a minha vida sem Deus novamente. Eu
nunca desejei voltar.
Alguns anos mais tarde, nos mudamos para uma
cidadezinha em Oregon chamada LaPine, onde a única
igreja que havia era uma igrejinha Santa que era muito
mais rígida do que a nossa igreja anterior. Não havia
nenhuma outra igreja ou reunião cristã. Arrumei um
emprego em uma serraria e lá eu pregava!
Todos ao meu redor na serraria viviam em pecado,
mas Deus me fortaleceu a permanecer na fé. O inferno
lançou tudo o que podia sobre mim para que eu me
afastasse de Deus. Mas por causa da mão sustentadora
do Senhor, permaneci.
De vez em quando, um pregador vinha com um
avivamento em nossa região. Quando isto acontecia,
todos os sete homens que puxavam a corrente comigo
na serraria iam ao avivamento, porque eu já tinha feito
um trabalho árduo com eles, tentando persuadi-los a
participar.
31
A Visão
Que Me Impulsionou ao Ministério
Com trinta anos de idade, eu ainda vivia com a
imagem que havia construído no meu interior enquanto
crescia. Eu nunca iria ser nada na vida, e não merecia
nada além de punição.
Eu nasci de novo e tinha uma grande fome e sede
de Deus, e sabia em meu coração que havia sido chamado
para pregar o Evangelho. Mas eu não conseguia ver
como Ele poderia me usar ou até mesmo como iria me
usar. Eu era um menino Santo, perdido na lei.
Mas amava a Deus com todo o meu coração e Ele
tinha misericórdia da minha alma. Ele me deu uma
visão que me lançou em meu ministério integral. Essa
visão não foi algo que experimentei porque eu havia
comido tarde na noite passada; foi real.
Jamais esquecerei isso. Nós havíamos nos mudado
algumas vezes e estávamos morando em uma
cidadezinha chamada Oakridge, onde continuei
trabalhando na serraria local. Numa manhã bem cedo,
acordei na Presença de Deus. Abri meus olhos,
esperando ver o meu quarto como de costume. Ao invés
disto, vi um grande auditório. Havia várias cadeiras de
rodas na plataforma e eu estava há três fileiras, à
esquerda.
Um pastor auxiliar estava conduzindo a adoração.
Algo era eletrizante naquela reunião e de alguma
maneira eu sabia que era a minha reunião.
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
32
O pastor auxiliar voltou ao púlpito depois que o
louvor e a adoração haviam acabado e disse, “Agora o
nosso evangelista...” enquanto falava, ele olhou
diretamente para mim. Eu tinha a minha Bíblia aberta
– aliás, estava em Judas 20 e 21, a passagem que mais
tarde iria lançar nosso ministério!
Vós, porém, amados, edificando-vos na
vossa fé santíssima, orando no Espírito
Santo,
Guardai-vos no amor de Deus, esperando
a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo, para a vida eterna.
– Judas 20, 21
Mas, quando comecei a me levantar, o pastor
auxiliar virou-se e apontou para a cortina do palco. Uma
mulher loira surgiu na plataforma. Era óbvio que ela
estava cheia do amor de Deus, e a unção – o poder do
Espírito Santo – fluía dela como mel. Era tão espesso e
doce, que quase podia ser cortado! Eu me afundei na
cadeira desacreditado, pois sabia que aquela deveria
ser a minha reunião.
A mulher pegou o microfone e ministrou a graça de
Deus lindamente. Então, o poder de Deus desceu e todos
se levantaram de suas cadeiras de rodas. O altar ficou
repleto de pessoas confessando Jesus como Salvador e o
culto inteiro foi cheio de poder e unção.
Quando tudo acabou, o resto da multidão
desapareceu; apenas eu e essa mulher estávamos no
auditório. Então ela olhou diretamente para mim e disse,
“Eu não sei porque Deus me deu este tipo de ministério;
algum de vocês homens deve ter falhado”.
33
Saí da visão tremendo, acordei Rosalie e contei tudo
o que havia testemunhado na visão. Decidi que não
poderia mais viver do jeito que eu estava vivendo –
dividido entre o meu chamado para pregar e os meus
profundos sentimentos indignos. Dentro de mim eu
estava sendo fortemente derrotado.
Eu disse à minha mulher, “Eu tenho que atender
ao meu chamado para o ministério – afundar, nadar ou
afogar. Se nós comermos feijão, dormirmos embaixo da
árvore, ou vestirmos as crianças com roupas de saco,
você ainda vai comigo?”.
Rosalie disse que sim. Então, juntos naquela
manhã, ela e eu decidimos ir, não importa o que
acontecesse, nós seguiríamos a Deus. Duas semanas
mais tarde, pedi demissão do meu emprego para dar
tempo integral ao ministério.
O Quarto de Oração
Tendo saído do meu emprego na serraria, eu não
sabia o que fazer com o meu tempo. Então, pensei sobre
a igrejinha que eu e Rosalie tínhamos começado há
apenas alguns meses. (Embora eu houvesse começado
a igreja, eu pedia a um ministro de uma outra cidade
que viesse toda semana para pregar. Naquela época, eu
ainda não tinha coragem para fazê-lo).
Os cultos eram realizados numa construção antiga
de um local para boliche. Eu tinha separado
recentemente um cômodo de 2 x 2 m² com divisórias, o
qual já tinha sido uma cantina, transformando-o, assim,
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
34
em um minúsculo berçário. Decidi que iria usar aquele
quartinho como meu “quarto de oração”. Então, pensei
que, de alguma maneira, se orasse a mesma quantidade
de horas que normalmente trabalhava, Deus iria me
“pagar”, suprindo as nossas necessidades.
Eu não imaginava o quão difícil seria cumprir
minha decisão de orar oito horas por dia. Naquela
primeira manhã, eu entrei no quarto, fechei a porta,
ajoelhei-me e comecei a orar em inglês: “Oh, Deus, agora
eu estou tempo integral no ministério. Oh, Deus,
mantenha nossa despensa cheia. Não permita que
nossos filhos passem fome. Use minha vida, Deus, por
favor, use-me!” (Passei muito tempo implorando a Deus.
Eu era apenas um menino “Santo” que ainda não havia
aprendido quase nada sobre a fé).
Eu orei por tudo o que pude pensar: Por todos os
missionários ao redor do mundo que eu conhecia, e até
mesmo passei um tempo amaldiçoando as baratas no
quarto, ordenando que elas morressem em Nome de
Jesus. Mas apesar de todo o meu esforço, esgotei as
súplicas de oração em apenas quinze minutos.
Então, apenas para sobreviver às longas horas que
viriam pela frente, às quais me comprometi a orar,
comecei a orar em línguas. Eu não comecei a orar em
línguas por saber que era algo bom a fazer, mas a
verdade é que eu nem sabia se era biblicamente correto!
Algumas pessoas “santas” haviam me dito que eu não
poderia orar em línguas quando quisesse, embora tenha
ouvido de outras que eu poderia, sim, usar as línguas
como linguagem de oração.
35
Eu não tinha certeza de qual pensamento estava
certo e tudo o que sabia é que tinha que ficar naquele
quarto porque havia me demitido do meu emprego.
Comecei a orar em línguas naquele primeiro dia,
naquele quarto, apenas para matar as horas.
Finalmente, a sirene da serraria tocou às dez horas.
Era hora do intervalo! Corri até ao café, comi algumas
roscas, e voltei rápido para o meu quarto de oração. Na
minha cabeça, eu tinha que estar em posição para oração
em quinze minutos – na mesma hora em que os
trabalhadores da serraria recomeçavam seus trabalhos.
Continuei orando em línguas. Orei o que pareciam
várias horas, mas ainda nem era meio-dia!
Então, o apito da sirene da serraria me trouxe de
volta à realidade do trabalho diário dos meus amigos e
da escolha radical que eu tinha feito para mim mesmo.
Era o intervalo do almoço para os trabalhadores da
serraria e a escuridão do quarto parecia me fechar.
Os meus antigos amigos de trabalho haviam
passado aquelas últimas quatro horas à luz do Sol,
cortando e acertando as madeiras que seriam
transportadas para o mundo todo. Ao som da sirene,
todos levavam suas marmitas e sentavam nos bancos
para comer, relaxavam e contavam piadas. Eu sabia o
que os homens estavam fazendo, mas eu não estava com
eles. Será que eu realmente acreditava em Deus? Será
que isto realmente funcionaria? Eu tinha de acreditar
que sim.
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
36
Memórias da Busca por Respostas
A minha mente voltou ao culto daquela noite na
igreja Pentecostal onde ouvi, pela primeira vez, com uma
mistura de apreensão e entusiasmo, a revelação do
batismo no Espírito Santo e o dom das línguas que
acompanha essa experiência. Rosalie e eu discutimos o
que havíamos ouvido quando voltávamos para casa,
enquanto nossos três filhinhos dormiam juntos no banco
de trás do nosso Fusca.
Ela havia recebido o batismo do Espírito Santo no
fim de sua adolescência. Eu comecei a imaginar se esta
experiência poderia ser a resposta para minha vida de
frustração e arrependimento contínuo dos pecados dos
quais eu não conseguia me livrar.
Parecia que para muitos cristãos a transformação
ocorria imediatamente após nascerem de novo. Era isto
verdade? E se fosse, por que parecia ser tão difícil a
minha mudança? Poderia uma linguagem de oração,
feita através de mim pelo Espírito Santo, ser a resposta
que eu precisava para ultrapassar aquela linha invisível
e verdadeiramente me tornar um vencedor?
Logo voltei para casa a fim de me juntar à minha
mulher e a meus meninos, após o desagradável fim de
tarde daquela batalha que havia resultado numa falha
espiritual e pessoal.
O olhar de decepção no rosto de Rosalie era o
suficiente para desistir da influência insignificante dos
poucos drinques que eu havia tomado com o pessoal.
Um forte senso de arrependimento surgiu no meu inte37
rior e eu estava pronto para entrar em desespero e
autocompaixão. Rosalie pôs as crianças na cama
enquanto eu estava sentado na cozinha, cabisbaixo de
vergonha e remorso. Então, ela veio até mim e
silenciosamente pegou minhas mãos, como se estivesse
dizendo que estava comigo nesta batalha.
Daquela noite em diante, Rosalie e eu começamos
a orar juntos com mais freqüência, e o meu desejo de
conhecer sobre o batismo no Espírito Santo continuou
a crescer. Freqüentemente, falávamos sobre este dom.
Eu estava muito faminto por realmente conhecer Deus,
muito faminto pelas respostas para minhas inúmeras
perguntas.
Nestas alturas entendi Hebreus 11:6:
De fato, sem fé é impossível agradar a
Deus, porquanto é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam.
Poderia ser esta oração no Espírito uma parte do
que é buscar a Deus?
Quando me ajoelhei naquele quarto orando em
línguas, a resposta para aquela pergunta parecia a mais
importante de todas. Voltei do meu mundo de
lembranças, pensando, O que estou fazendo neste
quartinho, quando pela lógica deveria estar usando as
minhas oito horas na serraria local? Eu estava louco,
ou havia começado uma verdadeira aventura nas
profundas águas de Deus?
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
38
‘Usando Meu Tempo’ Com Deus
As respostas para estas perguntas ainda estavam
no futuro quando comecei neste primeiro dia a orar no
quarto – usando meu tempo com Deus. Minha mente
rodopiava com perguntas, dúvidas e ansiedade
enquanto eu orava no Espírito. Poderia um homem
realmente “ir mais profundamente em Deus”
deliberadamente – simplesmente porque ele quer?
Aquelas horas no quarto eram longas! Eu orava em
línguas, o que parecia uma hora, e então olhava no meu
relógio: “Oh, não, só se passaram cinco minutos!”. Então,
começava a orar de novo.
Nos meses seguintes eu me vi obediente ao meu
quarto, assim como antes tinha que obedecer ao meu
emprego na serraria. Quando a sirene sinalizava o
começo do trabalho diário, eu estava sempre em posição,
ajoelhado, pronto para orar.
Todos os dias as horas pareciam se arrastar, mas eu
continuava firme. Eu decorei cada descoloração do
carpete e da parede. Familiarizei-me tão bem com
aquele quarto de oração, que, até hoje, posso pegar um
lápis e papel e desenhar cada detalhe, minuciosamente.
Eu me sentia como em uma prisão.
Do meu quarto podia sentir o cheiro da madeira
queimando, quando os serrotes cortavam as altas
árvores. Podia imaginar meus amigos enterrando suas
colheres nos caldeirões cheios de comida até a boca ou
bebericando suas xícaras de café bem quente.
39
Eu estava particularmente tendo um dia
“daqueles”. Por que saí do meu emprego para fazer isso?
O que esta suposta linguagem sobrenatural fez por mim
até agora?
O meu homem espiritual se manifestou e disse a
Palavra para as minhas emoções inconstantes: “Deus é
um galardoador daqueles que o buscam diligentemente”
(Hb. 11:6). Então, na minha mente passaram contínuas
imagens das minhas falhas aparentemente sem fim. Eu
me achei engasgado com as emoções que aquelas
lembranças me trouxeram. “Oh Deus”, eu clamei, “que
esta palavra seja verdadeira!” Gradualmente a paz
começou a acalmar minha mente turbulenta.
Deus não havia me dito para desistir do meu
emprego e orar no Espírito por oito horas todos os dias.
Foi uma decisão que eu tomei em um momento de
desespero. Eu queria mais de Deus, mas não estava certo
de como conseguir.
Por ler a Palavra, aprendi que a minha linguagem
de oração me foi dada para a minha edificação e que eu
podia orar mistérios, mas eu não havia tido o
entendimento do que realmente aquelas verdades
queriam dizer. Mesmo assim, estava determinado que,
se fosse possível edificar-me por orar em línguas até que
a minha mente fosse capaz de receber mistérios divinos,
era isto o que iria fazer.
Uma Pausa Bem Vinda
Então, continuei orando, hora após lenta hora, dia
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
40
após longo dia. Aproximadamente dois meses se
passaram de modo muito devagar. Então, uma mulher
que eu havia conhecido no estudo Carismático da
Bíblia, soube a respeito do que eu estava fazendo. Ela
veio para a igreja um dia e bateu na porta do meu
quarto.
“Irmão Roberson”, ela me chamou, “Soube que você
tem orado todas estas horas e dias”.
“Sim, senhora”.
“Eu quero saber”, ela disse, “você pode ver qualquer
diferença?”.
“Como assim? Diferença no meu andar com Deus
ou o quê?” perguntei.
“Não, só quero saber se você pode ver alguma
diferença”.
“Na realidade, eu posso”, respondi.
“Você se importaria em compartilhar comigo?”.
“De maneira alguma”, eu disse, “minha língua está
cansada, minha garganta está seca e o meu queixo
doendo”.
Ela replicou nervosa, “Com licença, tenho que ir”.
E este foi o fim daquela conversa!
Outro mês se passou vagarosamente. Já fazia três
meses que eu estava trancado orando e aquela mesma
41
mulher voltou e bateu na porta do quarto.
“Irmão Roberson”, ela disse, “você conhece a igreja
que eu freqüento”.
“Sim, senhora, conheço”, falei.
“Você sabe que eles não acreditam em oração em
línguas”.
“Sim, eu sei disto”.
“Bem, haverá neste fim de semana, um encontro
na minha igreja, com testemunhos, no qual pessoas de
vários estados se reunirão para contar as boas obras que
Deus fez por elas. Você gostaria de vir?”.
Eu pensei, Pode ter certeza que estarei lá! Eu usaria
qualquer desculpa para sair deste quarto! Eu disse a
ela, “Nos vemos lá!”.
Corri para casa, troquei de roupa e fui rapidamente
para a casa onde as pessoas estavam fazendo um estudo
matutino da Bíblia. Cheguei atrasado para o encontro,
por isso, eu não sabia que a senhora sentada ao meu
lado tinha entrado usando uma bengala, que havia sido
posta em um canto por alguém. Eu não tinha idéia de
que a mulher era manca de uma perna.
Sentei-me lá, esperando que o pregador começasse
a sua mensagem. Eu estava muito entusiasmado, pois
já fazia três meses que eu estava trancado no meu quarto
de oração. Agora eu não só estava com outras pessoas,
mas também iria ouvir uma mensagem ao vivo,
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
42
ensinada por uma pessoa de verdade! Mal podia esperar.
Finalmente, o homem se levantou para falar,
segurando uma enorme pilha de anotações (se suas
anotações estivessem num rolo, poderiam se desenrolar
até o fundo da casa!). Não demorou muito para ele pôr
um novo significado para não ser cheio com o Espírito
Santo.
Com uma linguagem rebuscada e uma voz
antipática e monótona, o homem discursou sobre “Jesus,
o Mensageiro Celestial”, “as águas turbulentas da
humanidade” e o “D-E-U-S Onipotente”. Sentado na
minha cadeira, pensava, O que estou fazendo aqui? Isso
é horrível! Preferiria voltar para o meu quarto de oração!
Deus Aparece Inesperadamente
Minha mente divagou várias vezes durante aquele
encontro. Eu não sabia o que fazer comigo mesmo e,
para me entreter, comecei a chacoalhar minha xícara
de café para ver os anéis que se faziam em ondas até o
canto da xícara.
Em meio a muito tédio, olhei para a senhora sentada
ao meu lado. Não tinha idéia de que qualquer coisa
estava para acontecer. Não senti nenhuma unção. Não
senti nada! Mas quando olhei para essa mulher, de
repente vi suspender-se entre mim e ela o que parecia
ser um raio X da cavidade do quadril de alguém. A
cavidade tinha uma substância escura em volta da
cabeça do fêmur, estendendo-se de oito a nove
centímetros para baixo, na perna.
43
Quase derrubei minha xícara em espanto! Pisquei,
mas a figura do raio X permanecia diante dos meus
olhos. Olhei ao redor para ver se alguém mais podia ver
o que eu estava vendo. Aparentemente, ninguém podia.
Enquanto eu estava sentado lá, olhando aquele raio
X, comecei a orar, oh, Deus, oh, Deus – o que é isto? Você
quer que eu ore para esta mulher? O que você quer que
eu faça? Deus permaneceu completamente quieto.
(Mais tarde, quando estava compartilhando este
testemunho num culto, o Senhor falou para o meu
espírito, dizendo, “Filho, você quer saber o porquê de eu
não ter falado com você naquela hora – por que Eu deixei
você ir adiante e atrapalhar aquele culto? Se Eu não
estava ouvindo aquele homem ensinar, por que deveria
fazer você ouvir?” Aquilo já foi uma revelação!).
Então me inclinei sobre aquela senhora, e disse, “A
senhora tem um problema no seu quadril!”. Ela virou e
me analisou por bastante tempo.
De repente a palavra “artrite” simplesmente
escapou do meu espírito. Sem pensar, eu disse, “É artrite
no seu quadril, do lado direito!”.
Ela me analisou por mais um momento e então
disse, “É o que o médico me disse, meu jovem”.
Exclamei, “Glória a Deus!”.
“O quê?”, ela disse espantada.
“Bem, quero dizer, Deus quer curá-la. Posso orar pela
senhora?”.
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
44
Aquela senhora simplesmente continuou me
analisando. Agora, lembre-se de que esta igreja não
acreditava na oração em línguas. Então, para aquela
mulher, meu pedido queria dizer que em algum
momento durante o meu dia eu iria abaixar a minha
cabeça e lembrar dela em oração.
Mas isso não era o que a oração significava para
mim. Eu era um Pentecostal que pulava no banco,
saltava da cadeira e berrava! Acreditava que, quanto
mais eu berrasse, mais poder eu geraria!
Finalmente, aquela senhora respondeu, “Sim, você
pode orar por mim”. Assim que ela disse aquilo, saltei
da minha cadeira, ajoelhei-me em sua frente, segurei
os dois tornozelos e os puxei em minha direção.
(Enquanto isso, aquele orador eloqüente ainda estava
“discursando”!) Então, olhei para os pés dela e pensei,
Xiii! Uma perna era quinze centímetros mais curta que
a outra!
Meu Deus, isso é horrível! Eu nunca vi o tipo de
milagre que esta mulher precisa! Eu estava com tanto
medo de olhar, que fechei meus olhos, gritei, “em Nome
de Jesus...!” e comecei a orar a mais poderosa, árdua e
mais Santa oração que pude pensar.
Testemunhas daquela cena me contaram que,
depois daquela extraordinária primeira vez que
mencionei aquele Nome poderoso, a perna menor
daquela mulher estalou e mexeu; ela repentinamente
cresceu até se igualar à outra perna!
A mulher foi instantaneamente curada – mas eu
45
não sabia disto! Meus olhos ainda estavam fechados e
eu ainda estava orando a minha mais poderosa oração.
Quase arranquei aquela senhora de sua cadeira,
derrubando-a no chão, caso as pessoas ao redor não me
tivessem feito soltar seus tornozelos!
Mas Deus não precisava da minha ajuda. Ele fez
aquela perna crescer sem que eu me desse conta!
Quando eu finalmente abri meus olhos e vi o milagre,
estava tão chocado quanto todos ao me redor!
Quando comecei a orar por aquela mulher, o homem
que estava falando pediu ao seu auxiliar,
silenciosamente, “Vá pegar aquele cara e dê um jeito
nele!”. (Eu na verdade não o culpo; eu estava destruindo
seu culto com minha oração, aos berros!).
O auxiliar se dirigiu àquela confusão e, de acordo
com os que testemunharam a cena, ele chegou a tempo
de ver o milagre. Ele estava prestes a me expulsar dali
quando viu a perna da mulher crescer quinze
centímetros.
Então, ao invés de interromper a confusão, este
homem ficou emudecido de admiração. Ele nunca tinha
visto um milagre antes. Ele nem ao menos falava em
línguas! Em termos sobrenaturais este homem não
acreditava em absolutamente nada. Ao ver aquele
milagre, ele ficou sem palavras. Veja como o tempo de
Deus é perfeito!
Então, o orador, com sua linguagem rebuscada,
terminou sua mensagem com a pergunta, “Qual foi o
acontecimento mais maravilhoso que pôde ser atribuído
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
46
como algo vindo de Deus em sua vida?”. Enquanto todos
estavam imaginando o que aquilo significava, o auxiliar
respondeu a questão do homem apontando para a
senhora que havia sido curada e, afobado, disse, “Aqui!”
A cura desta senhora foi, com certeza, o acontecimento
mais maravilhoso que ele já havia visto!
Após este culto, o pregador veio até aquela senhora
e tentou dizer-lhe, “Senhora, Deus não faz milagres
nestes tempos de hoje”.
Mas aquela senhora replicou, “Você quer apostar,
filhinho? Você quer apostar?”. Então ela agarrou sua
muleta e começou a andar ao redor da sala. Ela
balançava a muleta para frente e para trás para impedir
que alguém chegasse mais perto dela, enquanto
mostrava a eles o quão bem o seu quadril curado estava
funcionando.
Quando o culto acabou, toda a congregação
participou de um banquete especial na igreja. Por
alguma razão, eles não me convidaram (eu imagino o
porquê!). Mas Deus não precisava que eu fosse
convidado para que Seus propósitos fossem cumpridos
– entretanto, aquela senhora foi convidada!
Antes que as pessoas encarregadas pudessem fazer
alguma coisa, aquela senhora pulou e deu o seu
testemunho no banquete. Depois de terminar, ela gritou,
“E o que Deus fez por mim, Ele fará por vocês!”. O lugar
foi à loucura com tal entusiasmo.
Mais tarde, uma mulher que estava participando
do banquete procurou por aquela senhora. Esta mulher
47
havia sofrido um acidente de carro e agora não podia
abaixar-se. “Você acha que Deus poderia me curar?”, ela
perguntou.
A senhora replicou, “Acho que sim. Vamos chamar
aquele homem que orou por mim”. Naquele momento
eu já tinha ido para casa, trocado de roupa e estava
ocupado trabalhando no quintal. O telefone tocou; era
a senhora que havia acabado de receber o milagre. Ela
me explicou a respeito da condição da outra mulher e
me perguntou se elas poderiam vir até a minha casa
para que eu orasse por ela.
Eu iria dizer, “Você pode trazê-la e a qualquer outra
pessoa que você quiser!” (Eu ainda estava perdido no
Espírito Santo.) Mas então o Espírito Santo falou no meu
espírito, bem alto: “Vá até o auditório principal da
igreja”. E eu disse à mulher: “Encontro você e sua amiga
na igreja”.
Houve um silêncio do outro lado da linha. Depois
de um tempo, eu ouvi as duas mulheres cochichando e
a senhora me disse, “Tudo bem, nós o encontraremos
na frente da igreja”.
Quando eu cheguei na igreja, as duas mulheres
vieram ao meu encontro e tentaram me levar para um
quarto no porão da igreja, longe de todo mundo. Mas eu
continuei falando o que o Espírito Santo estava dizendo
no meu espírito: “O auditório principal. Nós temos que
ir ao auditório principal”.
Finalmente, aquelas senhoras concordaram e me
levaram ao auditório principal, onde as pessoas ainda
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
48
estavam reunidas em círculos, confraternizando-se.
Eu fiquei lá, olhando para aquelas pessoas. Eu não
sabia o que fazer. Eu só estava lá porque estava
obedecendo ao Espírito Santo. O auxiliar que havia
testemunhado o milagre disse, “Bem, eu acho que este
homem quer dizer alguma coisa”.
Eu pensei, eu quero? Eu nunca havia pregado antes
e estava com medo. Todos olhavam para mim com
cordialidade. Timidamente, eu comecei a dar o
testemunho daquela senhora. De repente, o Espírito
Santo veio sobre mim e eu estava envolvido na
maravilhosa, poderosa Presença de Deus. O dom da fé
veio sobre mim (embora, naquela época, eu não
entendesse isso) e me ouvi dizendo coisas que eram
muito boas, sabia que não podia ser eu pregando; não
era tão esperto. Eu queria sair do meu corpo e fazer
anotações!
Então, enquanto o dom da fé ainda estava em
operação, eu olhei para um jovem. Quando eu estava
indo até ele, a região do seu ombro se tornou
transparente como um raio X e no Espírito eu vi a junta
do ombro e o problema que havia lá. O jovem só podia
levantar um pouco o braço.
Eu disse a ele, “O seu ombro será curado!”. Quanto
mais eu me aproximava, mais horrorizado ele ficava.
Seus olhos ficaram arregalados e ele foi indo para trás o
quanto pode. Mas não adiantou – eu corri até ele e o
agarrei pelo pulso. Eu disse, “Em Nome de Jesus!” e
alinhei seu braço, puxando-o para cima.
49
O jovem berrou enquanto o seu braço se levantava
– depois olhou para mim com admiração e disse, “Não
doeu!”.
“Você pode apostar que não doeu!”, eu respondi.
Veja, o dom da fé estava sobre mim. Eu tinha a mente
de Deus. Eu estava agindo com a fé de Deus, que havia
deslocado aquele ombro congelado.
Mais tarde, naquela noite, quando o dom da fé não
estava mais em operação, eu deitei na cama, pensando,
Roberson, você é tão idiota! E se você tivesse quebrado o
braço daquele homem? Eu não sabia, naquela época, que
quando o dom da fé está em operação, uma pessoa pensa
como Deus pensa e ela pode fazer coisas que
simplesmente não fazem sentido no âmbito natural.
Então, a mulher que não podia abaixar as costas
correu até mim. Aquela mesma fé sobrenatural ainda
estava sobre mim. Eu pus a mão na sua nuca e abaixeia
até que ela pudesse tocar os dedos dos pés. Ela foi
instantaneamente curada pelo poder de Deus.
Os milagres continuaram. Finalmente os anciãos
vieram de todos os cantos da igreja e disseram, “Nós
vamos acabar com isto! Este homem está causando
confusão. Nós não vamos aceitar isto!”.
Mas antes que eles pudessem fazer alguma coisa,
eu gritei, “Alguém quer o que eu tenho?”. Imediatamente
todos os jovens correram até mim e eu comecei a orar
por eles. Eles todos começaram a ser cheios com o
Espírito Santo, começaram a falar em línguas e cair no
poder de Deus. Os adultos não sabiam o que estava
Minha Jornada Pessoal Através da Revelação
O Andar no Espírito – O Andar no Poder
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acontecendo! Eles foram atrás dos jovens para checar
seus pulsos, perguntando-lhes, “Vocês estão bem?” (A
maioria destes jovens ainda está servindo a Deus hoje;
alguns se formaram na Escola Bíblica).
Pessoas estavam orando em línguas por todo o
auditório e os anciãos estavam furiosos. Enquanto eles
tentavam ter tudo sob controle, eu saí discretamente
por uma portinha ao lado. Eu estava tão perdido no
Espírito, que nem sabia onde estava. Eu mal podia
andar. Cambaleei pela calçada até que encontrei um
pilar de ferro que sustentava a igreja. Encostei-me nele
e chorei como um bebê.
Deus havia acabado de me usar! Pelos meus
princípios a minha mente não podia compreender o fato
de que o Deus do universo – Aquele que todas as pessoas
ultra-Santas tinham me dito que sentenciava com tanta
punição – poderia ocupar o mesmo lugar comigo e
operar um milagre através de mim.
Eu não posso explicar como me senti. Veja, eu
conhecia as minhas falhas, conhecia o meu eu
verdadeiro. Pensar que Deus estava operando comigo e
através de mim para estabelecer Seu Reino aqui na
Terra era mais do que eu podia compreender.
Por que Ele usaria alguém como eu? Durante todos
os anos depois de nascer de novo e ser cheio do Espírito
Santo, eu sempre soube que tinha um chamado de Deus
para a minha vida. E sempre tive muita fome de
conhecê-Lo pelo Seu poder. Mas ninguém podia me dizer
como andar no poder de Deus propositalmente –
ninguém! Eles apenas podiam me dar uma idéia geral
51

domingo, 25 de setembro de 2011

BATALHA ESPIRITUAL....


Ensinamento:                   BATALHA ESPIRITUAL
Amado(a) Irmão(a) 
"(...) tomai toda a armadura (...) cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da
justiça" (Ef .6:14).
   
Como todo guerreiro que desejava proteger-se contra ataques inimigos, o soldado romano
usava sua armadura durantes as batalhas enfrentadas. Paulo usa essa figura para ilustrar a
preparação do soldado de Cristo, no combate contra as trevas.
Firmando toda a Armadura sobre o compromisso de viver na Verdade, os soldados de Cristo,
no combate diário, devemos assumir a postura de quem está decidido a FALAR sempre a
verdade, VIVENDO nela e PRATICANDO-a em toda extensão que o Espírito de Deus nos levar
a conhecer através daqueles momentos a sós com Ele, em Oração e Meditação. Se não
houver compromisso e envolvimento pessoal diário com essa parte da Armadura, então,
perderemos todo o restante dos benefícios que a vida em Deus poderia dar-nos. Isso porque
as outras partes, como Couraça e  Espada dependem do Cinturão - o da Verdade - pois essas
duas outras peças apóiam-se nele!  E assim como não basta ao soldado cingir-se com o
cinturão, mas não usar nem a espada para atacar o inimigo, nem a couraça para defender-se
dos ataques que serão desfechados contra ele - nesta região tão vital do corpo humano onde
se encontra o coração, o qual não pode sofrer a mínima lesão, pois isso seria fatal – de igual
modo, também para nós, soldados espirituais que somos, o uso de um único elemento da
Armadura  garantiria, certamente, apenas a derrota, a perda. Em termos práticos, se não
assumirmos o compromisso de viver a Verdade a respeito daquilo que recebemos da parte de
Deus e que procuramos confessar, seguido por um envolvimento prático com tudo o que diz
respeito à nossa Fé, podemos perder os benefícios práticos da JUSTIÇA, ilustrada por Paulo
como sendo a Couraça, e da PALAVRA DE DEUS - espada, sapatos, escudo etc.
 
Tais armas estarão agindo de forma que, ora nos defenderão, ora nos darão condições de
também desfechar ataques contra o inimigo.  Para que tenhamos coragem e ousadia no uso de
todas elas, é necessário compreendermos o valor da dádiva de Deus que é Sua JUSTIÇA, a
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qual nos protege em Cristo Jesus.
Com base na morte e ressurreição de Cristo dois mil anos atrás, recebemos a Justificação, ou
seja, somos declarados justos – correta e espiritualmente posicionados na Redenção, tanto
diante de Deus quanto diante do Príncipe das trevas. Perante Deus - uma vez que recebemos
a Cristo como Senhor e Salvador pessoal - somos filhos, e podemos erguer nossas mãos em
louvor e adoração a Ele como nosso Pai, por causa do que Jesus realizou, redimindo-nos de
todo pecado e também do sentimento de culpa - conseqüência do mesmo; e por termos aceito
isso como um fato suficiente da parte de Deus para nossa isenção dos pecados, precisamos
entender que tudo mudou em relação a todas as circunstâncias adversas que nos rodeiam.
Louvado seja Deus por isto! Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis
diante dele (...) e nos predestinou para filhos de adoção por Cristo Jesus (...) para louvor da
glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si mesmo no Amado (Ef 1:3-6). A
compreensão daquilo que possuímos nesse Senhor, em termos da Justificação, é uma arma
poderosíssima, pois nos livra, na prática, das insistentes acusações do inimigo. É a Justiça de
Deus em Cristo que nos coloca na gloriosa condição do Senhor Jesus aqui na Terra - assunto
que precisaremos aprender muito bem para poder desfrutarmos daquilo que somos, e daquilo
que possuímos através do nosso Redentor. E isto é tão maravilhoso!
Vejamos ainda o que diz a Palavra de Deus: "Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu (...) Agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm. 8:33,34,1). Em
termos bem práticos, a peça da Armadura denominada Couraça da Justiça protege-nos da
acusação do inimigo, e livra-nos da religiosidade, firmando-nos na Verdade sobre nossa
correta identidade, pois, "Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para
que nele fôssemos feitos a justiça de Deus" (II Co 5:21). Quando recebemos a Jesus como
Senhor e Salvador, nossa Posição Espiritual muda, e daquele momento em diante, somos
vistos nEle! E é justamente da compreensão dessa posição que temos em Cristo que o inimigo
procura afastar-nos.  Por isso, quando sua acusação não funciona, ele vem através de engano
e mentira, desfechando ataques, procurando persuadir-nos de que a Graça de Deus não é
assim tão favorável tão disponível... tão maravilhosamente graciosa!
E, acredite-me, o inimigo tem alcançado muito sucesso nesse tipo de operação, pois alguns
círculos evangélicos, Igrejas e Denominações baseiam seu relacionamento com Deus naquilo
que fazem – as obras; tais como aquilo que vestem, comem, mantêm nos cabelos
(comprimento) etc. A Justiça de Deus para nós é um Dom - uma dádiva que recebemos devido
àquilo que o Remidor fez por nós: "(...) os que recebem a abundância da graça e o DOM DA
JUSTIÇA reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo" (Rm 5:17). O que somos
- Justiça de Deus em Seu Filho - é também algo que nunca poderemos melhorar, ou seja,
nunca nos tornaremos mais justos do que éramos no momento em que recebemos Cristo como
nosso Eterno Salvador. É verdade que após alguns anos do nosso novo nascimento, tal fato
fica cada vez mais claro, e podemos até pensar que nossa Posição Espiritual melhorou diante
de Deus - mas não é verdade. Essa impressão ocorre devido ao resultado de – após
meditarmos continuamente sobre o referido assunto na Palavra de Deus – irmos conseguindo
ver tudo cada vez com mais nitidez, o que nos era impossível, como cristãos recém-nascidos.
Este acontecimento – de sermos Justiça de Deus em Cristo - é algo que nunca poderemos
melhorar, por se tratar de uma dádiva que somente Deus poderia conceder-nos, ao invés de
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podermos conquistá-la, e só havia Um Homem em todo o Universo capaz de oferecê-la aos
pecadores: Aquele cuja vida sempre foi isenta de qualquer mancha e pecado – O então
Unigênito! Essa posição espiritual recebemos por causa da Graça de Deus, pois nada fizemos
– nem poderíamos - para merecê-la. Tudo que temos de fazer é aprender o que significa o
grandioso fato de sermos Justiça de Deus em Cristo - que é possuirmos a mesma condição
que o Senhor Jesus possuiu para agir na Terra. Para compreendermos melhor o assunto,
imaginemos uma pessoa que – embora tenha nascido num lar cujos pais eram milionários - foi
vendida como escrava, e assim viveu por muitos e muitos anos, na pobreza! Um dia, porém,
alguém lhe conta sobre sua verdadeira identidade, sua verdadeira origem, e ela acredita que
tudo que dizem a seu respeito é verdadeiro! Então, inicia-se um processo para que ela venha
experimentar na prática, sua verdadeira herança. É claro que ela poderá demorar um pouco
para acostumar-se com a idéia, pois que vivera durante tantos anos sob o domínio da pobreza
e da miséria, mas acabará - se assim quiser - desfrutando de sua herança, uma vez que a
verdade sobre ela não é a de ser uma escrava, mas, herdeira de um império financeiro! O
conhecimento desse fato mudará por completo sua forma de encarar a vida, e também os
problemas da mesma. Assim é com respeito à condição que temos em Cristo Jesus! No
entanto, precisamos passar tempo meditando e estudando o assunto até que a grandeza
dessa Verdade faça parte de nossa consciência interior.
No começo poderemos achar estranho um fato tão grandiosamente elevado, mesmo
inconcebível até então;  e o diabo trabalhará intensamente para impedir-nos de desfrutar do
que é nosso. Mas, creia-me - pois estou falando com base nas vitórias a que tenho chegado
por oferecer-me em sacrifício ao Espírito Santo, principalmente na prática da Oração em
Línguas por horas seguidas: nós venceremos também essa fase da estranheza - se formos
persistentes. E acabaremos experimentando NA PRÁTICA, sim, NO NOSSO DIA-A-DIA, essa
gloriosa Posição a que todo filho tem direito: herdeiro de Deus e co-herdeiro de Jesus. Aleluia!!!
O apóstolo Paulo chama nossa atenção para o fato de que, para nós, a Justiça é como a
Couraça para o soldado, e pensando sobre a tal peça da vestimenta do soldado romano,
verifiquei que na região protegida pela couraça está um órgão muito importante para a vida: o
coração. A compreensão do que somos e do que possuímos em Cristo Jesus é de tamanha
importância, que ignorar essa Verdade será o mesmo que se expor fatalmente aos ataques do
inimigo. É como se não pudéssemos defendermo-nos, ficando totalmente vulneráveis a seus
dardos inflamados de acusação - os quais ele lança persistentemente contra nós. Lembro-me
de como o inimigo alcançou vantagem tantas vezes sobre mim, no passado, quando eu
ignorava meus direitos conquistados pelo Senhor Jesus Cristo. Quando me cansava de viver
na derrota - desanimado por causa das circunstâncias e tempestades que o diabo levantava
contra mim - procurava animar-me um pouco, com a Palavra de Deus. E só hoje percebo o
quanto esse opositor procurou manter-me longe desse entendimento; desta arma poderosa
que é conhecer nosso verdadeiro posicionamento em Cristo Jesus! Eu me via como alguém
que está afogando-se no meio do oceano, quase a sucumbir, fazendo tentativas de salvar-se,
porém, sentia como se alguém me puxasse para baixo, para que eu não respirasse. O diabo
estremece só em pensar que podemos operar na plenitude da compreensão de nosso Lugar
de Autoridade em Jesus, pois quando descobrimos a grandiosa Verdade sobre quem somos
por encontrarmo-nos nEle, inevitavelmente tudo muda na nossa história! Dessa forma o inimigo
se lançava sobre mim com tantas acusações que eu me via muitas vezes atordoado e tão
deprimido que não percebia qualquer perspectiva de vitória, sentindo-me horrível por dentro,
com aquele gosto amargo da derrota! Porém, quando descobri que tenho a mesma condição
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que o Primogênito teve diante do Pai, e também diante das Trevas, tudo mudou pra mim!
Lembro-me de como Deus começou ensinar-me sobre a Justiça. Certa noite, a Unção - a
Presença de Deus - era tão forte sobre mim que não conseguia dormir. Então, o Espírito
disse-me para levantar, pois Ele queria falar comigo. Eu obedeci. Assim, Ele me levou para
este conhecido texto, onde Jesus diz: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou
como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (Jo 14:27). Naquela
madrugada surpreendi-me com a revelação dessa passagem das Escrituras que eu supunha
conhecer tão bem.
Jesus me perguntou se eu sabia que Paz era aquela a que o versículo se referia: "a MINHA
PAZ vos dou". E Ele me disse: - "A minha paz é aquela na qual eu vivi".
Eu lhe perguntei que paz era aquela na qual Ele vivera enquanto esteve aqui na Terra. Sabe
para onde Ele me levou? Para uma experiência que nos faria ter os batimentos cardíacos
aumentados, as mãos úmidas, etc. – para não falarmos claramente do desespero. "Ora,
levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo
que o mesmo já estava a encher-se de água" (Mc 4:37).
Entretanto, Ele – o Príncipe da Paz – "(...) estava na popa DORMINDO sobre o travesseiro (...)"
(Mc 4:38). A paz que nos permite viver na vitória apesar das circunstâncias, é exatamente a
mesma que fazia com que Jesus descansasse em meio àquela tempestade – quer creiamos,
quer não! Porém, já que essa é a Verdade, e dessa possibilidade necessitamos tanto, é melhor
crermos - ainda que perplexos com tal possibilidade, fiquemos! Quando Jesus disse "Minha
paz", Ele tratava da paz que não é determinada pelas circunstâncias - pois essa, falsa, o
mundo tem que é a paz existente enquanto não surge qualquer doença, desemprego ou
conflito em nossa família etc. Então, lembremo-nos de que ao dizer "não como o mundo a dá",
Ele referia-Se à falsa paz, pois a que Ele nos deu – Verdadeira - é uma arma tão poderosa que
nos permite levantar em meio às ondas tumultuadas da vida e mudar por completo a situação,
tendo os pés protegidos com as Boas Novas de tão fortalecedora Paz! No uso da Armadura, o
soldado deveria proteger-se com aqueles calçados especiais, de posse dos quais estaria
pronto para qualquer combate ou ataque repentino do inimigo! Da mesma forma acontece
conosco, pois a Justiça comprou-nos o direito de calçar os Sapatos do Evangelho da Paz, isto
é, de vivermos firmados na arma agressiva de Deus: a Sua Paz. E da mesma maneira que o
Senhor Jesus levantou-Se em meio àquela tempestade e "(...) repreendeu o vento e disse ao
mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança" (v 39), assim
também nós podemos desenvolver esse tipo de virtude, enfrentando e vencendo - com a Paz
que Ele nos deu - todas as circunstâncias adversas, exatamente como Ele fez com aquela
tempestade. A Paz de Deus é apenas parte de nossos direitos, os quais foram conquistados na
cruz sob ferrenha batalha! Poderíamos dizer com respeito ao medo, o mesmo que está escrito
com relação ao pecado: Aquele que não conheceu tormento e medo, Ele O fez tormento e
medo por nós, para que nEle fôssemos feitos Justiça de Deus. O mesmo poderíamos dizer em
relação ao dinheiro, tomando como referência o conhecimento da "(...) graça de nosso Senhor
Jesus Cristo, que, sendo rico por amor de (nós), se fez pobre, para que pela sua pobreza, (nos
tornássemos) ricos" (II Co 8:9). E, buscando meditar nas Verdades que vêm sendo ditas pelo
mesmo apóstolo - na mesma Carta aos Coríntios, acerca do nosso Remidor, por vários
capítulos seguidos - podemos parafrasear: Aquele que não conheceu pobreza, Deus O fez
pobreza por nós, para que nEle fôssemos feitos Justiça de Deus.  E você pode fazer o mesmo
com relação à saúde, substituindo a palavra pecado por doença, em II Co5:21, lendo-o em
conexão com Isaías 53:4, tendo em cada referência, a mesma Verdade. E assim é com
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respeito a qualquer aspecto de nosso viver. Em relação ao nosso espírito, à nossa alma e ao
nosso corpo, sobre situações de passado, presente e futuro, diante de Deus, dos santos anjos,
dos demônios, de pessoas nos Céus, na Terra e no Inferno, somos Justiça (retidão; possuímos
o padrão dEle) de Deus em Cristo Jesus. Glória a Deus! Há dois acontecimentos registrados
na Bíblia para os quais quero chamar a sua atenção.  Os dois estão registrados no livro dos
Atos dos Apóstolos:
No capítulo 12 temos o registro da execução de Tiago - o qual se encontrava aprisionado
juntamente com Pedro. O texto diz que esse "(...) dormia entre os dois soldados, acorrentado
com duas cadeias, e sentinelas à porta guardavam o cárcere" (v.6). Nem parece o mesmo
Pedro medroso, gritando de pavor na tempestade do mar da Galiléia! A diferença é que lá no
barco, na tempestade, ele era dominado pelo medo; então, as circunstâncias eram o meio que
o diabo usava para mantê-lo na incredulidade. No entanto, no episódio citado acima -
provavelmente 10 anos após o medo do afogamento -, vemos um Pedro vivendo em tamanha
paz que podia descansar em meio às ameaças de morte! Quanto crescimento na aceitação da
Paz deixada e doada pelo Mestre! Ele entendeu que agora era diferente! Estava dominado pela
compreensão de que ele era Justiça de Deus em Cristo Jesus!
Ninguém - a não ser que esteja dominado por essa compreensão sobrenatural - consegue
dormir sabendo que será executado no dia seguinte! Porém, era isso que Pedro estava
fazendo: a exemplo de seu Mestre e Senhor no Mar da Galiléia, ele – aluno já aprovado -,
descansava, quando "(...) sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a prisão; e,
tocando ele o lado de Pedro, o despertou (o que significa que estava dormindo), dizendo:
Levanta-te depressa. Então as cadeias caíram-lhe das mãos" (At 12:7). Quanta diferença do
Pedro que havia negado ao próprio Jesus! Se as circunstâncias desse apóstolo mudaram, as
nossas também poderão mudar! Se tudo ficou diferente para ele, também pode ficar para nós,
pois dependemos do mesmo Cristo; somos auxiliados pelo mesmo Espírito Santo! Pedro –
deixando-se envolver pela compreensão da Justiça divina - aprendera a andar na condição que
Jesus lhe dera: a de dormir em meio às circunstâncias adversas, conforme já vimos em Marcos
4:38. Assim como o Mestre, o discípulo aprovado não se desgastou; não ficou temeroso
esfregando as mãos, procurando uma saída para o seu problema; não contratou um advogado
para livrá-lo da prisão. Não! Ele simplesmente des-can-sou.
E por causa de sua firmeza na Paz que para nós Jesus conquistara, o anjo veio e mudou toda
aquela situação, livrando-o da prisão. O outro acontecimento ao qual estamos chamando a
atenção é o de Paulo e Silas, também  presos - depois de serem açoitados. Ao invés de
estarem reclamando da vida - como muitos de nós certamente faríamos - eles cantavam
louvores a Deus (At 16:18-26). Por que será que encontraram espaço dentro de si mesmos
para o louvor a Deus – apesar do grande desconforto que é a dor física? Simplesmente porque
descansavam na Verdade, como quem sabe o que lhe pertence em Cristo Jesus! Assim, a sua
força interior impediu que aqueles açoites determinassem como deveriam reagir! Em meio à
Paz que ambos viviam - expressada pelo descanso manifesto através daquele louvor - Deus
sacudiu os alicerces do cárcere, promovendo um Avivamento naquele local, levando à
salvação o próprio carcereiro juntamente com toda a sua família.
Louvado seja Deus! Não vemos muitos cristãos andando nesse tipo de Fé, hoje em dia.
Entretanto, Deus está restaurando-nos a Visão Espiritual, trazendo-nos de volta à Sua Palavra,
de modo que Sua Igreja firmar-se-á outra vez naquilo que lhe pertence.
Estou certo de que andaremos nesse tipo de Poder em breves dias. Enquanto isso, cresçamos
nessa Paz sobrenatural!
 BATALHA ESPIRITUAL:
CRISTIANO EQUIDORNE - Um Servidor do Reino de Cristo





INTRODUÇÃO 

Há pelo menos dez anos atrás, vivia-se a era da incredulidade. Naquela época, tudo o que concernia ao metafísico, ao transcendente, ao espiritual, era rechaçado. O “bonito” era ser cético quanto ao mundo religioso. Aliás, esta era a “religião” da maioria. O precursor deste mundo incrédulo foi o marxismo que influenciou todas as áreas da sociedade e, por incrível que pareça, também à religião.

No entanto, em nossos dias, com a virada do milênio, percebe-se uma volta à espiritualização- muito semelhante à era medieval. É tão notória esta mudança de cosmovisão que é possível ver-se cientistas - outrora, a categoria que levava a bandeira do ceticismo- com seus amuletos da sorte, pirâmides na cintura ou em baixo da cama para atrair “bons fluídos”, etc.

Como foi no período do ceticismo, esta nova filosofia de vida, também têm influenciado a muitas áreas da sociedade, inclusive à religião. E nesta categoria, encontram-se os evangélicos. 

No mundo evangélico, nunca se viu tanta ventilação de novas doutrinas como se tem visto em nossos dias. Entre as novas doutrinas, encontra-se o Movimento de Batalha Espiritual. Este, oferece uma nova cosmovisão sobre a esfera espiritual, especialmente sobre os demônios, e como enfrentar este mundo de espíritos.

Creio que o Movimento de Batalha Espiritual é uma antítese da cosmovisão, principalmente norte americana, de que o diabo não existe. Porém, como antítese, tem-se exacerbado em várias áreas, em seu afã por demônios, e, por isso, deixado a desejar em muitas doutrinas bíblicas.

De início, estaremos mostrando, biblicamente, a realidade da guerra espiritual; em seguida, mostraremos as origens do Movimento de Batalha Espiritual e seus ensinos, confrontando-os com as Escrituras. Em seguida, veremos a proposta das Escrituras sobre a guerra espiritual, e, por fim, veremos os prós e os contra, do Movimento em questão.

A nossa proposta é analisar doutrinariamente o Movimento de Batalha Espiritual e não “atacar pedra” em quem está trabalhando, como muitos possam crer. Nosso propósito, é ser “bereano”; ou seja, analisar até que ponto o que está sendo pregado nos púlpitos do Movimento de Batalha Espiritual, está de acordo com a sã doutrina.


I - DEFININDO “BATALHA ESPIRITUAL”

1.1 A batalha espiritual nas Escrituras


A Bíblia está repleta de relatos de batalhas, guerras, confrontos e todo tipo de coisas que denotam conflitos. Só para termos uma idéia de como este assunto é tratado em grande escala nas Escrituras, a palavra “batalha”- assim como foi traduzida- encontra-se em cinqüenta trechos das Escrituras. A palavra sinônima “guerra”, encontra-se em duzentos e oito versículos. São referências que descrevem a luta entre nações, pessoas individuais, Deus e o homem, o homem cristão e a sua velha natureza, a Igreja e o mundo, a Igreja e o diabo. 

Esta última a ser referida, revela-nos uma espécie de guerra que é bastante diferente da que estamos acostumados a ver nos noticiários de T.V, mas, não menos horrenda e, até mais terrível: a Batalha Espiritual. 

Em Ap. 12:4, encontramos a referência à primeira batalha espiritual que foi travada: “arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra”. Esta é uma referência de João a Satanás que rebelou-se contra Deus e arrastou consigo a terça parte dos anjos. Desde então, nós vemos, através da Bíblia, Satanás fazendo guerra contra Deus e o Seu povo:

“Então ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor”. (Zc. 3:1).

Encontramos, também, citações da batalha que o crente deve fazer contra Satanás: “..não deis lugar ao diabo”. (Ef. 4:7); Revesti-vos de toda armadura de Deus para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”. (Ef. 6:11). Em Tg 4:7, está escrito: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. Esta palavra “resisti”, a qual Tiago refere-se, no grego é “anqi(sthte”, ela é derivada de ”anqi)sthmi”, que traduzido é “colocar-se contra, opor-se, permanecer firme”. Esta palavra é aplicada da mesma forma- o combate que o crente deve fazer ao diabo- em, pelo menos, mais duas formas no Novo Testamento: Ef 6:13 e 1 Pe 5:8,9. Isso denota, de forma direta, uma luta espiritual que está se travando. Sobre isso, Paulo Romeiro comenta de forma plausível: “A Bíblia fala muitas vezes sobre tal conflito. Sim, existe uma contínua e intensa batalha entre a luz e as trevas, entre Cristo e Satanás, entre a Igreja e o inferno”[1].

Para entendermos melhor esta batalha, precisamos tomar conhecimento de como ela começou


1.2 A origem da batalha espiritual 

Procurar saber a origem desta guerra cósmica leva-nos a indagar sobre a origem do mal. No entanto, não iremos nos deter neste assunto. Aqui, é necessário sabermos que existe uma origem para o mal e que esta, é identificada com o diabo. 

De acordo com as Escrituras, o Diabo é o chefe da apostasia. Em Is 14:12, Satanás é identificado como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva. Isso quer dizer que houve um tempo em que este ser angelical criado por Deus, rebelou-se contra o seu Criador (Ez 28:12-19), querendo ser igual a Ele e, consequentemente, foi expulso do céu juntamente com os seus seguidores (Mt 25 41; 12:24; Ef 2:2; Ap 12:7). 

É aí que começa toda a guerra, com o propósito de Satanás de ser igual a Deus e, por isso, opor-se a tudo o que Deus faz ou o que se chama pelo Seu nome ( Mt 13: 24-30; Lc 22:3). 


2- O MOVIMENTO “BATALHA ESPIRITUAL”

“Precisamos nos guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não podemos nos interessar demais por ele.”2


2.1 Sua origem

Na religião, existem várias posições a respeito do assunto de demônios. Existem aqueles que se mantêm céticos a respeito da crença em demônios e, categoricamente, afirmam que isto é coisa da idade média ou superstição. O teólogo católico, especialista em demoniologia e parapsicologia, Oscar Quevedo, disse o seguinte sobre o diabo:

Tudo o que foi dito sobre ele está no paganismo... Falar em línguas, ter uma força descomunal e outras atitudes que indicam que alguém está possuído pelo demônio, tudo isso pode ser explicado pela psicologia ou pela parapsicologia.3

Existem outros que crêem na existência dos demônios, mas mantêm indiferença a respeito do assunto. Aqui no Brasil, principalmente, está havendo uma super-valorização deste tema. Na novela global: “suave veneno”, está uma curiosidade: o diabo, personagem vivido pelo autor Aguinaldo Silva. Para vencê-lo, tem o paranormal Uálber, personagem vivido pelo autor Diogo Vilela. 

Os autores do trama, apostaram no “carisma” do diabo, no meio brasileiro. Aguinaldo Silva, chegou a dizer o seguinte: “ No Brasil, as pessoas acreditam que o diabo realmente interfere em nossa vida, mais até do que os santos.”4
Sim, esta é uma realidade brasileira, o espiritualismo. No entanto, também nos círculos evangélicos, atravessa-se uma onda de super-valorizão de anjos e demônios. Estão sendo promovidas reuniões de guerra, libertação, “poder”. Seminários sobre batalha espiritual são comuns. 

As livrarias foram invadidas por uma série de livros que tratam deste tema. Livros que têm exercido grande influência no meio evangélico como o de Frank Peretti, Este Mundo Tenebroso ( Ed. Vida).

A esta ênfase dada aos demônios, pelo menos aqui no Brasil, atribuímos a responsabilidade a um pastor norte americano chamado C. Peter Wagner. Ele é autor de trinta livros e é a atual autoridade no campo de guerra espiritual. Em seu livro intitulado Oração de Guerra (Ed. Unilit), ele nos conta como foi originado este movimento de guerra espiritual.
Peter Wagner é representante do Movimento de Crescimento da Igreja, fundado por Donald MacGavran, em 1955. Em 1980 começou a interessar-se sobre as dimensões espirituais do crescimento eclesiástico. Em 1989, percebeu que o evangelismo funciona melhor quando é realizado através de oração e que Deus tem dotado certos indivíduos que se mostram incomumente poderosos no ministério da intercessão. 

Pensando sobre a idéia de como conciliar evangelismo e intercessão, Peter Wagner reuniu um grupo de cinqüenta intercessores para orarem em um hotel, localizado em frente do local onde seria o segundo congresso de Lausanne. 

Durante esta intercessão, Peter Wagner diz que recebeu de Deus o que denominou de “parábola viva”. Ele deu esse nome a um acontecimento durante a intercessão. Uma das intercessoras, Juana Francisco, foi acometida de uma crise asmática, rapidamente levaram-na às pressas para o hospital. Esperando a recuperação da amiga no hospital, outras duas intercessoras, Mary Lance e Cidy Jacobs, tiveram uma mensagem que logo identificaram como sendo de Deus. Juana Francisco havia sido atacada por um espírito da macumba. Recebendo a revelação, as duas intercessoras fizeram uma oração quebrando o poder do demônio enquanto, no mesmo momento, Bill Bright, estava com a enferma orando em prol da cura. O que aconteceu foi que no mesmo momento a mulher ficou boa.

Peter Wagner interpretou este episódio como sendo uma lição de Deus ao Seu povo. A partir daí ele tomou para si os seguintes princípios: (1) A evangelização do mundo é uma questão de vida ou morte; (2) A chave para a evangelização do mundo consiste em ouvirmos a Deus e obedecermos àquilo que tivermos ouvido. “Elas sabiam que Deus queria que a maldição fosse anulada, pelo que entraram em ação”5; (3) Deus usará a totalidade do corpo de Cristo para completar a tarefa da evangelização do mundo.

Naquela mesma conferência de Lausanne, em Manila, foram abordados os temas de espíritos territoriais e da intercessão espiritual em nível estratégico.

O interesse sobre o assunto cresceu e foi organizado um grupo de pessoas que se interessavam por guerra espiritual. Peter Wagner tornou-se o líder deste grupo que posteriormente foi denominado de “Rede de Guerra Espiritual”. Entre os membros deste grupo podemos mencionar Larry Lea, John Dawson, Cindy Jacobs e Edgardo Silvoso.


2.2. Seus ensinos 


2.2.1. Duas forças contrárias: Deus X Diabo


O termo “dualismo” é uma transliteração da palavra latina “dualis” , que quer dizer aquilo que contém dois. Esta expressão foi cunhada para transmitir a idéia do Zoroastrismo, que é a crença em um poder bom, chamado Ormazd, e um poder mal, chamado Ahriman. Neste sistema, acredita-se que existem duas forças opostas: a boa e a má. Estes poderes estão sempre em conflito entre si, podendo resultar em vitórias temporárias, de um lado ou de outro. Apesar destas vitórias, nunca nenhum dos dois deixarão de existir.

Agora que sabemos o que é dualismo, vejamos algumas declarações: 

“Estamos em guerra! É a guerra de todas as guerras... a grande batalha espiritual entre Deus e o diabo no campo de batalha de nossas almas, com a eternidade toda pendendo na balança.”6 

e também :

“Pai celestial, eu me ajoelho em adoração e louvor diante de ti. Eu me cubro com sangue do Senhor Jesus Cristo para me proteger durante este período de oração. 

Eu me submeto a ti completamente e sem reservas em todos os setores de minha vida. Eu tomo posição contra toda operação de Satanás que possa me impedir neste período de oração e me dirijo exclusivamente ao Deus vivo e verdadeiro, recusando-me a qualquer envolvimento com Satanás em minha oração.” 7 

Ainda podemos citar esta: 

“Quando Satanás e suas tropas interferem com a obra de Deus na terra, então você sabe que é hora de entrar em ação. A guerra espiritual está rugindo em um nível cósmico. E talvez você seja convocado para participar da mesma.” 8

Diante de tais citações podemos pensar que elas vem da boca de adeptos do Zoroastrismo ou de alguém que prega as idéias do Yin e Yang, do Neo-confucionismo ou do Taoísmo. No entanto, quem pensa isso está redondamente enganado, estas declarações vêm da boca de pregadores cristãos propagadores do Movimento de Batalha Espiritual.

Quando começamos a estudar sobre “batalha espiritual”, o ensino com que logo nos deparamos é o de que existem duas forças- ainda que não iguais em poder- lutando entre si para ganhar a posse das almas dos mortais.

Embora entre os pregadores do Movimento de Batalha Espiritual se negue o dualismo em seus ensinos, podemos ver a realidade da doutrina dualista de Deus X diabo, entre declarações como vimos a cima.

No cristianismo não existe lugar para o dualismo, ou o cristão crê que Deus é soberano sobre todas as coisas- e isso inclui a natureza, o coração humano, os governos e o diabo- ou vive em angústia temendo o demônio.


2.2.2 Espíritos Territoriais 

De acordo com o ensino do Movimento de Batalha Espiritual, o Diabo designou um demônio, ou vários deles, para controlarem cidades, regiões e países. O objetivo destes “governantes espirituais” seria impedir a glorificação de Deus em seus respectivos territórios. 

C. Peter Wagner diz em seu livro Oração de guerra: 

“As estruturas sociais não são, por si mesmas, demoníacas, embora possam ser e com freqüência sejam endemoninhadas por alguma personalidade demoníaca extremamente perniciosa e dominante, às quais tenho chamado de espíritos territoriais”, e “Grande parte do antigo Testamento alicerça-se sobre a suposição que os seres espirituais sobrenaturais exercem domínio sobre esferas geopolíticas.” 9

Dr. Neuza Itioka em seu livro A Igreja e a Batalha espiritual, diz: 

“Estes poderes (principados e potestades) exercem controle não apenas sobre vidas, mas também estruturas sociais, eclesiásticas e políticas de comarcas, cidades e regiões geográficas... Quando analisamos determinadas estruturas sociais ou econômicos, o que podemos concluir? O sistema social e econômico injusto que o Brasil vive, não estaria ligado com o principado e a potestade do escravagismo que ainda se perpetua, estendendo os seus tentáculos para aprisionar a nossa sociedade?...Atrás da incapacidade dos governantes arrumarem a casa, contornarem a economia e estabelecerem justiça o que podemos discernir? Apenas o espírito corrupto dos governantes? Apenas o espírito sem escrúpulo dos que estão sem poder? Não estariam eles ligados a algo mais?”. 10 

Neuza Itioka também disse o seguinte em um curso sobre Batalha Espiritual:

“A nossa luta deve se dirigir mais e mais contra os grandes príncipes demoníacos das regiões, nações e cidades. 

São eles que presidem a corrupção e fraude, por exemplo, perpetuam um estilo de vida e comportamento por trás da repartição pública, do marajá que preside a corrupção da orfandade; do aborto; perpetua a violência; a miséria; a pobreza; a sensualidade e a perversidade, que originam a morte e o suicídio.” 11

Ainda argumentando sobre os Espíritos Territoriais, o Movimento de Batalha Espiritual cita alguns textos bíblicos para fundamentar sua idéia. Os mais comuns são: Dn 10:13,20; 12; Mt 4:8,9; Mc 5:10; Ef 6:12.


2.2.2.1. “Espíritos territoriais” à luz das Escrituras 

Nossa preocupação é analisar o que nos tem sido pregado. Já que tomamos as Escrituras como única autoridade de fé e prática, queremos invocar o seu testemunho à respeito de tal ensino. 

Por isso queremos analisar os textos bíblicos que, supostamente, falam do assunto, intencionando chegar a uma conclusão bíblica.

O texto mais usado para defender a idéia de territorialidade de espíritos é Dn 10:13 e 20: 

“Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias: porém Miguel, um dos príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”

“e ele disse: Sabes porque eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.”

O que este texto quer dizer ao referir-se ao príncipe da Pérsia e príncipe da Grécia? Não poderíamos chegar a outra conclusão além da que estes eram espíritos angelicais que atuavam nos reinos da Pérsia e Grécia.

Halley diz em seu livro “Manual Bíblico”: 

“Deus levantou o véu e mostrou a Daniel algumas realidades do mundo invisível- a prossecução de conflitos entre inteligências super-humanas, boas e más, num esforço por controlar os movimentos das nações, algumas das quais procurando proteger o povo de Deus. Miguel era o anjo guardião de Israel, vv. 13,21. Outro anjo, anônimo, falou com Daniel. A Grécia tinha seu anjo, v. 20; e igualmente a Pérsia, vv. 13, 20. Parece que Deus mostrava a Daniel alguns de Seus agentes secretos em operação para levar a efeito a volta de Israel.” 12. 

Baldiwin em seu livro “Daniel: Introdução e Comentário”, diz o seguinte: “Pensa-se aqui num representante da Pérsia nas regiões celestiais; a Grécia igualmente tem um correlativo angélico (20), e Miguel, um dos primeiros príncipes, pertence a Israel.” 13. 

Caio Fábio em seu livro “Batalha Espiritual”, também faz um comentário sobre este texto: 

“...as manifestações espirituais se relacionavam com o mundo visível e suas expressões políticas... O princípio que fica é este. Por mais estranho que isso possa parecer a algumas mentes teológicas sofisticadas, a Bíblia é clara quanto à atuação dos principados e potestades no seio da história, agindo sobre nações, de maneira tão íntima, tão intrínseca que a Bíblia os especifica, referindo-se à área de atuação deles, como o príncipe da Nações.” 14.

Dr. Russell Shedd também tem algo a nos falar sobre isso em seu comentário na Bíblia Shedd: “O príncipe do reino da Pérsia. O poder espiritual satânico manifesto através do culto pagão dos persas.” 15

Portanto, creio que este texto, realmente, fala de espíritos malignos que influenciam um sistema social. 

Um outro texto que se usa para apoiar a idéia de territorialidade espiritual é Mt 4:8,9 diz: 

“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”.

Parece, aqui, que Satanás estava reclamando um domínio sobre o mundo, o qual Jesus não questionou. Neste texto, podemos ver que Satanás exerce de influência sobre os reinos do mundo (planeta Terra), através da ordem má das coisas. No entanto, não encontramos explícita no texto a idéia de que cada nação tem o seu espírito maligno.

Outro texto que, casualmente, podemos enxergar o pensamento de Espíritos Territoriais é Mc 5:10:

“E rogou-lhes encarecidamente que os não mandasse para fora do país.”

Observando este texto, a pergunta que nos salta à mente é: o que eles quiseram dizer com “fora do país”? A palavra no original grego é “cwraV” que significa “região”. Este problema pode ser selecionado com o texto correspondente, Lc 8:31: “Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo”. 

Não se trata, aqui, de territorialismo de demônios, mas, sim, que os demônios não queriam ir para o abismo, mas ficar nesta região, ou seja, nesta esfera espiritual.

Um outro texto bem conhecido é Ef 6:12: 

“porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”

O apóstolo Paulo fala de quatro expressões que podemos estar destacando: (1) Principados e potestades- aqui inferindo a uma hierarquia espiritual ( gr.: a(rxa)j e e)zousi)as ); (2) Príncipes do mundo (gr.:kojmokra)toras). Esta expressão significa “governante mundial”; foi usada por Paulo para descrever a ação dos demônios sobre a esfera da existência humana; (3) Forças espirituais do mal (gr.: pro)j ta) pneumatika) te@j poneri)aj). Esta expressão indica uma força opositora ao bem. Uma espécie de exército do mal; (4) Regiões celestiais (gr. e)pourani)oij). Esse termo é usado por Paulo cinco vezes na carta aos Efésios. Denota a esfera espiritual em que os espíritos, maus ou bons, operam.

Analisando estes termos, podemos ver que o diabo é ordenado, possuindo hierarquia entre os seus subordinados, e atua, nas regiões espirituais, influenciando as nações. Porém, a partir deste texto, não podemos ter a crença na territorialidade dos demônios. O próprio Peter Wagner comenta sobre este texto em seu livro “Oração de Guerra”: 

“Coisa alguma, neste versículo, indica que uma ou mais dessas categorias ajustam-se à descrição de espíritos territoriais.” 16

Analisando, sinceramente, estes textos e observando a crítica que fazem alguns autores sobre o assunto, podemos concluir que apenas o texto de Daniel 10:13,20, expressa o pensamento na existência de um espírito maligno influenciando cada nação; portanto, torna-se perigoso basearmos toda uma doutrina em apenas um texto.

No entanto, não podemos ignorar a existência do texto de Dn 10: 13,20; por isso, não rejeitamos a idéia do Movimento de Batalha Espiritual de que cada nação é influenciada por um espírito maligno. Nossa opinião pessoal é que realmente os demônios são ordenados ( e todos os textos acima estudados expressão isso) ao ponto de organizarem-se em distritos, influenciando a cada nação. Todavia, o nosso conhecimento sobre a organização distrital dos demônios para por aqui, por que a Bíblia não nos fala mais sobre o assunto; por isso, qualquer informação a mais sobre isso seria mera especulação.


2.2.3 A Terra é de Satanás

De acordo com os ensinos do movimento de Batalha Espiritual, a administração e governo terrenos pertencem a Satanás. Isso deveu-se ao pecado de Adão. Ao primeiro homem foi dada administração e governo sobre a criação; no entanto, ele, quando pecou, entregou a autoridade ao diabo. Decorrente disto, o diabo tem controle sobre os governos, e Deus não interfere nisso, por questões éticas e legais. Satanás tem todo o direito legal de administrar o sistema terreno, e Deus romperia com a ética se interferisse nesse direito. Foi por isso que Jesus veio, para devolver o direito ao homem de governar. A partir de Jesus, portanto, temos a autoridade de governar sobre a criação. 

Para apoiar essa idéia, citam-se textos como Mt 4:8,9 e 2 Co 4:4.


2.2.3.1. O que a Bíblia diz sobre a terra ser de Satanás? 

Quando nos voltamos para a Bíblia e nos deparamos com Deus julgando a humanidade através do dilúvio Gn 6:11-26, com textos como Sl 24:1: "Do Senhor é a terra e sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”... - Como abraçar a idéia de que Satanás é governante da terra e concorrente de Deus? Quando nos deparamos com Sl 50:10-12: “...meu é todo o animal da selva e as alimárias sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo... pois meu é o mundo e a sua plenitude.” e Dn 2:21: “...é Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis.” - Que fazemos com eles?

No Livro do profeta Isaías ficamos vislumbrados em saber que Deus usou o rei da Assíria para julgar a Israel e depois também julga à Assíria, Is 10:5-12. Em I Sm 2:6,7, encontramos Ana orando da seguinte forma: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta”. O salmista inspirado, declara em Sl 103:19 : “Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.” (grifo meu)

Deus é soberano e governa sobre todas as coisas, inclusive sobre o diabo. Porventura diante destes textos encontramos alguma coisa que sobrou para Satanás governar? Tenho certeza que não. 

No entanto o que fazer com textos bíblicos que dizem que satanás é o deus deste mundo? A fim de responder esta pergunta, precisamos nos perguntar que “mundo” que é este. Russell Shedd nos da um esclarecimento sobre isto: 

“...trata do sistema de valores alienado de Deus, que orienta o pensamento dos homens em oposição a Ele. Assim, o kosmos jaz no maligno ( o diabo, 1 Jo 5:19; cf. Jo 12:31; 14:30). As trevas dominam este mundo (Jo1:5; 12:46) e o pecado macula sua existência como um todo.” 17

Por isso não nos estranha Jesus e Paulo atribuírem este título a Satanás. Ele é o deus de um mundo pecaminoso e que se nega a submeter ao único Deus.

E é exatamente disso que se refere os textos de Mt 4:8, 2 Co 4:4 e outros. No entanto, é necessário notarmos que inclusive sobre o mundo pecaminoso Deus é soberano. No sentido de delimitar a ação maligna. Vemos isso na crucificação, onde era um ato soberano de Deus para cumprir os seus propósitos, mas também um ato pecaminoso do homem incitado pelo diabo: “sendo este Jesus entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”.( At 2:23). Erickson comenta sobre o assunto da seguinte forma: 

“Há várias maneiras pelas quais Deus pode relacionar-se e de fato se relaciona com o pecado: ele pode (1) preveni-lo; (2) permiti-lo; (3) dirigi-lo ou (4) limitá-lo. Note que em cada caso, Deus não é a causa do pecado humano, mas age em relação a ele.” 18


2.2.4 Retaliação

Segundo o ensino do movimento de Batalha Espiritual, quando o crente ataca estes espíritos territoriais, invadindo sua jurisdição e tentando implantar o Reino de Deus, ele terá problemas. Estes demônios poderão infernizar a sua vida com doenças, problemas conjugais e toda sorte de males. 

C. Peter Wagner diz em seu livro “Oração de guerra”: 

“Dóris e eu começamos a ir para as linhas de frente na Argentina, em 1990. Dentro de alguns meses, tivemos a pior desavença em família em quarenta anos de casados, tivemos um problema sério com um de nossos mais chegados intercessores, e Dóris ficou incapacitada por quase cinco meses por motivos de discos vertebrais deslocados, e cirurgia nas costas e em um joelho. Em nossas mentes, ou nas mentes de outras pessoas envolvidas, que oram por nós, não há o menor sinal de dúvida que essas coisas foram revides diretos da parte dos espíritos que ficaram irritados por termos invadido o seu território.” 19

Robson Rodovalho concorda com a idéia de Peter Wagner comentando da seguinte forma: 

“Como então, o apóstolo Paulo nos fala da possibilidade de Satanás levar vantagem sobre nós na guerra espiritual? Isto se chama retaliação. Retaliação é quando Satanás tem oportunidade de nos retaliar, de nos contra-atacar. E ele faz isto. Ele usa as oportunidades que encontra para retaliar os filhos de Deus, trazendo, assim, aparente derrota, desânimo, e situações semelhantes.” 20

Este pensamento é uma constante na vida dos participantes do movimento de batalha espiritual. Por isso, explicasse a constante oração por proteção e o ato “místico” de vestir a armadura espiritual.

Esta preocupação mostra-se evidente nas orações. Em uma apostila sobre Batalha espiritual, a Missão Evangélica Shekinah ensina seus alunos a orar da seguinte forma:

“Eu me cubro com o sangue do Senhor Jesus Cristo para me proteger durante este período de oração...eu me cinjo com a verdade, revisto-me da couraça da justiça, calço as sandálias da paz e coloco o capacete da salvação. Levanto o escudo da fé contra todos os ardentes dardos do inimigo e tomo em minha mão a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, e uso a Tua Palavra contra todas as forças do mal em minha vida” 21


2.2.4.1 Retaliação” à luz das Escrituras 

Vejamos o que a Bíblia pode nos dizer sobre este assunto. Na obra missionária de Cristo, o diabo estava presente em alguns momentos da sua vida para fazer com que a sua obra fosse frustrada. Na tentação do deserto ( Mt 4) – no início do ministério de Jesus -, Satanás esforçou-se para impedir à Cristo.

Quando Pedro foi usado pelo diabo ( Mt 16:23), vemos Satanás tentando induzir Jesus a se acomodar. Na cruz, quando Jesus está sendo crucificado ( Mt 27: 33-44), vemos o diabo usando as pessoas que passavam para fazer com que Jesus desistisse do que estava fazendo. 

Durante todo o ministério de Cristo aqui na terra, vemos o diabo contra-atacando-o. Notamos isso ocorrer, também, na vida de Paulo. No ministério paulino em Tessalônica, observa-se a resistência de Satanás à obra que estava sendo feita. As pessoas estavam sendo libertas e salvas. Muitos judeus creram na Palavra e numerosos gentios deixaram a adoração à ídolos e renderam-se ao Senhor. No entanto, qual foi o resultado disso? Uma perseguição levantou-se contra Paulo e os seus companheiros, instigada pelo ódio, inveja e incredulidade dos judeus. Parece, aqui, que Satanás estava usando estes sentimentos da parte dos judeus para retalhar a obra de Deus em Tessalônica. Foi tão séria a resistência de Satanás contra a obra de Paulo que , este, disse o seguinte em 1 Ts 2:18: “Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Ainda a respeito disso, Ladd comenta:

“Ele é o tentador, que procura, através da aflição, desviar os crentes do Evangelho (I Ts 3:5), obstruir os servos de Deus em seus ministérios (I Ts 2:18), e que cria falsos apóstolos, para perverterem a verdade do Evangelho (II Cor 11:14), que está sempre tentando derrotar o povo de Deus ( Ef 6:11,12,16), e que é até mesmo capaz de praticar seus ataques sob a forma de sofrimentos corporais, aos servos escolhidos de Deus ( II Co 12:7)” 22.

MacArthur também nos dá a sua contribuição sobre o assunto: “É evidente, pois, que os crentes não estão imunes à oposição de Satanás; nem é o plano de Deus que estejamos sempre livres de toda a situação má.” 23

De acordo com os textos mencionados acima, cremos que o diabo, realmente, pode reagir ( “retaliar”, ou seja lá como quiserem denominar essa ação satânica) contra a obra missionária do povo de Deus. 

Cremos que é evidente que o diabo, tentando se opor à obra de Deus, faça de tudo para que o crente não obtenha sucesso em seu trabalho missionário. Esse “fazer de tudo”, implica em semear discórdias, desavenças, contendas, enfermidades e tudo o que o diabo costuma fazer. 

No entanto, esta resistência é limitada pelo próprio Deus. Satanás não é um ser autônomo que vive independentemente. Muito pelo contrário, ele é um ser limitado que age com limitações impostas pelo próprio Deus. Em Jó 1:12, vemos Deus limitando a ação satânica sobre a vida de um crente: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor”.

Também em Lc 22:31, vemos que Satanás precisou pedir permissão para atacar a Pedro: “ Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo.” Em 2 Co 12:7, vemos que o apóstolo Paulo estava acometido de um ataque satânico ( o espinho na carne); porém, este ataque servia aos propósitos soberanos de Deus: “...para que não me ensoberbecesse.”

Sobre isso Michael S. Horton comenta em seu livro “O cristão e a cultura”: 

“ Conforme Lutero disse, ’o diabo é o diabo de Deus’, Calvino também argumentava que todas as influências demoníacas e satânicas do mal estavam sob o comando soberano de Deus e estão sob o controle do verdadeiro Soberano do Universo.” 24

Penso que Frank Peretti, o Escritor do livro “Este mundo tenebroso”, de acordo com a visão de muitos crentes, deveria passar por muitos problemas, sendo “retaliado” pelo diabo, ao escrever o seu livro, que foi um “despertar” para o mundo espiritual. 

No entanto, em uma entrevista dada à revista “Vida Mix”, ele responde à pergunta: “Você enfrentou lutas espirituais ou problemas, enquanto escrevia algum livro?”, da seguinte forma: 

“Não que eu saiba. Nunca tive uma experiência sobrenatural. Coisas como desânimo, depressão e dúvidas já experimentei; mas não coloco a culpa no diabo. Podem ser problemas hormonais ou coisa parecida. Todo aquele que serve ao Senhor passa por algum tipo de tribulação e os meus problemas são típicos de alguém que se dedica a Deus. Muita gente perguntou se eu fui atacado pelo diabo, enquanto escrevia os livros. Acho que não. Imagino que a maior luta foi quando fiquei saturado com o tema. Era um peso que me deixou desanimado, porque eu não sabia o que iria acontecer. Afinal, o corpo de Cristo vencerá ou não? Veja bem, acabei de assistir o programa do clube 700 na televisão e eles mencionaram o que está acontecendo em uma igreja que, no momento, experimenta um grande avivamento em Pensacola, na Flórida. Eu disse: “Glória a Deus! Até que enfim uma boa notícia.” 25

Podemos concluir dizendo que Satanás se opõe a obra da igreja e anela em destruí-la; no entanto, jamais o faz sem a permissão, limitação e supervisão divina. O problema é quando nos preocupamos demais no que Satanás nos “aprontará” se fizermos isso ou aquilo para o Reino de Deus.


2.2.5 “Brechas” 

Este é um outro ensino amplamente divulgado pelo movimento de batalha espiritual. De acordo com os pregadores do movimento, “brechas” são pecados que cometemos que, invariavelmente, dão toda a autoridade legal para o diabo agir contra nós.

Robson Rodovalho, em seu livro “Por trás das Bênçãos e maldições”, fala-nos sobre isso: 

“Quando uma pessoa pratica o pecado, ela abre brecha em sua vida. A proteção espiritual está sendo levantada, e a partir daí as maldições poderão tocá-la. Por exemplo: nós encontramos Satanás dizendo a Deus que não poderia tocar a vida de Jó, pois ele estava protegido por esta sebe... Sempre que uma pessoa peca inconscientemente ou voluntariamente, ela abre uma brecha nesta cerca. Consequentemente, os espíritos maus começam a Ter acesso à vida e ao coração dela. Os espíritos malignos entram aonde foi feita a brecha. Somente o perdão de Deus poderá repará-la.” 26

Ainda sobre isso Neuza Itioka comenta:

“Tanto Thomas White como Robert Linthicum confirmam através dos seus escritos que corporativos de uma comunidade cristã local podem se transformar numa abertura para a invasão de principados e potestades que, por sua vez, vão se fortalecer com os mesmos pecados, para se Ter todos os direitos legais para oprimir e definhar a igreja.” 27

Dentro do pensamento do movimento de batalha espiritual, a freqüência de um determinado pecado na vida do crente, do incrédulo, de uma comunidade, cidade, nação, concede ao diabo legalidade para intentar contra aquele que comete o pecado.


2.2.5.1 O conceito de “brechas” nas Escrituras

“Não deis lugar ao diabo”(Ef 5:27); “Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.”(2 Co 2:11)

A santidade nas Escrituras é algo que é constantemente falado. A palavra “santo” e seus derivados, aparecem em 464 versículos. Portanto, é mais que evidente que o crente deve buscar a santidade cada vez mais em sua vida.

No entanto, precisa-se observar a motivação pelo qual deve-se buscar a santificação. Deve-se buscar a santificação com interesse que o diabo não tenha legalidade sobre a vida, ou deve-se buscar a santificação por amor e temor a Deus?

Creio que a santificação, que é fruto do trabalhar do Espírito santo na vida do crente, tem como fim maior o agradar a Deus. ( Lv 11:44; 19:2; Ef 1:4; Hb 12:14; 1 Ts 4:7) A santidade trás os benefícios de estar em paz com Deus e consigo mesmo. Quando as Escrituras escrevem exortando-nos a buscar a santidade, ela o faz pensando no sucesso do relacionamento entre o homem e um Deus santo e, também, pensando no nosso bem estar. Quando buscamos a santidade, o fazemos porque amamos o Senhor e não para que o diabo não tenha legalidade. Quando nossa conduta não está de

acordo com os padrões de Deus para nós, nós temos que nos ver com Deus e não com o diabo. É por isso que somos exortados a buscar o arrependimento.

Pensemos no pecado de Davi com Bate-Seba ( 2 Sm 11). Davi adulterou e cometeu homicídio. Este pecado horrendo trouxe grandes males para Davi, sua família e seu povo. A partir daí poderíasse dizer que o diabo passou a ter legalidade sobre a vida de Davi? 

De forma alguma, a vida de Davi ainda pertencia a Deus e Este o tratou conforme seu pecado:

“Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher... Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol... E o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera à luz a Davi; e a criança adoeceu gravemente.” (2 Sm 12: 10, 11, 15) 


2.3 Seus métodos de guerra

2.3.1 Mapeamento Espiritual


Um método de guerra usado pelo Movimento de Batalha espiritual é o mapeamento espiritual. Antes de mais nada, segundo os pregadores do movimento, o evangelista precisa conhecer historicamente, politicamente, socialmente e espiritualmente a região onde vai trabalhar. Mapeamento Espiritual consiste em estudar a história do lugar onde deseja-se evangelizar e “discernir” a entidade espiritual que atua nesta determinada região. 

Seria o estudo da história da região e das características econômicas, políticas, sociais e morais que lhe são próprias. Em seguida, faz-se uma identificação com o demônio que poderia lhe atribuir estas qualidades.

Peter Wagner diz o seguinte sobre o assunto: 

“Uma área relativamente nova da pesquisa e do ministério cristãos, ligada de perto com a questão de nomear as potestades, chama-se “mapeamento espiritual... Trata-se de uma tentativa para ver uma cidade, uma nação ou o mundo inteiro conforme realmente é, e não como parece ser. ” 28

Neuza Itioka também fala sobre o assunto da seguinte forma: 

“É importante ressaltar que a identificação dos principados e potestades de alta hierarquia espiritual, não se dá apenas pelo dom espiritual, mas, por analisar as características da cidade, conhecendo a história da sua fundação, do seu desenvolvimento.” 29 

No esforço em amarrar, expelir e amordaçar demônios “territoriais”, os pregadores do movimento de batalha espiritual ensinam que devemos procurar saber o nome do demônio que estamos guerreando para que possamos ter mais autoridade sobre ele. 

Peter Wagner deixa isso bem claro em seu livro “Oração de guerra”: 

“Até onde for possível, os intercessores deveriam buscar saber os nomes, próprios ou funcionais, dos principados distribuídos na cidade como um todo e entre os vários segmentos geográficos, sociais ou culturais da cidade.” 30

O mistério de libertação Shekinah, dando ouvidos a este conselho, em seus cursos de libertação, cita uma lista de nomes de demônios: 

“Principados ligados a Satanás: Brumaus, Krucitas ( atrás das cruzes), Ashtoreth ( governa as estrelas), Tremus ( tem subordinado leviathan, governador, aprisionando sob aceano - triângulo das Bermudas), Diana ( idolatria e prostituição- culto a deuses, tem subordinado 3 autoridades mundiais- Damian, Asmodeus e Belzebu), Dagon ( Sacrifício de animais e crianças), Nimrod ( guerreiro que prepara a guerra do Armagedom), Dragon Astrologia- consome a sabedoria dos homens- Anticristo), Syria ( guerreiro como o príncipe do reino da Pérsia de Daniel). Autoridades mundiais: Damian, Asmodeus, Belzebu, Arios, Mengue-Lesh, Nosferasteus. Outros demônios: Amishie ( Costa Rica), Aurius (Protege e leva mensagens a Satanás, como Gabriel faz com Deus), Cumba (África), Izmaichia ( Europa e meio Oeste), Krion ( América Central), Kruonos e Krutofor ( Atacam igrejas que praticam batalha espiritual), Mamom ( riqueza), Sinfiris ( sede de sangue) e Yemanjá (América do sul).” 31

Uma certa Magnólia de Campos Araújo, teve uma revelação que foi escrita por Mátiko Yamashita 32 (Ministério Batalha Espiritual). Nesta revelação ela entrevista uma série de “principados e potestades”. Essa entrevista, segundo ela, foi dada sob juramento.

O primeiro demônio a ser entrevistado foi Lúcifer. Segundo Magnólia, ele tem a aparência de um cabrito preto, vestido de homem, luvas e sapatos, no pescoço aparecem os pêlos de cabrito. Tem chifres pequenos e bigodes, cavanhaques pequenos e finos. Este disse que são sete príncipes negros, e cada um tem nove subordinados, e cada subordinado tem 32 outros subordinados. Desses 32, 9 são ligados diretamente a ele.

Magnólia perguntou a Lúcifer qual era o príncipe do Brasil. Este, lhe respondeu que atualmente está vago, pois Yemanjá (Aparecida) foi destronada no dia 12 de outubro de 1990. Magnólia perguntou sobre os príncipes de São Paulo e Rio de Janeiro. Lúcifer respondeu-lhe que são o príncipe do inconformismo e o “língua de fogo”, respectivamente.

Um outro demônio entrevistado foi o Minotauro. Segundo as informações do próprio demônio, ele é originado da Grécia antiga. Possui corpo de homem, cabeça de touro, com chifres voltados para o centro da cabeça. Segundo ele mesmo falou, é anjo caído e gênio da destruição.

Um outro entrevistado por Magnólia foi a Yemanjá. As informações a respeito deste demônio não foram dadas por ele mesmo, mas pelo “Pomba-gira”. Yemanjá é um príncipe comandado por Diana e Dionísio. Tem a aparência de mulher, cabelos longos, usa vestido decotado, longo, azul ou branco.

Quem pensa que para por aí, esta enganado. Magnólia “identificou” uma série de outros demônios: Bonzo, Buda, Centauro, Lísipe, Gênio, Fauno Pan Sátiro, Pitonisa de Delfos, Pomba Gira, Espírito de Aborto, Espírito de Bronquites, Benzai-tem ou Benten, Exú Caveira, Xangó e Espírito de Jezabel.


2.3.1.1 O que a Bíblia diz sobre mapeamento Espiritual?

Tento imaginar Paulo escrevendo aos crentes da igreja primitiva a fim de exortá-los a fazer um mapeamento espiritual das cidades onde moravam. Talvez, invés de Paulo falar sobre justificação pela fé aos Romanos, ele diria para que estes identificassem e combatessem o demônio romano. Quem sabe se Paulo não falasse sobre conduta cristã aos Coríntios, ele falasse sobre como amarrar a potestade que regia aquele lugar? Imagino Paulo incentivando aos Colossenses a mapear o seu território ao invés de alertá-los contra as influências do judaísmo e gnosticismo.

Éfeso era uma cidade profundamente religiosa. Os efésios adoravam à Diana, a deusa da fertilidade. Foi construído para ela um templo que durou trinta anos para ser concluído. No seu término, foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. A imagem de Diana ficava neste templo, era conhecida e adorada por todos cidadãos daquela cidade. De acordo com o relato bíblico ( At 19: 1-20), Paulo pregou naquela cidade por três anos. 

Houve tal avivamento decorrente da pregação de Paulo que enfermos traziam peças de roupas para que Paulo as tocasse a fim de que seus donos fossem curados, os praticantes de artes mágicas , arrependidos, traziam seus livros para que fossem queimados em praça pública. Em Éfeso, Paulo fundou a igreja mais forte do primeiro século. Tal foi a obra que Deus fez naquela cidade, que o culto a Diana foi perdendo o seu vigor até que em 262 d.C, seu templo foi saqueado e incendiado pelos godos, e fechado pelo édito de Teodósio que fechou todos os templos pagãos.

Qual foi a fórmula de tal sucesso evangelístico? A Bíblia não diz que Paulo antes de entrar a cidade de Éfeso ficou mapeando-a, tentando identificar o demônio que ali estava. Se isso é tão importante fazer, porque Lucas ao dar o relato histórico não nos da as diretrizes? Na verdade, Lucas conta-nos o segredo do sucesso: “Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.”(At 19:10) A pregação da Palavra de Deus, eis o segredo do sucesso.

Os pregadores do ensino de mapeamento espiritual argumentam que Paulo mapeou a cidade- ainda que não conste no relato bíblico. No entanto, imagino que se este fato fosse concreto, esperávamos que Paulo não enfrentasse maiores resistências do povo daquela região, conforme ensina o movimento de batalha espiritual. Porém, de acordo com o relato bíblico (AT 19: 23-41), Paulo enfrentou muita oposição.

Jesus nos ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” (Mt29: 18,19); “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. ( Mc 16:15). Jesus ao enviar aos doze disse: “... à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” (Mt 10:7). Quando enviou os setenta, Jesus disse: “Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: a vós outros está próximo o reino de Deus.”(Lc 10:9). Jesus, em momento algum, nos orienta a mapear regiões, descobrir nomes de demônios e amarrá-los. Se isso fosse de suma importância para o sucesso evangelístico, Jesus nos teria ordenado fazê-lo. 

Paulo Romeiro comenta sobre isso com muita propriedade: “Ora, não se destrona principados e potestades para depois pregar a Palavra de Deus, mas primeiro se prega a Palavra, pois ela, sim, tem o poder para vencer as potestades malignas.” 33

Horton também comenta sobre isso da seguinte forma: 

“O Mapeamento espiritual, promulgado por crescente número de missiólogos, tenta identificar ‘pontos quentes’ de atividade demoníaca com o alvo de ‘amarrar’ os opressores malignos da região. Naturalmente, soa como algo saído de um livro medieval de superstições, mas é levado muito a sério por bom número de líderes evangélicos... Naturalmente, as Escrituras não relatam nenhum exemplo de pessoas se salvando antes de ouvir a pregação da Palavra.” 34

Quero concluir este assunto dizendo que não encontro nas Sagradas Escrituras nenhum respaldo para o ensino de mapeamento espiritual. 

Cabe a nós pregar o evangelho do Cristo ressurrecto a toda criatura, crendo que ele é poderoso para a salvação de todo aquele que nele crê e também para expulsar principados e potestades.


2.3.2 Oração de Guerra

“Oração” todo mundo sabe o que é. É o modo como o homem chega até Deus (através de Jesus, é claro), em temor, adoração, louvor, petição e comunhão. No entanto, o que seria oração de guerra?

Chegamos ao cerne da doutrina do Movimento de Batalha Espiritual. Este é o centro, a essência de toda a sua teologia. Todas as demais coisas giram em torno do seu conceito de como fazer guerra a Satanás.

De acordo com os propagadores do Movimento de Batalha Espiritual, existem três níveis de guerra espiritual: (1) O nível solo- que seria a expulsão de demônios; (2) O nível de ocultismo- que seria o confronto a atividades demoníacas expressas em seitas ocultistas; (3) O nível estratégico- que é a guerra que se faz a espíritos territoriais.

A oração de guerra é feita neste último nível, o nível estratégico. Consiste em identificar os poderes espirituais malévolos atuantes em um determinado lugar e expulsá-los. Como expulsá-los? Ordenando que o façam, declarando, determinando, impedindo os seus atos através da palavra falada. 

Neuza Itioka, em seu livro “A igreja e a Batalha Espiritual”, comenta sobre o assunto:

“ Exercer autoridade sobre os demônios significa, não apenas expulsar demônios das pessoas oprimidas, mas, também, exercer autoridade sobre as forças do mal que têm domínio e controle sobre os pecados e vícios, tais como materialismo, violência, sensualidade, miséria e injustiça social bem como resistir e destronar principados e potestades que tem jurisdição sobre áreas geográficas.” 35

Cesar Augusto em seu livro “Guerra Espiritual”, também fala algo semelhante:

“Quando estamos guerreando contra as forças das trevas, sejam dominadores de enfermidades, homossexualismo ou drogas, necessitamos da declaração contra esses demônios, pois através dela, podemos alcançar a vitória. 

Há momentos na luta espiritual, que não necessitamos mais de uma oração intercessória e sim usar a autoridade que o Senhor nos deu e declarar a vitória através do nome do Senhor. A declaração ordenativa muda situações e ambientes e nos da a vitória.” 36

De acordo com o ensino do movimento de batalha espiritual, a oração de guerra é a chave para o sucesso da evangelização. A evangelização só pode ocorrer se antes repreendermos, amarrarmos e expulsarmos o “homem forte” que domina no lugar onde evangelizarmos. Tal é a seriedade que este princípio é apregoado que é também chamado de “evangelismo de oração”. 

Peter Wagner, em seu livro “Oração de Guerra”, comentando sobre o assunto faz uma citação de outro proeminente pregador da oração de guerra: 

“Edgardo Silvoso, assevera que Annacondia e outros proeminentes evangelistas argentinos incorporam em seu trabalho evangelístico uma nova ênfase sobre a guerra espiritual- o desafio aos principados e potestades, bem como a proclamação do Evangelho ao povo, mas também aos carcereiros espirituais que conservam as pessoas cativas. A oração é a variável principal, de acordo com Silvoso. Os evangelistas começam a orar pelas cidades, antes de proclamarem o evangelho ali. E somente depois de sentirem que os poderes espirituais que 

Em seu livro “Que nenhum pereça”, Ed Silvoso, sugere uma estratégia de guerra espiritual que consiste em seis passos. No quinto passo, ele aconselha aos leitores da seguinte forma: “Dê início ao ‘assalto total’. Dê início a ‘conquista’ espiritual da cidade, confrontando, amarrando, e expelindo os poderes espirituais que governam a região.” 38

Neuza Itioka, em um curso sobre Batalha Espiritual também da uma estratégia de oração de guerra: 

“(1) Louvando e entronizando ao Senhor, declarando o seu senhorio; (2) confessando os pecados da cidade ou da nação; (3) Pedindo perdão por elas; (4) Identificando os demônios e os príncipes; (5) Amordaçando, amarrando, imobilizando e destronando; (6) Agradecendo a vitória do Senhor; (7) Pedindo que Jesus Cristo venha agir.” 39

Em uma apostila sobre libertação e cura interior, a Missão evangélica “Shekinah” nos oferece um modelo de oração de guerra:“...Satanás, eu te ordeno, em nome do Senhor Jesus Cristo, que saias da minha presença com todos os teus demônios e eu coloco o sangue do Senhor Jesus Cristo entre nós.” 40

Diante de tais ensinos, as seguintes perguntas nos atiça a curiosidade: Até que ponto tudo isso é bíblico? Será mesmo que a Bíblia nos ensina a identificar demônios, nas regiões celestiais, e expulsá-los? Será que a forma de Batalha Espiritual nas Escrituras é a oração de Guerra?


2.3.2.1 “Oração” de guerra à luz das Escrituras 

A fim de analisar se é bíblico o conceito de repreender potestades e principados, vejamos alguns casos, nas Escrituras, em que o ser humano foi diretamente ou indiretamente atacado por forças malignas. 

Primeiro vejamos o caso de Jó. Deus havia dado permissão a Satanás para tocar na vida de Jó: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.”( Jó 1:12). Decorrente da permissão de Deus, Satanás tirou de Jó bens, família e saúde. No entanto, em nenhum momento vemos Jó dirigindo-se a Satanás e dizendo: “Satanás, você está manietado, amarrado, amordaçado, eu te ordeno que saias da minha vida.”. 

Muito pelo contrário, em Jó 1: 21b, nós vemos a incrível declaração deste homem de Deus: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.” Talvez pensemos que Jó estava errado ao dizer isso, porém, no versículo seguinte, o testemunho bíblico comenta a respeito: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

Também podemos ver o caso de Daniel. Em Dn 10, diz que Daniel estava intercedendo a Deus quando o anjo do Senhor apresentou-se a ele e, nos versículos 12 e 13, explicou o que estava acontecendo:

“...Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiro príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”

Observe que revelação estupenda foi dada a Daniel- Já vimos que este texto realmente se refere a espíritos territoriais-. Estava havendo uma guerra angelical no reino espiritual. E desta batalha dependia a resposta da oração. Pensemos no que Daniel fez. Será que ele fez “oração de guerra”? Talvez ele tenha ordenado ao espírito maligno da Pérsia que saltasse o anjo. Quem sabe ele não manietou o espírito para poder fortalecer o anjo que estava em apuros? Talvez ele tenha ordenado que Miguel viesse acudir o seu amigo. Não, absolutamente, não. Daniel nem sabia o que estava acontecendo. Ele simplesmente perseverou em oração a Deus, em intercessão, em súplicas diante de Deus.

Também podemos pensar sobre a estratégia missionária de Paulo. Em sua primeira viagem missionária, Paulo viajou juntamente com Barnabé e João. Ele iria passar por cidades como Salamina, Pafos, Perge, Listra, Antioquia da Pisídia, Icônio e Derbe. Nestes lugares, eles iriam ter que enfrentar um mago, pregar para os incrédulos, passar por perseguições, curar um coxo, enfrentar uma multidão que queria sacrificar-lhes e serem apedrejados. 

Diante de tantos acontecimentos que estavam por vir, nada melhor do que manietar, amarrar, destituir o diabo. Eles tinham- segundo o pensamento do movimento de Batalha espiritual- que Ter, primeiro, amarrado o principado de cada cidade a se visitar e depois disso pregar as boas novas. Com certeza, eles não teriam, se assim o fizessem, que enfrentar perseguições, e a pregação do evangelho seria mais fácil.

No entanto não foi isso que aconteceu. O Espirito Santo separou a Barnabé e Paulo para esta viagem missionária (At 13: 2). O versículo posterior mostra o que eles fizeram antes de enviar a Barnabé e Paulo: “Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram.” Aí não diz que eles fizeram “oração de guerra”. Não diz que eles primeiro amarraram os demônios das cidades que estavam por passar. Simplesmente fizeram o que se espera de todo homem e mulher de Deus: Jejuaram e oraram a Deus e receberam a bênção daqueles que os estavam enviando.

Outro caso que merece a nossa atenção é quando Paulo quis ir visitar os crentes tessalônicos. Em 1 Ts 2:18, diz: “Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Vejamos bem. Paulo iria à igreja para fazer a obra de Deus; no entanto Satanás lhe barrou o caminho. 

Daí segue-se a pergunta: porque que Paulo - o apóstolo, o homem que revolucionou o mundo de então com o evangelho, o homem que Deus confiou as revelações- não, simplesmente, amarrou o diabo? Seria simples, somente bastava manietar aquele principado de Tessalônica.

Tenho respeito por aqueles que pregam a idéia da “oração de guerra”. No entanto, não vejo apoio bíblico para tal prática. Muito pelo contrário. Judas, irmão de Jesus, ao escrever sua carta e repreender àqueles que estavam agindo com arrogância, disse: 

“Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda.” Jd 9

Penso que este texto clama àqueles que vivem a identificar espíritos e repreendê-los. Champlin, comenta: 

“Miguel deixou nas mãos de Deus o ‘repreender’ a Satanás. Somente Deus pode fazer isso. Assim os gnósticos supunham um poder tão alto que fazia o que somente deus pode fazer. A lição geral deste versículo é que devemos Ter respeito por elevadas autoridades e poderes espirituais. Devemos respeitar o invisível. Isso repreende tanto o ceticismo como a doutrina falsa.” 41

Sobre a oração de guerra, MacArthur comenta: 

“Não podemos lutar no nível humano. Não há palavras ou técnicas carnais que possam vencer uma guerra espiritual. Devemos depender de um plano e de armas espirituais para a batalha. Nossa suficiência em Cristo inclui armas que são divinamente poderosas, as quais podem destruir as fortalezas do mundo dos espíritos e todos seus pensamentos altivos que se levantam contra o conhecimento de Deus. Quais são essas armas? Elas não são frases místicas ou chavões. Não fornecem o poder de repreender ou dar ordens aos demônios. Não há coisa alguma secreta ou misteriosa a respeito destas armas. Elas não são astuciosas ou complicadas.” 42

Ainda falando sobre a oração de guerra, Ricardo Gondin comenta: 

“A expulsão de demônios de uma área geográfica parece muito mais uma ação que acontece através de um avivamento da igreja que avança com seu poder de influenciar e converter pessoas e sociedades, que uma ordem que se dê aos principados e potestades.” 43

Por fim, não acredito que expulsar espíritos territoriais através da ordenança seja uma prática eficiente, pois não é bíblica. Entre as armas do crente contra Satanás não se encontra o “ordenar”.


2.3.3 Quebra de Maldição

Um outro método de batalha espiritual, amplamente ensinado, é o de quebra de maldição. Aqui no Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Jorge Linhares, Missão Evangélica Shekinah, entre outros.

De acordo com os mestres da doutrina de maldição hereditária, “maldição” são sofrimentos ( mortes prematuras na família, contínuo dividendo financeiro, abortos constantes, separações conjugais, etc.) que afligem as pessoas, ou lugares, ocasionados por “pragas” lançadas por meio de palavras, ou pecados cometidos pelas pessoas ou lugares. Estas aflições repetem-se ao longo da descendência do indivíduo, ou lugar, pela gerência de espíritos maus. Assim, no futuro, será praticado o mesmo pecado que foi praticado no passado e haverá os mesmos sofrimentos que houveram no passado. 

Rebecca Brown define maldição da maneira como se segue:

“Muitos cristãos freqüentam a igreja com regularidade e es­forçam-se de todo o coração para terem uma vida piedosa. Entre­tanto, a despeito de todos os seus melhores esforços, tudo parece não dar certo. Não importa quanto se esforcem, ou quanto aconselhamento recebam, parece que nada funciona. Por exemplo, com que freqüência a gente ouve alguém fazer um comentário como este: “A minha vida ia indo muito bem até o dia em que aceitei Jesus Cristo. Então tudo passou a não dar certo!” Pode até ser que você mesmo tenha declarado algo assim!

Alguns cristãos não conseguem entender por que, apesar de tudo o que fazem, seus filhos viram-se contra eles e contra Deus e caminham pela vereda da destruição. Outros crentes, que aceita­ram o Senhor com alegria, cresceram espiritualmente por algum tempo, e então descobriram não terem condições de manter um relacionamento chegado com o Senhor. Sentem-se sem condições de ler e estudar a Bíblia ou de orar, e acabam perdendo o interesse, e vão de mal a pior. Outros ainda lutam durante toda a vida, num andar ora de novo com o Senhor, ora longe do Senhor, não conse­guindo estabelecer e manter um permanente andar com ele.

Tais problemas afetam igrejas inteiras, assim como a vida de pessoas em particular. Muitas igrejas caracterizam-se por nelas ocor­rerem muitos divórcios e outros problemas dessa ordem em sua membresia. Muitas lutam por anos mas nunca prosperam nem cres­cem espiritualmente. Com freqüência se dividem e mudam sempre de pastor. Mesmo quando parece que passam por um período de avivamento e de crescimento, logo tudo se perde: muitos membros saem, e a igreja acaba voltando à condição em que estava antes. Por que esse ciclo destrutivo ocorre?

Tais situações desencorajadoras podem resultar de vários fa­tores diferentes, mas uma razão, que normalmente é desapercebi­da, é haver uma maldição na vida de alguém, ou em sua família, que nunca foi quebrada. Muitas igrejas estão também debaixo de maldições. Esta é uma área que tem sido muito negligenciada no ensino cristão hoje em dia.” 44


Neuza Itioka, por sua vez, cita alguns casos que são tidos como maldição: 


“Sinais possíveis de maldições na Família: repetidas depressões emocionais, repetidas doenças crônicas, repetidos abortos, repetidos divórcios e separações, repetidos alcoolismo, incapacidade de se engravidar, contínua falta financeira, repetidas mortes prematuras, repetidas infidelidades, imoralidades e perversidades sexuais, predisposição para desastre, maldição de guerra.”45


2.3.3.1 A hereditariedade

Essa maldição pode ser hereditária; i, é, os sofrimentos acometidos pela maldição podem passar de pai para filho. “Elas podem ser herdadas [...] Passadas de geração a geração.”46 Assim, más ações dos antepassados podem ter um efeito mortal em nossas vidas. “Existe uma transmissão de heranças espirituais das gerações passadas, para nós.”47 Não somente os sofrimentos, mas também os pecados podem ser transmitidos. Desta maneira, se uma mulher é prostituta, sua filha também, e, sua neta, tem tendências imorais, com certeza há uma maldição nesta família que está sendo passada de pai para filho.

Vários exemplos são citados para ilustrar esta idéia. As constantes guerras entre tribos no continente africano é um desses exemplos. Segundo a doutrina de maldição hereditária, as guerras na África são conseqüências de pecados de adoração a demônios, ódio e massacres entre as tribos, cometidos por seus antepassados.

Assim “cada tribo é governada por um determinado demônio”48 que se encarrega que as tribos cometam os mesmos pecados e sofram as mesmas aflições de seu antepassados. Até mesmo na América ocorre violência entre gangues. Esta violência entre as gangues é ocasionada porque elas são compostas de negros que são alvo da maldição de seus antepassados africanos.

Desta forma, faz-se necessário reconhecer o pecado cometido pelos antepassados e confessá-los a Deus. Para apoiar esta idéia usa-se uma série de textos bíblicos ( principalmente vetero-testamentários) onde mostram que “toda vez que houve um avivamento em Israel, a primeira coisa que aconteceu na nação dos hebreus foi a confissão da iniquidade de seus antepassados”49. Dentre estes textos pode-se citar Neemias que incitou o povo a confessar os pecados de seus pais ( Ne 9:1-3); Daniel que confessou os pecados de seus antepassados ( Dn 9:16-17) e Esdras, que de semelhante forma, confessou os pecados de gerações passadas ( Ed 9:7).

Ilustrando este pensamento, Rebecca Brown em seu livro “Maldições não Quebradas”50, cita o caso de sua amiga Sandy. Sandy era uma cristã dedicada. No entanto foi-se constatado que estava com câncer no pâncreas. Sandy sabia que esta doença era uma maldição da família, pois todos os membros de sua família haviam morrido de câncer no fígado ou no pâncreas, ainda jovens. Porém, esta jovem senhora, por mais que tentasse não conseguia quebrar esta maldição. 

Sob o conselho de Rebecca, Sandy fez uma pesquisa da causa desta maldição em sua família e constatou que sua família possuía uma história de imoralidade sexual e divórcios. Somente ela possuía um casamento duradouro. Além de que poucos haviam-se convertido a Cristo. Depois de confessar estes pecados, Sandy foi fazer a cirurgia, e, neste momento, foi constatado que não estava mais com câncer.


3.3.2 Maldição em Objetos

De acordo com os mestres da doutrina de maldição hereditária, os objetos podem ser amaldiçoados. Isso significa que eles podem estar sob influência demoníaca ou, até mesmo, demonizados. Estando assim, estes objetos teriam o poder de influenciar negativamente o local ao seu redor e às pessoas envolvidas com ele. A simples presença desses objetos malditos em algum lugar, ou o seu uso, ou, até mesmo, um simples toque, pode acarretar em muito sofrimento para o indivíduo. Desta forma, faz-se necessário todo um cuidado com os pertences que há em casa, como também com aqueles que vai-se adquirir; por isso, “vasculhe a sua casa. Será que você tem estatuetas de entidades demoníacas em sua casa? [...] fique atento, porque muitos dos brinquedos infantis na verdade são estatuetas de demônios.”51

Estes objetos, geralmente, são pertencentes ao rito do culto afro, estatuetas e suvenirs indígenas, símbolos de outras religiões ou brinquedos infantis.

Para respaldar esta ideia, são citados vários versículos bíblicos como Lv 5:2; Ez 44:23; Nm 16:26; Dt 7:25-26; 2 Co 6:17.

Jorge Linhares, em seu livro Bênção e Maldição, expressa seu pensamento sobre o assunto da seguinte forma:

“Precisamos verificar se não temos permitido adentrar em nosso lar objetos que são por natureza amaldiçoados — objetos que temos de lançar fora e de preferência quei­mar ou destruir.

• Imagens de escultura ou ídolos. Deus proibiu termi­nantemente que tenhamos por objeto de culto qualquer imagem à semelhança de homem, de nada que existe nos céus, na terra, nem nas águas debaixo da terra; imagem, quadros ou gravura de santos, esculturas de Buda, etc. (Êx: 20.2,3).

• Objetos usados ou levados a centro espírita e terrei­ros de macumba para serem benzidos: lenços, roupas ín­timas, garrafas com chá, patuás, correntes, braceletes, fi­gas, pedras, amuletos em geral.

• Objetos de práticas ocultistas: baralho, cartas de tarô, horóscopo, búzios, roda de numerologia, pirâmides, duen­des.

• Quadros ou objetos artezanais, de origem desconhe­cida, e que transmitem mensagem deprimente, de pavor, de tristeza. As vezes pensamos que estamos lidando ape­nas com peças de artesanato, quando na verdade são sím­bolos de cultos ou cerimoniais pagãos.”52

Rebecca Brown concorda com Jorge linhares e, em seu livro, fala algo semelhante:

“Qualquer objeto que foi feito para uso no culto a Satanás é amaldiçoado e não pode ser purificado. Tem que ser destruído. Exemplos de coisas assim são ídolos, estátuas de santos e entida­des, e jóias com símbolos ocultistas. Cerca de metade das lem­branças de turismo encontradas nas lojas em todo o mundo são objetos amaldiçoados. Por quê? Porque com freqüência são arti­gos pertencentes à cultura local que geralmente têm envolvimento com algum tipo de culto a demônios.

Você já viajou para o exterior e trouxe para casa imagens esculpidas de entidades, como souvenirs? Em muitas igrejas por onde passei, a primeira coisa que vi ao entrar no gabinete pastoral foi um conjunto de lembranças trazidas de suas viagens ao exteri­or, e de suas viagens missionárias. Muito freqüentemente tais “lem­branças” incluíam estátuas de deuses demoníacos! Essas coisas tra­zem uma maldição para a vida do pastor e para a igreja.”53

Ainda argumentando sobre o conceito de maldição em objetos, Rebecca conta sua experiência com os artefatos do rei egípcio Tutancâmon. De acordo com Rebecca, em seu tempo como estudante de medicina, foi a uma exposição, realizada em seu país, dos objetos escavados do túmulo do Rei Tutancâmon do Egito. De corrente desta visita aos artefatos, Rebecca ficou muito doente por treze anos. Depois de muito sofrimento, chegou à conclusão que suas enfermidades foram conseqüência de sua exposição aos objetos amaldiçoados de Tuntancâmon.


2.3.3.3 Maldição em lugares

Os mestres da doutrina de maldição hereditária acreditam que não só objetos podem ser amaldiçoados mas, também, que lugares podem sê-lo. De acordo com estes mestres, casas, vilarejos, bairros, cidades, nações inteiras e, até mesmo, igrejas podem ser vítimas de maldição, acarretando aos seus moradores sofrimentos crônicos de miséria, pobreza, adultério, mortes prematuras, etc. 

Jorge Linhares, ensinando sobre isso, diz que as “cidades também podem estar amaldiçoadas; portanto, tudo o que há nelas – o povo, o solo, hospitais, fábricas, etc. – está sob maldição.”54

Rebecca Brown também fala do assunto:

“Uma terra e uma propriedade podem tornar-se amaldiçoadas por diversas razões. A primeira delas pode ser porque alguém, a serviço de Satanás, lançou uma específica maldição sobre uma de­terminada área. Muitas terras nos Estados Unidos acham-se amal­diçoadas pelos índios americanos. Um exemplo disso é a região do desfiladeiro do rio Colúmbia, na fronteira dos estados de Oregon e Washington. Os dois lados do rio Colúmbia estão pontilhados por uma série de pequenas cidades. Nessas cidades há muitas igrejas que são pequenas e derrotadas. Nunca ocorreu um avivamento ou um movimento maior do Espírito Santo naquela região.

A segunda maneira pela qual propriedades podem estar amal­diçoadas para os cristãos é por terem sido dedicadas ao serviço de Satanás e de espíritos demoníacos. Todo cristão que venha à pro­priedade para nela viver é oprimido por espíritos demoníacos resi­dentes no local, e é amaldiçoado por esses demônios.55

Finalmente, determinadas propriedades às vezes têm uma maldição em si por causa dos pecados dos antigos proprietários e residentes. Os espíritos demoníacos tomam residência na proprie­dade pelo pecado das pessoas que a possuem ou que moram nela. Uma outra pessoa que depois vem morar no local ficará sob opres­são por aqueles demônios (por suas maldições), a menos que a propriedade seja purificada.


2.3.3.4 O Poder das Palavras

Nos tempos do Velho Testamento, era comum entre as nações fetichistas, a crença em espíritos bons e maus que preenchiam toda a atmosfera. Estes espíritos poderiam ser manipulados para o bem ou para o mal através da magia. Esta magia era efetivada por ritos que incluíam sacrifícios e, também, palavras. Considerava-se que estas palavras “mágicas” tinham um poder em si mesmo para realizar o fim no qual foi proferida. Assim, vê-se Balaque pedindo para Balaão proferir um fórmula de maldição que provocasse a ruína de Israel ( Nm 22), como, também, Golias, esconjurando a Davi ( 1 Sm 17).

Da mesma forma, a doutrina de Maldição hereditária têm ensinado que as palavras proferidas pelo indivíduo têm o poder de trazer, a ele mesmo ou a outros, bênção ou maldição. Assim, o indivíduo deve prestar mais atenção no que diz, principalmente nas palavras negativas como: “você é um burro, não sabe fazer nada”, etc. Estas palavras são respaldadas por espíritos maus (demônios) que fazem com que se realizem.

Jorge Linhares fala sobre o assunto da forma como se segue:

“Maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado. Na maioria das vezes não temos cons­ciência de estar passando-lhe essa autorização; em geral o fazemos mediante prognósticos negativos, o que é po­pularmente conhecido como “rogar praga”. E um dizer profético negativo sobre alguém.

A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso de vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.

As pragas se cumprem.É por desconhecermos o poder de nossas palavras que vivemos amaldiçoando nossos filhos, nossos parentes, as autoridades, e, inclusive, nossos próprios negócios.

Quando usamos os lábios para amaldiçoar estamos cha­mando a nós o que existe no inferno.

É temerário amaldiçoar porque as maldições podem acarretar grandes consequências, dentre elas a opressão e a possessão demoníacas.”56

Kenneth Copeland, falando sobre o poder da palavra de trazer maldição, diz o seguinte: 

“A língua de vocês é o fator decisivo na sua vida.. Vocês podem controlar Satanás aprendendo a controlar a própria língua. Vocês têm sido condicionados, desde o nasci­mento, a falar palavras negativas, carregadas de sentimentos de morte. Inconscientemente, em sua conversação diária, vocês usam palavras que se referem a morte, enfermidade, ausência, te­mor, dúvida e incredulidade: Quase morri de susto! Estou morrendo de vontade de fazer isso ou aquilo. Pensei que ia morrer de tanto rir. Ainda morro disso! Isso me deixa doente! Essa confusão está acabando comigo. Acho que vou pegar um resfriado. Não aguento mais isso. Du­vido que... Quando proferem essas palavras vocês nem suspeitam do que acontece, mas estão trazendo sobre si mesmos forças negativas e brasas incandescentes... Suas palavras liberam os poderes de Satanás.”57

A Missão Shekinah também fala sobre isso da seguinte forma:

“Há poder em nossas palavras, para morte e para vida. Toda palavra que sai de nossa boca, é usada ou por satanás ou pelo Espírito Santo. Não há palavra perdida. Toda palavra torpe ou maldita é usada por Satanás para transformá-la em produto contra nós, ou contra quem pronunciamos. Toda palavra de benção é usada pelo Espírito Santo de Deus, para transformá-la em produto para abençoar nossas vidas, ou de quem abençoamos. Quantas vezes, apesar do Espírito Santo morar em seu interior, você usou a sua boca e lançou palavras. Talvez até em momentos de ira, nervosismo, e estas palavras estão ecoando até hoje como maldição: Contra você mesmo : “Eu não presto para nada”, “Eu sou gorda demais”; “Contra seu marido/esposa: “Você não presta”, “Você nunca será alguém na vida”; Contra seu salário : “Esta micharia de novo”, “Este mês não vai dar”; Contra seus filhos: “Você é burro”, “Você é preguiçoso”, “Você é rebelde”, “Você é igual ao seu pai ( mãe)”- pejorativamente, “Você é uma prostituta”. Às vezes recebemos palavras de maldição de nossos pais, irmãos, pessoas, etc. Temos autoridade no Nome de Jesus, para cancelar toda palavra de maldição, toda sentença laçada contra nós.”58


2.3.3.5 A feitiçaria

Magia é “ a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser alcançadas.”58 Esta magia envolve rituais que visam manipular os espíritos bons e maus para fazer, respectivamente, o bem e o mau a um determinado indivíduo ou lugar. 

A doutrina de maldição hereditária crê que maldições podem ser lançadas, com sucesso, à pessoas ( inclusive cristãs) e lugares, através de rituais de Feitiçaria, Magia Negra, Vodu, Umbanda, Candomblé e outros. Rebecca Brown comenta sobre isso:

“Pessoas envolvidas no ocultismo freqüentemente se voltam contra os cristãos. Eles têm que realizar vários rituais, ou ‘trabalhos’, para fazer com que os demônios realizem as tarefas que eles desejam.”59

Para melhor compreensão faz-se necessário ver alguns destes rituais. Um ritual muito interessante são os desenhos. Crê-se que existem determinados desenhos - feitos em muros, casas, igrejas, empresas, etc. -, de procedência ocultista, que são alojamento de demônios “observadores”. Então, estes demônios teriam a função de observar a região em redor e impor sofrimentos a quem ele foi destinado. Para quebrar esta maldição fa-ze necessário ungir com óleo o desenho e, em seguida, apagá-lo do local em que foi desenhado.

Um outro ritual usado para lançar maldições é o uso de objetos pessoais. Nesse ritual, o feiticeiro utiliza um objeto pessoal para realizar seu agouro à pessoa objeto.

Alguns, comumente usados, são as “fotos, fios de cabelo, pedaços de unha e roupas da pessoa. Essas coisas são usadas como marcadores. O espírito demoníaco envolvido com tais rituais exige essas coisas para que possa identificar a pessoa a quem ele está sendo enviado para afligir.”60 Para quebrar esta maldição, faz-se necessário pedir para Deus destruir o objeto que está de posse do feiticeiro e, em seguida, expelir todos os demônios oriundos desta maldição.

A maldição pode ser lançada, também, através de animais ou bichinhos de estimação e presentes recebidos. Neste caso, o feiticeiro pode lançar uma maldição sobre o animal da pessoa ou colocar um feitiço em um objeto e presentear a pessoa com este objeto. Em ambos os casos, a conseqüência são infortúnios para a pessoa objeto. Neste dois casos, a maldição é desfeita através da unção com o óleo.


2.3.3.6 Espíritos Familiares
 

Um outro conceito da doutrina de maldição hereditária, amplamente divulgado, é o de “espíritos familiares”. Espíritos familiares são demônios que, devido ao pecado de algum antepassado, acompanha geração a geração, impondo-lhes aquele mesmo pecado. Se uma determinada pessoa comete o pecado de adultério, por exemplo, ela deu oportunidade a demônios de transmitirem os mesmos pecados à sua descendência.

Ricardo Mariano define esta idéia da seguinte forma:

“Os que pregam acerca de tais espíritos crêem que um indivíduo, crente ou não, tendo ancestral que pecara ou mantivera ligações com espiritismo, idolatria ou quaisquer práticas religiosas antibíblicas, carrega consigo a maldição provocada pelo demônio herdado. Para libertar-se, precisa renunciar ao pecado e às ligações demoníacas de seus ancestrais e ‘quebrar’, por meio do poder de Deus posto em ação pelo culto de intercessão, as maldições hereditárias.”61

O texto mais usado para defender esta idéia é Lv 19:31, na versão “King James”:

“Não vos voltarei para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor.” 

Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as maldições”, explica este pensamento da maneira como se segue: 

“Deus tão somente entrega aquela família ou indivíduo, a sofrer as ações dos espíritos familiares que induziam seu antepassados àquelas práticas pecaminosas. Desta forma, as heranças espirituais são transmitidas de geração a geração e é por isso que se cumpre o provérbio popular: Tal pai... Tal filho.”62

“Há um acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.”63

Segundo Robson Rodovalho, estes espíritos familiares são encarregados de transmitir maldições para as gerações posteriores. Seus campos de atuação são: casamento, violência, enfermidade, vícios, loucura e destruição das finanças.

A Missão Evangélica Shekinah ainda fala sobre isso da seguinte forma: 

“O problema teológico é facilmente explicado. O pecado dá direito legal à satanás de gerar consequências nas gerações futuras. 

Ele se utiliza de espíritos malígnos familiares, demônios específicos que controlam cada família. 

Veja porque no espiritismo realiza-se uma sessão chamada de consulta ao morto (falecido). Muitos, por ignorância, crêem que o espírito que incorporou no médium é verdadeiramente do falecido, pois ele fala como se fosse o falecido, diz as coisas que ele gostava, etc. Mas na verdade, é o espírito familiar maligno que acompanha aquela família, por alguma legalidade. Estes espíritos familiares cumprem a função descrita em I Pedro 5: 8 “...o diabo, vosso adversário, anda em derredor...”, pois ele não é onipresente. Eles acompanham aquela família, geração após geração, esperando uma brecha para penetrar (assim como no caso de Judá até Davi). Também se utilizam da ignorância do homem.”64

A Missão Shekinah ainda falando sobre isso, oferece uma lista de áreas onde estes espíritos familiares atuam. Entre estas está: 

“Espíritos familiares na área de temperamentos e caráter: 01. Injustiça 02. Dolo 03. Detratação (depreciar, reputação) 04. Assaltos 05. Assassinatos 06. Furtos 07. Fraudes 08. Falta de misericórdia 09. Difamação 10. Maldade 11. Calúnia 12. Injúria 13. Crueldade 14. Malignidade 15. Orgulho 16. Vaidade 17. Presunção 18. Cobiça 19. Covardia 20. Mentira 21. Rebeldia 22. Maledicência 23. Malícia 24. Ganância 25. Avareza 26. Dissenção 27. Brigas 28. Rixas 29. Língua Desenfreada 30. Ciúmes 31. Inimizades 32. Porfias 33. Criticismo 34. Murmuração 35. Timidez 36. Vingança 37. Ódio 38. Ira 39. Inveja 40. Engano 41. Medo 42. Pânico 43. Devaneios (fantasias) 44. Procrastinação (demora em tudo) 45. Infidelidade a Deus e aos homens 46. Maus tratos às crianças(espancamento, julgamento, falta de respeito) 47. Delação de pessoas inocentes 48. Amaldiçoar os pais e os descendentes 49. Morte 50. Suicídio 51. Acidentes e desastres 52. Vícios, Álcool, drogas, jogos, etc. Espíritos familiares ligados à seitas e religiões: 01. Espiritismo - Kardecismo, Umbandismo, Candomblismo, Macumbaria, satanismo,etc. 02. Idolatria - católica romana 03. Seitas diversas: Maçonaria, Rosa Cruz , Pró-Vida, Nova Era, Mormonismo, Testemunha de Jeová, etc. 04. Cangaço, Canibalismo, Guerras religiosas, Sacrifício de crianças, pessoas e animais. Perseguição aos judeus e cristãos (italiano, alemão) 05. Incredulidade em todas as formas. Colaboração para construção de templos pagãos. Espíritos familiares ligados à area de comportamento social: 01. Guerras (todos os tipos, politico, social, religioso); 02. Revolução (esp. revolucionário) 03. Facismo; 04. Nazismo 05. Comunismo 06. Racismo 07. Racionalismo 08. Despotismo (poder absoluto) 09. Intelectualismo 10. Materialismo 11. Anarquismo 12. Consumismo 13. Feudalismo 14. Terrorismo 15. Colonialismo 16. Preconceitos 17. Fazer acepção de pessoas 18.Traição 19. Máfia 20. Contrabando 21. Autoritarismo 

22. Controle 23. Mau uso de poder 24. Opressão aos pobres 25. Prejudicar víuvas, órfaos, pobres, utilizando-se de meios escusos 26. Falsos testemunhos 27. Derrota 28.Miséria 29. Síndrome de bancarrota 30. Violência social 31. Mutilação de pessoas 32. Cárcere privado 33. Executor como carrasco, pistoleiro 34. Pirataria 35. Tráfico de escravos 36. Escravatura 37. Roubo de tesouro e terras 38. Espólio (tirar por fraude 

ou violência) 39. Saques de aldeias 40. Tortura de pessoas”65. 


2.3.3.7 Árvore Genealógica

Segundo os pregadores da “maldição hereditária”, quando se constata alguma maldição na vida de alguém, de alguma coisa ou lugar, deve-se pesquisar os motivos pelos quais a maldição teve amparo; i, é, a “brecha”. No caso de coisas, pode-se fazer uma pesquisa de sua procedência - quase sempre, são objetos oriundos de culto afro -. No caso de lugares, é necessário fazer uma pesquisa – em muitos casos muito dispendiosas – para se descobrir as causas da maldição. Por exemplo, o Brasil sofre a maldição da miséria porque na colonização os portugueses abriram “brecha” roubando o tesouro nacional e, os políticos de hoje, ainda causam esta brecha. No caso de pessoas, faz-se necessário pesquisar os ancestrais do indivíduo, para ver se alguém, no passado, cometeu algum pecado e, consequentemente abriu a “brecha”, desencadeando uma maldição. A essa pesquisa dos ancestrais chama-se árvore genealógica.

Vejamos o que diz Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as maldições” : 

“...quando percebemos existir maldições hereditárias nas pessoas, pedimos para que ela faça uma gráfico da árvore genealógica, até a Quarta ou Quinta geração ou até onde tem informações. E tentem escrever como foram aqueles antepassados. Como foram suas práticas, vícios e a história da vida deles. 

A partir dali, tentamos discernir se existem maldições que entraram na família, e em oração os quebrar. Temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados tiveram, e quebrar os pactos que fizeram.”66

Ainda instruindo seus leitores a realizar tal prática, Robson Rodovalho indica como fazer esta árvore genealógica: (1) Começar desenhando as raízes que representam a herança familiar; (2) Desenhar o solo que representa o apoio com que conta a família; (3) Pensar e desenhar o tipo de árvore que deseja representar; (4) Desenhar um galho representando cada pessoa da família; (5) Colocar o nome da família na parte superior do desenho; (6) Comentar sobre o desenho ao cônjuge. 


2.3.3.8 Outros Procedimentos para se quebrar a maldição 

Fazer a árvore genealógica não basta para quebrar uma maldição, isso somente informa sobre os motivos pelos quais ela está afligindo alguém. Quais seriam, então, os procedimentos, a se tomar, depois que se descobre a existência da maldição? De acordo com os mestres da doutrina da maldição hereditária, existem certos procedimentos que deve-se tomar a fim de quebrar as maldições:

(1) Reconhecer que Cristo tomou sobre si as nossas maldições; i. é, reconhecer que não se precisa tolerar a maldição, pois, Cristo, levou o fardo de todas as maldições; portanto, qualquer maldição que, porventura, o indivíduo possa levar é, meramente, fruto de seu conformismo. 

(2) Pedir perdão pelos antepassados. Deve-se assumir o pecado cometido pelo antepassado, confessando e arrependendo-se dele.

(3) Orar quebrando, rejeitando, anulando, negando, renunciando as maldições. Assim fazendo, todos demônios ligados a maldição são expelidos.

Sobre isso, Robson Rodovalho fala da seguinte forma: 

“Faça uma lista das características pecaminosas da sua família e ore fazendo campanhas, renúncias, para quebrar estas maldições em seu viver, Que não haja nenhuma maldição , nenhum legado sobre a sua vida, que seus pais possam Ter transmitido, mas que seja quebrado trazendo a única herança da bênção, a bênção de Cristo Jesus.”67

Rebecca Brown instrui a quebrar a maldição da seguinte forma:

“Se a maldição proveio de Satanás, e ele teve direito legal para fazer isso, tome os seguintes passos:

§ PRIMEIRO PASSO: Confesse e reconheça o pecado que deu a Satanás e/ou a seus servos o direito de lançar uma maldi­ção em você. Arrependa-se e peça a Deus perdão e purificação.

§ SEGUNDO Passo: Em voz alta, tome autoridade sobre a mal­dição em nome de Jesus Cristo e ordene que ela seja que­brada de imediato.

“Por exemplo: “Em nome de Jesus Cristo eu tomo autoridade sobre esta maldição e ordeno que ela seja quebrada agora!”

§ TERCEIRO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com tal maldição que saiam de sua vida ime­diatamente, em nome de Jesus.

Por exemplo: “Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição saiam da minha vida agora!”

Se Satanás o amaldiçoou sem ter tido o direito legal para tanto, então tome os seguintes passos:

§ PRIMEIRO PASSO: Falando em voz alta, tome autoridade so­bre a maldição, em nome de Jesus Cristo, e ordene que ela seja quebrada de imediato.

Por exemplo: “Em nome de Jesus Cristo, eu tomo autoridade sobre esta maldição de... e, ordeno que seja quebrada agora!”

§ SEGUNDO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos re­lacionados com a maldição que lhe deixem imediatamente.

§ Por exemplo: “Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição vão embora da minha vida agora!”68.


2.3.4 A Malidição hereditária à luz das Escrituras 


2.3.4.1 Etimologia da palavra “Maldição”


Segundo o Novo Dicionário de língua portuguesa69, “maldição” vem do Latim “maledictione” e significa o ato ou o efeito de amaldiçoar ou maldizer; praga; desgraça, infortúnio, calamidade.

Existem quatro palavras hebraicas que, geralmente, são traduzidas como maldição. São elas: ‘arar ( gr. Kataraomai), ‘alâ ( gr. Epikataratos), qälal (gr. Kataraomai) e qäbab.

‘arar

A palavra hebraica ‘arar é um verbo que tem como raiz ‘-r-r. Citando Brichto, o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento diz que ‘arar vem da palavra acadiana aräru que tem o sentido de “capturar, prender”. Segundo o Dicionário, ‘arar significa, portanto, “prender (por encantamento) , cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir”70. O sentido é de banimento ou estado de inexistência de Bênçãos.

Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento71, quando a palavra ‘arar é usada, ela está envolvendo três categorias gerais: (1) Declaração de punição ( Gn 3:14,17); (2) proferir de ameaças ( Jr 11:3; 17:5; Ml 1:14); (3) proclamação de leis ( Dt 27:15-26; 28:16-19). 

Assim sendo, todas estas categorias envolvem a conseqüência da quebra do relacionamento de alguém com Deus, i. é, o estado a que se chegou por ter quebrado a aliança, um estado de separação, de banimento.

‘älâ

Esta palavra é usada 35 vezes no Antigo Testamento. É um substantivo usado para expressar o juramento solene entre os homens ( Gn 24:41; 26:28) e entre Deus e os homens ( Nm 5:21 e ss; Jz 17:2; 1 Rs 8:31). 

A palavra derivada ta’älâ tem o sentido de “punição para um juramento quebrado”. Ela ocorre somente uma vez no Antigo 

Testamento, em Lm 3:65: “Tu lhe darás cegueira de coração, a tua maldição imporás sobre eles.”

Qälal

Esta palavra é usada 42 vezes no Antigo Testamento. Significa “ser sem importância, insignificante, coisa pouco valorizada”. A raiz desta palavra, q-l-l, ocorre 130 vezes e exprime a idéia de desejar a outra pessoa uma posição inferior. Em Ne 13:25, vê-se Neemias pronunciando uma qälal, i, é, uma fórmula de maldição. Em 2 Mac 4:2 encontramos esta expressão traduzida da seguinte forma: “ falar mal de...”

Qelälä é o substantivo derivado de qälal.. A ênfase dada neste substantivo exprime a idéia de ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Ou seja, a fórmula de maldição seria a expressão do estado de maldição. É a idéia ( pensamento) da posição de insignificância. Esta palavra representa o estado descrito e possível ( Dt 11:26; 30:19), enquanto que ‘arar é o próprio estado a que se chegou.

O Dicionário internacional de Teologia do Antigo Testamento, tratando sobre isso, comenta da seguinte forma:

“Os pagãos achavam que os homens eram capazes de manipular os deuses. É por isso que Golias amaldiçoou Davi ( 1 Sm 17:43) e Balaão foi chamado a amaldiçoar Israel ( Nm 22:6). Entretanto a maldição infundada não possui efeito algum ( Pv 26:2). Somente as fórmulas divinas ( de Bênção e maldição) são eficazes ( Sl 37:22). Conforme Deus disse a Abraão, “os que te amaldiçoarem [ qälal ]” ( i. é, pronunciarem uma fórmula) “[ eu os] amaldiçoarei [‘arar]” ( i. é, eu os porei na posição de vergonha que te desejarem). Amaldiçoar o profeta de Deus eqüivalia a atacar o próprio Deus e a trazer sobre si o juízo divino, como foi o caso com os rapazes que difamaram ( cf. qälas) Eliseu e foram por este amaldiçoados ( qälal, 2 Rs 2:24)”72. 

Qäbab

Uma outra palavra traduzida como maldição é qäbab. Esta palavra ocorre 15 vezes no Velho Testamento. Ela exprime a idéia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo. A ênfase desta palavra é o poder inerente às palavras para provocarem o mal desejado. Ela aparece, principalmente, nas narrativas de Balaão e Balaque ( Nm 23:8). Isso se da, talvez, porque Balaque cria na possibilidade da magia ( fórmulas que prejudicavam ao objeto) e por querer utilizar-se desta magia.


2.3.4.2 A Maldição nas culturas antigas 

Nas culturas antigas, era ordinária a busca pelo sobrenatural quando os métodos naturais não tinham eficácia diante de suas necessidades. Essa busca pelo sobrenatural era conhecida como “magia”. A magia era “ a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser alcançadas.”73 Sobre isso comenta Antônio Neves: 

“Desde tempos imemoriais se cultivava a magia. A idéia fetichista de que o mundo está povoado de maus e bons espíritos e que os maus podem ser propiciados por meio de oferendas, rezas e tantos outras invenções pagãs, oferecia vasto campo a explorações nas crendices populares. Todos os povos palestinos eram dados a essas práticas, mesmo que não sejam considerados propriamente povo fetichista, mas apenas idólatras.”74 

Lothar Coenen também fala da seguinte forma:

“No pensamento da antigüidade, a palavra tem poder intrínseco que é liberado pelo ato de pronunciá-la, e independente deste ato. A pessoa amaldiçoada é assim exposta a uma esfera de poder destrutivo. A maldição opera de modo eficaz contra a pessoa execrada, até que se esgote o poder inerente na maldição.”75 

No Egito, a magia era efetivada através de rituais que representavam o resultado desejado; i, é, se o mágico quisesse destruir o inimigo, ele faria uma imagem de cera de seu inimigo e, em ritual, destruiria o boneco. A magia também era efetivada através de pronunciamentos de palavras que eram tidas como eficazes para a efetivação do encantamento. Em geral, a magia era utilizada para beneficiar os vivos e os mortos. 

Segundo Douglas, as funções das magias egípcias podem ser classificadas da maneira como se segue: “Defensiva, produtiva, prognóstica, malévola, funerária e operadora de maravilhas.”76

A magia defensiva visava a defesa contra coisas que podiam lhes afligir, como serpentes, escorpiões, etc. A magia produtiva era utilizada para facilitar diversas ocasiões da vida como o parto, a relação sexual e abrandar más condições atmosféricas. A magia prognóstica tinha como finalidade a predição de acontecimentos futuros. A magia malévola, ainda que punida pela lei, era empregada para acometer alguma espécie de mal aos outros. A magia funerária visava prover capacitação aos mortos para vencerem dificuldades no mundo vindouro. Por fim, a magia operadora de milagres concedia aos mágicos renome, por desvendar suas habilidades miraculosas.

Os medos e persas também tinham elementos de magia em sua cultura e, principalmente, em sua religião oficial. Sua magia originou-se, principalmente, dos sumérios de 3.000 a.C. O Zoroastrismo é uma religião de origem persa. Interessante notar ( a fim de ressaltar o envolvimento desta cultura nas artes mágicas) que os sacerdotes do zoroastrismo são chamados de “magi” e esta é a origem da palavra portuguesa “mágica”. Esta mágica era praticada com o mesmo sentido que era praticada no Egito. Ela visava os interesses tanto dos vivos como dos mortos. Como no caso do Egito, a magia era praticada por sacerdotes eruditos. Chanplim divide em três as técnicas empregadas pelos medo-persa na magia: 

“1. técnicas puramente práticas; 2. técnicas cerimoniais; 3. técnicas que combinam o prático com o cerimonial. Na magia prática, o indivíduo simplesmente faz algo que foi declarado como bom pelo feiticeiro ou sábio. Realiza certos atos. Na magia ritualística, há encantamentos e agouros, algumas vezes acompanha­dos por ritos sacrificiais elaborados. Divindades, demônios, forças cósmicas, forças da natureza, etc., são invocados como auxílios. Acredita-se que certas palavras revestem-se de poder, e que certas orações, declarações, etc., necessariamente atraem os poderes superiores. Certos atos podem ser reforçados por rituais e orações, e nisso temos algo que pertence à terceira classificação de técnicas.”77

A civilização hindu elaborou-se por volta de 1500 a 800 a.C. Sua religião era marcada pelo conformismo às regras e costumes, como também às práticas mágicas bastante numerosas. Também era marcada pelo panteísmo, onde a divindade ficava à disposição do homem que pode manipulá-la através do sacrifício ou devoção. A magia nesta civilização era comum. Ela envolvia todos os aspectos da vida: saúde, trabalho, sexo, etc. Suas principais maneiras de se fazer magia são alistadas por André Aymard e Jean Auboyer: 

“Fórmula murmurada (mantra), as transferências dos problemas humanos para objetos ou animais, enfim, encantos e amuletos que devem assegurar a longa vida, curar ou combater as doenças, afastar as más influências, banir os aborrecimentos e sofrimentos, conquistar o amor do ser amado etc.”78

A vida civilização chinesa era marcada pela crença em um mundo divino e demoníaco, cujo favor deve ser buscado. Para que isso acontecesse, o indivíduo deveria saber quais os deuses e espíritos que lhe correspondiam, a partir de sua posição social, função e dever. No ritual para se buscar o favor desses espíritos “a oração tem um valor de certo modo mágico e opera por si mesma, se pronunciada corretamente, no momento desejado e nas circunstâncias pedidas.”79

Assim, era comum a crença em maldições. Para estes povos, a maldição era um desejo exteriorizado em forma de palavras ou, até mesmo, de ritos; estas palavras e ritos, segundo se pensava, tinham o poder intrínseco de realizar o desejo expresso. 

William L. Coleman, definindo o termo “encantamento”, diz o seguinte: 

“Eram formas de tentar afetar a vida de outrem para o bem ou para o mal por meio de dizeres ou magias. Tais práticas foram largamente empregadas durante o período da história bíblica... Aquele povo tinha muita fé em bênção e maldições.”80 

De semelhante forma, Chanplin define encantamento da seguinte forma: 

“Os encantamentos são aquelas práticas, comuns entre os povos primitivos, de usar fórmulas verbais ou ritos mágicos que encorajariam os poderes sobrenaturais a entrar em ação, praticando o bem ou o mal, abençoando ou amaldiçoando as pessoas, exorcizando os demônios, provocando experiências místicas ou curando enfermidades. Essas fórmulas verbais são faladas ou entoadas e, geralmente, fazem parte de rituais para todos os tipos de ocasiões.”81 

Mary J. Evans, também comenta sobre o assunto da seguinte forma: 

“Na Mesopotamia, parece que aquela vida foi dominada lidando com o terror de maldições e agouros. Estas maldições eram invocadas por indivíduos e a sensação é que os deuses não podiam escolher não agir. A pessoa tinha a impressão que a maldição age totalmente independentemente da relação entre o indivíduo e os deuses dele.”82

Um exemplo desta crença antiga, é o caso de Balaão e Balaque ( Nm 22,23). Balaque era um rei Moabita que contratou Balaão para amaldiçoar Israel. As palavras de Balaque expressam sua crença no poder intrínseco das palavras em trazer benefícios ou malefícios ao seu objeto: 

“Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais poderoso do que eu; para ver se o poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.” ( Nm 22:6). 

Já vimos que a palavra hebraica usada por Balaque foi “qäbab”, que exprime a idéia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo. Isto ilustra, como diz Russel Shedd, “ a crença popular que o próprio fato de um profeta prenunciar algo traria o efeito profetizado.”83


2.3.4.3 A Maldição em Gênesis 

O nome do primeiro livro da Bíblia vem da palavra hebraica berëshît, “no princípio”. Quando foi transliterada para o grego da LXX, teve o significado de “origem, fonte”. Este nomes são perfeitamente adequados para o teor do livro. O livro trata das origens de todas as coisas. Sobre a estrutura do livro, Lasor, Hubbard e Bush, falam da seguinte forma:

“O livro tem duas partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a história patriarcal ( tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26). Gênesis 1-11 é um prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e do pecado. Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”84

Desta forma, o livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a origem da maldição. Nós vemos a ocorrência da maldição no capítulo 3, 4, 9, 12, 27 e 49. A primeira passagem que ocorre a palavra “maldição”, é Gn 3:14: 

“ Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”

Pode-se perceber neste texto que é impossível separar a maldição do pecado. A palavra hebraica usada aqui para “maldição” é ‘arar. Portanto, o sentido aqui, é que a serpente seria “banida” de todos os animais, i. é, ela passaria a viver em um estado de inexistência de Bênçãos devido ao seu pecado e, semelhantemente, o solo (“maldita é a terra por tua causa”) seria impedido de conceder sua fertilidade ao homem, devido ao pecado deste.

É como diz Kaiser: “Em cada caso foi declarada a razão da maldição: (1) Satanás logrou a mulher; (2) a mulher escutou a serpente; e (3) o homem escutou a mulher – ninguém escutou a Deus.”85

Da mesma forma, Caim foi “maldito desde a terra” ( 4:11), ou seja, “banido de usufruir de sua produtividade”86, ou melhor, “os labores de Caim como agricultor seriam vãos; portanto, ele teria de andar pela terra como um vagabundo”87 , e essa maldição foi conseqüência de seu pecado, o homicídio. Da mesma maneira, Canaã tornou-se maldito ( Gn 9:25); ou seja, foi colocado em um estado inferior ( como diz Davidson: “talvez significasse a subjugação final dos cananeus a Israel”88; e Halley : “Os descendentes de Cão seriam raças de servos”88), por ter participado vulgarmente do triste incidente. 

Em Gn 12: 3, essa idéia também é expressa. Deus diz a Abraão que abençoaria o que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem. A maldição ( ‘arar) de Deus; i, é, o estado de inexistência de Bênçãos, alcançaria aqueles que desejassem, e expressassem em palavras, esse estado para Abraão.

Nesse mesmo contexto, é importante notar-se o entendimento que Jacó tinha desta ligação do pecado com a maldição. Em Gênesis 27: 11,12, vê-se o estratagema de Jacó e sua mãe para usurpar a bênção de

Esaú. Receoso, Jacó diz à sua mãe: “Dar-se-á o caso de meu pai me apalpar, e passarei a seus olhos por zombador; assim, trarei sobre mim 

maldição e não bênção.” A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ. Como já vimos, a idéia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Assim, Jacó tinha receio que suas maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de Bênção. 

Da mesma forma, Jacó, mas à frente ( Gn 49:7), expressa, ainda, este conceito, quando diz que Simeão e Levi eram malditos. É importante notar-se que este “rebaixamento” de Simeão e Levi se deu por causa do massacre que infringiram à Siquém. 

Portanto, no livro de Gênesis, a maldição está diretamente ligada ao pecado e significa basicamente um estado. Estado esse que seria desfavorecido em relação ao estado anterior que era abençoado por Deus, por conseqüência da quebra do relacionamento com Ele.


2.3.4.4 A Maldição Em Deuteronômio

A origem da palavra portuguesa “deuteronômio” remonta à expressão hebráica ‘ëlleh haddebärîm, “são estas as palavras”. Esta expressão hebráica foi transliterada para a palavra grega “deuteronomion” que significa “segundo livro da lei” ou “segundo pronunciamento da lei. Assim, os tradutores intitularam este livro fazendo uma alusão clara a primeira ocorrência da lei, em Êxodo. Fizeram isso por que o conteúdo do livro é exatamente esse. Em Êxodo, Levítico e Números as leis foram promulgadas, agora, prestes a entrar em Canaã, a lei estava sendo recapitulada. 

Pensando assim, o livro de Deuteronômio tem sido dividido em três discursos. Lasor, Hubbard e Bush tecem o seguinte esboço de Deuteronômio: 


“Introdução (1.1-5)

Primeiro Discurso: Atos de Javé (1.6—4.43)

Sumário Histórico da Palavra de Javé (1.6-3.29)

Obrigações de Israel para com Javé (4.1—40)

Nota sobre Cidades de Refúgio (4.41-43)

Segundo Discurso: Lei de Javé (4.44—26.19)

As Exigências da Aliança (4.44—11.32)

Introdução (4.44-49)

Dez Mandamentos (5.1-2 1)

Encontro com Javé (5.22-33)

Grande Mandamento (6.1-25)

Terra da Promessa e Seus Problemas (7.1-26)

Lições dos Atos de Javé e Reação de Israel (8.1—11.25)

Alternativas diante de Israel (11.26-32) 

Lei (12.1—26.19)

Acerca do Culto (12.1—16.17)

Acerca dos Juízes (16.18—18.22)

Acerca dos Criminosos (19.1-21)

Acerca da Guerra (20.1-20)

Miscelânea de Leis (21.1—25.19)

Confissões Litúrgicas (26.1-15)

Exortações Finais (26.16-19)

Cerimônia a Ser Instituída em Siquém (27.1—28.68)

Maldições pela Desobediência (27.1-26)

Bênçãos pela Obediência (28.1-14)

Maldições pela Desobediência (28.15-68)

Terceiro Discurso: Aliança com Javé (29. 1—30.20)

Propósito da Revelação de Javé (29.1-29)

Proximidade da Palavra de Deus (30.1-14)

Escolha Colocada diante de Israel (30.15-20)

Conclusão (31.1—34.12)

Palavras Finais de Moisés; seu Cântico (31.1—32-47)

Morte de Moisés (32.48-34.12)”.89

Deste modo, pode-se notar que a lei é o tema dominante em todo o livro. No entanto, diretamente ligado a este assunto, pode-se ver o subtema: maldição. A maldição está presente nos capítulos 11, 27, 28, 29 e 30. É importante notar-se que em todas as ocorrências, a maldição está diretamente ligada com o tema: lei. No capítulo 11: 26-28, o autor adverte:

“Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”

No capítulo 27, inicia-se uma série de instruções sobre as cerimônias de bênçãos e maldições. Seis tribos deveriam subir ao monte Gezirim e as outras seis deveriam subir no monte Ebal. As primeiras realizariam um ritual de Bênção e as outras realizariam um ritual de maldição. A lista de maldições era constituídas por doze declarações. Todas, iniciavam da forma como se segue: “maldito o homem..” ou “maldito aquele...”. Esta expressão tem o propósito de revelar o estado decorrente da quebra de mandamentos espirituais, sociais e sexuais. 

No capítulo 28 têm-se relatado algo semelhante ao capítulo imediatamente anterior: o estado decorrente da desobediência da lei. Paul Hoff comenta sobre estas maldições da seguinte forma:


“A obediência traria bênçãos e a desobediência acarretaria em maldição... A desobediência traia as seguintes maldições ( 28: 15-68):

1) Maldições pessoais ( 16-20);

2) Peste (21,22); 

3) Estiagem (23,24); 

4) Derrota nas guerras ( 25-33); 

5) Praga ( 27,28,35); 

6) Calamidade ( 29); 

7) Cativeiro ( 36-46);

8) Invasões dos inimigos (45-47); 

a. Devastação da terra, 47-52 (cumpriu-se na invasão dos assírios e babilônicos)

b. Canibalismo em tempo do cerco, 53-57 ( ver II Rs 6:28; Lm 2:20). 

9) Pragas ( 58-62);

10) Dispersão entre as nações ( 63-68).”90

Nos capítulos 29 e 30 também vemos a mesma proposta dos capítulos anteriores; i, é, a bênção para os obedientes e a maldição para aqueles que quebrarem a aliança.

Pode-se notar, portanto, que a maldição no livro de Deuteronômio é um estado de ausência de bênção, decorrente da quebra dos mandamentos da aliança. Assim, maldição é consequência. É a “perda da presença e favor especiais de Deus... e a perda da condição de povo do reino de Deus.”91 Lasor resume o assunto com as seguintes palavras:

“A afirmação do apóstolo Paulo, “o salário do pecado é a morte” 

( Rm 6:23) é um resumo adequado dessas maldições sombrias e amargas. Desdenhar as exigências da aliança divina ou rebelar-se contra elas era transformar o Salvador em Juiz.”92 


2.3.4.5 A Maldição nos Livros Proféticos
 

Falando em uma perspectiva histórica, os livros históricos do Antigo Testamento contêm a história da ascensão e queda de Israel. Os livros poéticos pertencem a era dourada Judáica. Já, os livros proféticos estão inseridos nos dias da queda de Israel.

Os livros proféticos são 17, contendo 16 autores. Desses 16 autores, 13 relacionaram-se com o período de destruição da nação hebráica e 3 com a restauração da mesma.

O período do profetas cobriu por volta de 400 anos, de 800 a 400 a.C. Iniciou-se com a apostasia das dez tribos ao término do reinado de Salomão. O reino do norte adotou, como religião oficial, o culto ao bezerro ( uma estratégia política) e logo depois somaram ao culto a Baal, consequentemente deixando o culto a Javé. O ápice desta apostasia e o acontecimento central deste período foi a destruição de Jerusalém. Diretamente relacionados a este acontecimento estiveram 7 dos 16 profetas. Esse fato histórico desencadeou a maior intensidade de atividade profética para, se possível, evitá-lo.

A mensagem profética é resumida por Halley da maneira como se segue:

“1. Procurar salvar a nação de sua idolatria e impiedade.

1. Falhando nisso, anunciar que a nação seria destruída.

2. Não porém completamente destruída. Um remanescente seria salvo.

3. Do meio desse remanescente sairia uma influência que se espalharia pela terra e traria a Deus todas as nações.

4. Essa influência seria um grande Homem, que um dia se levantaria na família de Davi. Os profetas chamaram-no de “REBENTO”. A árvore da família de Davi, que fora a mais poderosa do mundo, foi cortada nos dias dos profetas, para governar um reinozinho desprezado que tendia a desaparecer; uma família de reis sem reino: esta família faria uma volta espetacular. Reaparecia. Do seu tronco brotaria um renovo, um rebento tão grande que se chamaria O Rebento.”93

Lasor também da uma contribuição ao assunto dizendo:

“Um estudo cuidadoso dos profetas e de sua mensagem revela que estão profundamente envolvidos na vida e na morte da própria nação. Ele falam do rei e de suas práticas idólatras, de profetas que dizem o que são pagos para dizer, de sacerdotes que não instruem o povo na lei de Javé, de mercadores que empregam balanças adulteradas, de juízes que favorecem o rico e não oferecem justiça ao pobre, de mulheres cobiçosas que levam o marido a práticas malignas para que possam nadar no luxo.”94

Pode-se notar, portanto, que a mensagem profética está diretamente ligada com o pecado do homem; i, é, Israel e as nações haviam infringido as leis de Deus e agora estavam sendo exortados a arrepender-se e, se não o fizessem, estariam a mercê do julgamento divino. 

A palavra “maldição” e seus derivados, encontra-se em 25 capítulos dos livros proféticos. É relevante notar-se que em todas essas referências, a maldição possui o mesmo significado que possui em Gênesis e Deuteronômio; i, é, um estado de ausência de Bênçãos por conseqüência do pecado. Assim, Isaías profetizando contra Tiro, diz que “Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão” ( Is 24:6); da mesma forma, profetizando contra Israel, Jeremias diz: “Por que assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e o meu furor sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; sereis objeto de maldição, de espanto, de desprezo e opróbrio e não vereis mais este lugar ” ( Jr 42:18). Também neste mesmo teor, pode-se ver Daniel chegando à conclusão do motivo do sofrimento da nação: “Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti ” ( Dn 9:11). Zacarias também expressa o mesmo pensamento quando diz que a maldição alcançará todo aquele que não guardar toda a lei ( Zc 5:3), e, também, Malaquias, quando diz que os sacerdotes seriam infligidos pela maldição por não temerem ao Nome de Javé ( Ml 2:1).

Nos livros proféticos, portanto, bem como nos livros já estudados, a maldição está ligada diretamente com a desobediência à lei de Deus. Esta maldição é o estado a que se chegou por ter-se rebelado contra o Sagrado. 


2.3.4.6 A Maldição e Satanás

Faz-se relevante aqui, esclarecer a relação da maldição vetero-testamentária e a ingerência de Satanás.

Rebecca Brown em seu Livro “Maldições não quebradas”95, explica que as maldições podem ser divididas em categorias. Essas categorias são: as maldições dadas por Deus, as maldições feitas por Satanás e os seus subalternos com direito para fazê-lo, e as maldições feitas por Satanás sem direito para fazê-lo.

A crença na maldição respaldada por Satanás é corroborada pelo renascimento do dualismo Zoroastro, onde se cria que, no universo, existem duas forças iguais em poder e força, lutando entre si para dominar a espécie humana. Essa concepção tem sido difundida em larga escala no meio evangélico. Todavia, não encontra respaldo Bíblico. Não encontra-se um texto se quer onde descreva que Satanás tem o poder autônomo de amaldiçoar alguém ou algo sem a devida autorização divina. O conceito, principalmente Vetero-testamentário, é que a maldição está diretamente ligada à quebra da aliança com Deus. O pensamento Bíblico é que o homem sofre as conseqüências de seu estado de rebeldia contra Deus. Assim, a maldição é um estado a que se chegou, decorrente da rebelião contra as leis de Deus.

Talvez sejamos tentados a pensar que Satanás estava por detrás dos deuses antigos de forma que quando as imprecações eram pronunciadas, era Satanás que agia para que estas se cumprissem. No entanto, precisa-se atentar para dois fatos: (1) A crença, como já vimos, no poder autônomo das imprecações respaldadas por espíritos era própria das nações vizinhas de Israel e não era compartilhada pelos homens de Deus. (2) Isaías ( Is 44: 9 ss.) argumenta que os deuses são sem valor, não tem poder algum para livrar quem quer que seja; assim, não se pode crêr que estes deuses tivessem a capacidade de amaldiçoar.

Sobre isso, o dicionário Internacional de Teologia do Antigo testamento é feliz em comentar:

“Que tais fórmulas existiram por todo o mundo antigo ninguém nega. Mas a diferença entre elas e as do AT são adequadamente ilustradas nesta citação de Fensham: ‘A execução mágica e mecânica da maldição [...] aparece em tremendo contraste com a abordagem egoteológica dos escritos proféticos [...] o ego do Senhor é o elemento central da ameaça, e execução e a punição de uma maldição. [...] As maldições do antigo Oriente Próximo, que aparecem fora do AT, são dirigidas contra a transgressão da propriedade privada [...] mas a obrigação ético-moral relacionada com o dever que se tem perante Deus de amar ao próximo não é sequer mencionada’ ”96.


2.3.4.7 A Bíblia nos orienta a fazer uma árvore genealógica?
 

O conselho dos mestres da maldição hereditária para se fazer um histórico familiar, a fim de colher informações sobre alguma maldição que porventura tenha entrado na família, não encontra respaldo bíblico. 

Uma primeira consideração a ser feita é que a Bíblia nos ensina que cada um é responsável por aquilo que faz. O profeta Ezequiel fala sobre isso: 

“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.”(Ez 18:1-4)

No contexto deste texto, muitos estavam colocando a culpa de seus fracassos em seus antepassados. Mas, Deus trata com cada um individualmente.

É claro que com os pecados dos pais, os filhos podem colher o fruto deste pecado, sendo influenciados a cometerem os mesmos pecados, e a sofrerem as conseqüências disto (Gl 6:7). No entanto, isto é quebrado quando a geração se arrepende de seu pecado. A Bíblia nos diz que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14:12). Não se pode arrepender-se em lugar de outro.

Uma segunda consideração a ser feita é que fazer árvores genealógicas assemelha-se muito com a prática da seita mórmon. Eles fazem isso com o intuito de resolver problemas espirituais de seus mortos, através do batismo pelos mortos. Isso, é antibíblico. A Palavra de Deus condena tal prática ( I Tm 1:4; Tt 3:9).

O texto bíblico mais usado para apoiar a idéia da árvore genealógica é Ex 20: 

“...eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e Quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que amam e guardam os meus mandamentos.”

Para aqueles que costumam procurar textos bíblicos para apoiar seus conceitos, este é um “prato cheio”. No entanto, precisamos fazer algumas considerações a respeito deste texto: 

(1) Os números não devem ser encarados literalmente.

(2) O contexto trata do pecado de idolatria. 

(3) O texto trata daqueles que “aborrecem a Deus”

(4) O texto trata das conseqüências do pecado que refletem até outras gerações. 

(5) Deve ser interpretado à luz de Ez 18.


2.3.3.7 Espíritos familiares à luz das Escrituras


A base bíblica que os mestres da doutrina de quebra de maldições apresentam para apoiar o pensamento de “espíritos familiares”, é Lv 19:31, na versão King James: 

“Não vos voltareis para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor.”

Sobre este texto, Robson Rodovalho escreve que “é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria, passam de geração a geração.” 97

Se este é o único texto – e é o único- para apoiar a doutrina de espíritos familiares não é difícil chegarmos à conclusão de que não tem base bíblica.

O Velho Testamento foi escrito em hebraico e não em inglês. Por isso, faz-se necessário consultarmos o hebraico.

A palavra em questão é “‘ob”. Esta palavra indica aqueles que consultam espíritos. Literalmente é “o vaso”, ou “instrumento dos espíritos”. Portanto, a feiticeira de Endor é uma ‘ob (1Sm 28); em Lv 19:31, o povo de Israel é instruído a ficar longe destes ‘ob. 

Uma série de outras passagens envolvendo a palavra ‘ob, são encontradas nas Escrituras ( Lv 20:27; Dt 18:10,11; Is 8:19), sempre denotando pessoas que se envolvem na consulta de mortos.

Àquilo que os mestres da quebra de maldição chamam de espírito de prostituição, de inveja, de lascívia, etc., a Bíblia chama de obra da carne (Gl 5), e só se pode vencer, arrependendo-se do pecado, através da submissão ao Espírito Santo (Gl 5:16; 1 Co 6:9-11).

Penso que é mais fácil culpar a outros pelos próprios erros do que reconhecer o seu próprio. É mais fácil repreender demônios, responsabilizando-os pelos pecados que cometemos, do que arrepender-se e buscar no Senhor a restauração. Mas, não é esse o caminho que nos leva à santidade.


3- O MÉTODO BÍBLICO DE BATALHA ESPIRITUAL 


Como deve-se guerrear contra o inimigo? Qual são as armas disponíveis? As Escrituras nos dão o método de combate. Este método deve ser seguido se quisermos ter realmente vitória contra as força demoníacas. A seguir veremos as armas de ataque que estão à nossa disposição.


3.1 As armas de ataque

3.1 .1 A pregação do Evangelho


Eis uma arma eficaz contra o inimigo: a pregação da verdade. 

“Todo aquele que invocar o nome do senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de que nada ouviram? E como ouviram, se não há que pregue? E como pregarão se não foram enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”( Rm 10:13-17).

Diante desta maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem pela pregação da Palavra de Deus e não através de “oração de guerra”.

Champlin comenta sobre este texto da seguinte forma:


“O propósito da pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a mensagem de Cristo.” 98

Em Jo 8:32, está escrito: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” É a verdade de Deus, Cristo, que liberta. Não é ordenando a demônios que liberem as pessoas; este poder quem tem é o evangelho, e é exatamente por isso que devemos comunicá-lo.

Jesus não comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais. 

Jesus comissionou-os a pregar o Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todo a criatura.” (Mc 16:15); “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...”(Mt 28:19).

O apóstolo Paulo, quando se converteu foi logo pregar o evangelho na sinagoga (At 9:20); em suas viagens missionárias pregava o evangelho (Rm 15:18-20); exortou ao seu filho na fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Tm 4:2), e, no final de sua carreira, quando estava preso, ainda pregava o evangelho (At 28:31).

Jesus Cristo e o apóstolo Paulo, enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os incrédulos. Se amarrar e destituir principados e potestades antes de anunciar a Cristo fosse tão importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um fator tão importante?

Sobre isto Ricardo Gondin comenta:

“O triunfo dos cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode libertar os cativos. A verdade liberta (Jo 8:32).”99

O evangelho de Cristo é, em si mesmo, poderoso para a salvação daqueles que crêem. É claro que pode-se variar nos métodos de comunicação deste; no entanto, não se pode fiar nestes métodos para a salvação do perdido. 


3.1.2 Intercessão

A palavra “intercessão” vem do latim “intercedere”, que significa: “ficar entre”. No caso da oração é aplicada ao ato da petição, súplica a Deus por algo ou alguém.

Paulo, em sua carta a Timóteo, reconhece o valor da súplica em parceria da pregação do evangelho para a salvação: 

“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.”

É necessário observar-se que a forma de oração que Paulo exorta para que se faça é: súplica, intercessão e ação de graça. Quando olha-se para a oração que Paulo exorta que se faça, pode-se denominá-la de “oração evangelística”. Esta é a oração- constituída por súplicas, intercessões e ações de graça- feita por todos homens, com o propósito de viver-se tranqüilamente e salvar aqueles que estão perdidos. 

A intercessão é uma arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas. Em Ef 6:8, o apóstolo Paulo ainda fala sobre o valor da oração para:

“para que me seja dada no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho.”

Quando se observa os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo: suplicar, rogar, segundo a tua vontade, são comuns e significativamente repetitivas. Elas têm grande significado para o cristão. Nelas, encontra-se intrínseca a confiança em Deus para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização. 

O evangelismo deve ser recheado pela oração, assim como fez Jesus (Mc 1:35) e os apóstolos (At 4:31); mas esta oração, para ser eficaz, deve ser feita a Deus, o Pai da luzes, e não ao diabo.


3.2 As armas de defesa
 

Quando o cristão vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é lógico que este irá reagir; e quando isto acontecer...o que fazer?

Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo, em Efésios 6:13, diz o propósito: “...para que possais resistir no dia mau.” Este vocábulo, “resistir”, é um verbo: (Gr.)”)anqisthmi”. Ele exprime a idéia de opor-se, defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme. A idéia que exprime este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória. Ele aparece, também, em passagens como Tg 4:7 e I Pe 5:9. 

A pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo? Em Efésios 6: 14-17, Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da armadura de Deus.


3.2.1 A Armadura de Deus 


Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado romano preparado para a guerra. Ele usa esta figura para exemplificar a luta do crente e como, este, pode vencer. A metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve Ter. Todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito Santo. 

Alguns vestem a armadura como algo místico de eficácia instantânea, ao proferir algumas orações. No entanto, não creio que seja isso que Paulo tinha em mente. É certo que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio Cristo. 

Portanto, essa é a arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau. A seguir, veremos as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:


3.2.1.1 - A Verdade


O cinto, ou cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.

Esta verdade poderia, muito bem, significar a verdade moral, o oposto da mentira- o que seria lógico, pois satanás é o pai da mentira. No entanto, é certo que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do significado de verdade ética. Considera-se que esta verdade é a verdade de Deus; ou seja, a verdade cristã, o conjunto das doutrinas cristãs, que é o que sustenta tudo o mais- segundo o mesmo uso da palavra denota em Ef 4: 15. 


3.2.1.2 - A justiça


A couraça era uma peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.

Paulo, ao usar esta peça, como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação. Em Rm 8, Paulo comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o justifica. Isso quer dizer que (1) não podemos confiar em nossa própria justiça, ou santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus, através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades, poderá nos separar do amor de Deus. (2) Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo- Paulo aplica este termo, desta forma, em Ef 4:24 e 5:9. 


3.2.1.3 - O Evangelho da paz
 

A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa. Esta peça tinha a finalidade de proteger os pés do soldado, onde quer que ele fosse.

Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a que diz que Paulo está referindo-se ao evangelismo. No entanto, é preferível a interpretação de que Paulo refere-se à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, que o Evangelho proporciona. Esta paz é a tranqüilidade mental e emocional- oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus- que o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.


3.2.1.4 - A fé


O escudo, usado como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro do soldado. Ele era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e, depois, de couro.

Aqui, o apóstolo Paulo, refere-se a fé salvífica, de acordo com o contexto de Ef 1:15, 2:8; 3:12, que produz entrega total da alma do crente a Cristo. É a crença que Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do crente. Esta fé tem a eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.


3.2.1.5 - Salvação


O capacete, usado por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal. Era usado para proteger o soldado de golpes de espada, proferidos em sua cabeça.

A salvação do crente, recebida pela graça divina, mediante a fé, é o que o livra dos ataques aterradores do diabo. Ela é uma proteção divina para o guerreiro que é crente. Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o diabo não a toca.

É interessante notar-se, que todas as demais peças da armadura eram vestidas pelo guerreiro, mas o escudo era recebido, o seu escudeiro colocava nele. Isso denota a graciosidade da salvação. A salvação é pela graça, por isso, de graça.


3.2.1.6 - A Palavra de Deus


Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque, e realmente o é; no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa, e o contexto do texto de Efésios, nos da o subsídio necessário para pensar que aqui, ela é usada para defesa. 

O que Paulo queria dizer usando a espada como ilustração? Certamente ele estava falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que fazemos dela. 

Assim como a espada é morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida de quem a lê. A Palavra de Deus respaldada pelo Espírito Santo, da vida é mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e é apta para discernir as intenções do coração (Hb 4:12).

Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a declaração de versículos contra o diabo. No entanto, o diabo não corre da mera declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras, através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.


4- OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
 

Seguindo o conselho do apóstolo Paulo de “...examinar tudo e reter o bem”, agora, vejamos o que de bom, acrescentou o movimento de Batalha Espiritual à Igreja.


4.1 Alerta à guerra espiritual

Líderes eclesiásticos, vivem, ainda que creiam na existência do inimigo, totalmente desapercebidos da guerra que se trava no mundo espiritual, e, por isso, deixam de manejar as armas que Deus nos oferece. Por sua vez, os novos convertidos passam a freqüentar igrejas, possuindo a cosmovisão de achar que, depois de convertidos, está tudo bem; não são cônscios da batalha que começaram a enfrentar no âmbito espiritual. 

Não concordo com a teologia do Movimento de Batalha Espiritual- como foi-se evidenciado biblicamente neste trabalho -; no entanto, creio que foi permissão de Deus para que o Seu povo tomasse consciência da luta espiritual que estamos envolvidos e seguisse o conselho do apóstolo Paulo: “... pois não lhe ignoramos os ardis.”


4.2 Ênfase no evangelismo 


Por vezes, a Igreja é tentada a acomodar-se entre as quatro paredes do templo e esquecer-se da grande comissão. É real a cosmovisão eclesiástica - errônea, por sinal - de achar que evangelismo é só para missionários ou pessoas tecnicamente preparadas para isso.

Não concordo com a visão do movimento de Batalha Espiritual a respeito do evangelismo; no entanto, seus líderes- até onde tenho conhecimento- estão, realmente, preocupados e envolvidos com evangelismo. Essa influência é extremamente benéfica a um povo que acomoda-se em sua “vidinha” terrena, em seu individualismo.


4.3 Ênfase na oração

A oração é a chave para uma vida de comunhão com Deus. Por detrás da oração encontra-se um coração ardente de amor por Deus e entregue aos Seus cuidados. Infelizmente, muitos crentes dormem para essa realidade, e vivem uma vida espiritual raquítica.

Não concordo com o que diz, o Movimento de Batalha Espiritual, sobre a oração, como sendo palavras de autoridade contra o diabo; no entanto, considero louvável a ênfase que se dá à oração; pois, indubitavelmente, Jesus, em seu ministério, orou e precisa-se, também, de homens e mulheres de oração.


V. OS PERIGOS DO MOVIMENTO DE BATALHA ESPIRITUAL
 

Infelizmente, o Movimento de Batalha Espiritual oferece mais perigos, para a Igreja, do que benefícios. Abaixo, veremos que perigos são esses. 


5.1 As fontes de informação.
 

As Escrituras são a única regra de fé e de prática. Nada pode tomar esse lugar que lhe é próprio; nem os estatutos eclesiásticos, nem as experiências pessoais. 

O movimento de Batalha Espiritual trás- e se baseia nelas para suas doutrinas- muitas informações que não procedem das Escrituras. A pergunta que se segue, é esta: Se não vem da Bíblia, de onde vem? Vejamos, com a finalidade de saber de onde vem as informações que nos são passadas, algumas declarações dos expoentes da Batalha Espiritual.

Em uma apostila sobre uma “profecia” concedida a Magnólia de Campos Araújo, Mátiko Yamashita, do ministério de Batalha Espiritual, concede algumas informações sobre Espíritos demoníacos100; o interessante é que ela repete, insistentemente, a fonte com o qual obteve tais informações:

“Eu comando o sheol. Sou capaz de transformar pedra em pão”, disse Lúcifer. “Perguntei sobre Ninrod: disse que é comandante geral de batalha e guerra de sombras. Perguntei sobre o príncipe do Brasil: Atualmente está vago, pois yemanjá foi destronada no dia 12 de outubro de 1.990.”

Depois disso, Mátiko fala sobre o Buda e escreve: 

“segundo o Buda, há tipos de bonzos: os de roupa amarela e de grená. Este é feroz, é como javalí e se transformam em javalis ( grifo meu)”. Também fala do “Minotauro ou tauro: segundo sua informação é anjo caído. É gênio de destruição ( grifo meu)”. 

Depois, Mátiko cita como obteve tais informações: 

“Recebemos as revelações no dia 3.11.90, quando fomos fazer um trabalho de libertação na casa da Silvia, e o minotauro e o centauro dominavam e controlavam outro demônio de casta mais baixa, chamado “amoran”, tipo de uma lesma que atua nos homossexuais. São destituídos de inteligência, se alimenta apenas de carne do homem, isto é todo tipo de pecado sexual pervertido. Só pode ser exterminado, dividindo em dois ou queimando com o “o fogo do Espírito”, não se expulsa, pois ele não entende a linguagem dos humanos”. 

Mátiko segue citando sobre o centauro: 

“quando a morte pairar sobre a cabeça dos cristãos, diz Zohohet, que eu, Magnólia vou ver centauro. Diz Zohohet: avisa a igreja. Diz que vai voltar para falar mais” ( grifo meu).

Mátiko segue comentando da seguinte forma: “todas as informações foram dadas sob juramento, no dia 04.11.90 para Magnólia Campos de Araújo”; e, também: “Estas informações foram dadas pela Pomba-Gira, à Magnólia Campos Araújo”; outra vez, fala: “Segundo o próprio demônio, ela amacia o caminho para outros agentes de destruição do sexo. Desfaz casamentos” (Grifo meu). 

Gostaria de Ter palavras para exprimir minha completa indignação diante de tais declarações. Temo não Ter as palavras adequadas, mas iremos esforçar-nos para tal.

Magnólia está assumindo o papel de profetiza do diabo. Ele fala, ela repete. Ele manda avisar para a igreja e ela avisa. 

Fico imaginando como tais informações devem chegar ao ceio de nossas igrejas. O diabo fala, alguém ouve e repete. Um pastor- como a Mátiko-, sem compromisso com as Escrituras, ensina para a Igreja porque “não tem nada melhor para ensinar”. Os membros ficam impressionados com tais informações e começam a propagá-las. Daí, se forma o que Paulo disse: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios”. ( 1 Tm 4:1)

Penso que as informações sobre demônios- seus nomes, características, onde moram, etc-, vêm do próprio diabo. Não creio que esta seja uma fonte fidedigna! ( Jo 8:44).


5.2 O pragmatismo
 

O termo “pragmatismo”, foi cunhado do vocábulo grego “pragma” que quer dizer: ato, coisa, evento, ocorrência, fato, matéria. 

O pragmatismo ensina que conceitos, idéia e pensamentos só têm valor quando seguidos de conseqüências práticas. A respeito da verdade, o pragmatismo diz que somente as idéias que produzem conseqüências; ou seja, se funcionam, é porque são verdadeiras; em outras palavras, aquilo que funciona tem, por de trás, um princípio verdadeiro.

Este pensamento filosófico nasceu nos E.U.A, em meios do fim do séc. XIX para o séc. XX. Influenciou extremamente o ensino norte-americano, inclusive os seminários evangélicos. Os principais filósofos pragmáticos foram: Charles Sanders Peirce, William James, Royce, entre outros.

Levando a bandeira do pragmatismo, estão os pregadores da Batalha espiritual. Invariavelmente, para respaldar suas idéias, selecionam experiências, e dizem: se deu certo...é de Deus. Vejamos o que diz Peter Wagner sobre isso:

“Sou um teórico, mas sou um daqueles que tendem por defender teorias que funcionam. Meu principal laboratório, onde submeto a teste essas teorias, tem sido a Argentina, pelo que o leitor lerá sobre muitos incidentes que ocorreram naquele país.” 101

Em outra ocasião, ele fala da seguinte forma: “Sou uma pessoa muito pragmática, no sentido de que as teorias que mais me atraem são aquelas que funcionam.” 102

Diante de tal perspectiva filosófica, podemos responder com as palavras de Claudionor Corrêa de Andrade:

“A experiência tem demonstrado, porém, ser o pragmatismo mui relativo. O que é útil, hoje, pode não o ser amanhã. Exemplo: a escravidão. O que foi considerado útil nos séculos passados, hoje é tido como desrespeito aos direitos humanos. O pragmatismo, por conseguinte, é próprio das sociedades totalitárias. A utilidade imediata quase sempre é efêmera.” 103

Quando estudamos a doutrina cristã, um dos assuntos que, primeiramente deve ser encarado é a fonte da qual extrairemos nosso conhecimento. Existem várias abordagens: Teologia natural, Tradição, Experiência e Escrituras. Aqueles que decidem-se pelas Escrituras tomam-nas “como o documento definidor ou a constituição da fé cristã”. Ela é a regra de fé e prática. Esta é a atitude tomada no meio ortodoxo. 

Aqueles que optam pela experiência religiosa (pragmáticos), consideram que ela provê informações divinas autorizadas. Esta última posição é extremamente perigosa. 

O Apóstolo Paulo advertiu-nos: 

“ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” (Gl 1:8). 

Note que a autoridade é o Evangelho e não a experiência. Para Paulo, a verdade é absoluta, e mesmo que experiências queiram provar ao contrário, consideremos tal coisa anátema.

É certo que a Palavra de Deus é respaldada pelas experiências sobrenaturais de pessoas. No entanto, nem toda experiência resultou em doutrina cristã. É extremamente perigoso respaldarmos nossas convicções, conceitos e doutrinas em experiências, por que as experiências são relativas.

Não podemos usar métodos apenas porque funcionam, devemos usar métodos se são bíblicos. Não devemos crer que tal coisa é de Deus apenas porque funciona, devemos crer porque possui respaldo bíblico. Assim pensando; i, é, como os pragmáticos, segue-se que o Islamismo é uma religião de Deus, pois, é a que mais cresce no mundo. No entanto, seus conceitos são diabólicos. Nem tudo aquilo que dá certo é de Deus.

Sobre isso, Champlin, também comenta da seguinte forma:

“Existem grandes verdades espirituais que em coisa alguma são afetadas pela experimentação humana...Tentar investigar a verdade exclusivamente através de meios pragmáticos, limitados à experiência humana, é abordar a verdade de uma maneira muito parcial.” 104

O filosofia pragmática tem inserido sérios problemas doutrinários na igreja, e a doutrina de batalha espiritual é um deles.


5.3 Confusão entre obra do diabo e obra da carne
 

Um outro perigo doutrinário que acedia o movimento de batalha espiritual é a confusão feita entre as obras da carne e as obras do diabo. 

Costumeiramente, quando alguém está envolvido em algum pecado, atribui-se este envolvimento a espíritos malignos. Assim, uma prostituta, é prostituta, por causa do espírito de prostituição que a possui; de semelhante forma, se um crente rouba, é por que o espírito de roubo o influenciou. Nesta concepção, para estirpar determinados costumes nas vidas das pessoas, é necessário identificar o demônio que lhe acedia e repreendê-lo. Daí, vem a nomenclatura de espírito de lascívia, de inveja, de fofoca, de dissolução, etc.

A Bíblia chama estas manifestações- que os mestres da batalha espiritual chamam de espíritos- de obras da carne (Gl 5). O homem é responsável pelos seus atos, e como tal deve reconhecê-los, arrepender-se e deixá-lo ( 1 Jo 1: 5-9; 2: 1,2). 

A Bíblia não nos instrui a repreender espíritos quando estamos em pecado. Devemos tratar o pecado como pecado, que é a escolha pessoal de rebelar-se contra Deus. 

O diabo é tentador e, como tal, vive para induzir o homem ao erro; no entanto, o homem peca devido à sua escolha de rebelar-se contra Deus, devido à sua natureza pecaminosa. Por isso, ele é responsável pelos seus atos.


5.4 Dizer que é revelação de Deus para os dias atuais
 

Quando não encontram mais argumentos para defender suas idéias, os pregadores do movimento de batalha espiritual tendem a dizer que esta é uma revelação de Deus para os últimos dias. 

Através da análise de textos como At 2:16,17; 1 Co 10:11; 1 Jo 2:18, pode-se perceber que os apóstolos já viviam nos últimos dias. Será que Paulo era tão imaturo na fé para que Deus não o revelasse este ensino? Será que o Cânon ainda não foi concluído, necessitando, portanto, que livros de batalha espiritual sejam inseridos? Se a igreja do primeiro século não tinha esta revelação, porque obteve tanto sucesso evangelístico? 

Não se pode confiar em qualquer revelação só porque ela contém a fórmula: “assim diz o Senhor”. Assim fizeram Charles T. Russell, que começou a seita Testemunhas de Jeová, dizendo-se ter uma nova revelação; também Ellen Golden White, detentora de novas revelações e grande propagadora do Adventismo do sétimo dia; podemos citar, também, Joseph Smith, que recebeu revelações e, por isso, fundou a seita mórmon.

Não descreio em revelações; porém, penso que estas, precisam ser analisadas à luz das Escrituras, pois, não possuem autoridade final. A credulidade dos crentes é cativas à Palavra de Deus. Não se pode obrigá-los a crer em algo que não é bíblico.

Diante disso, gostaria de citar, novamente, as palavras do apóstolo Paulo:

“Ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gl 1: 8)


CONCLUSÃO



Neste trabalho, estivemos observando o que as Escrituras tem a nos dizer sobre guerra espiritual. Vimos, também, sobre o novo Movimento de Batalha Espiritual, sua origem, seus ensinos, suas estratégias de guerra. Fizemos isso, com o objetivo de analisar, à luz das Escrituras, o Movimento de Batalha Espiritual. Em seguida, oferecemos a solução bíblica para a guerra espiritual.

Deste trabalho, podemos observar que o Movimento compromete as doutrinas cristãs ortodoxas. Doutrinas como a soberania de Deus, a suficiência da obra da cruz para a salvação do homem, e para aniquilar as obras do diabo, são comprometidas.

Hoje, invés de Pastores ensinarem ao seu povo sobre a soberania de Deus, o valor da intercessão, o poder do evangelho, estão ensinando o poder que o diabo tem e estratégias para combatê-lo.

O resultado disso, é que encontra-se pessoas, cada vez mais, com medo do sobrenatural, outras considerando-se o ápice da espiritualidade, os detentores da revelação e, exacerbadamente, legalistas. 

O argumento comum para se explicar a ênfase que dão ao diabo é que o primeiro princípio de guerra, é se conhecer muito bem o inimigo. Concordo, em partes. A qualquer guerra, este princípio é fundamental; entretanto, a batalha espiritual que travamos já foi ganha na cruz do calvário. É claro que não devemos ignorar os ardis do inimigo, mas devemos nos aplicar a conhecer ao Senhor, e não ao diabo, pois, quanto mais conhecemos àquele que servimos, percebemos que o diabo não passa de criatura, diante do Criador.

O povo de Deus tem perecido, não por falta de conhecimento de quem é o inimigo, mas por falta de conhecimento de quem é o Criador. Por isso, como nunca, precisamos de uma volta às doutrinas básicas da fé cristão e; para isso, precisamos orar para que Deus levante verdadeiros mestres que tenham compromisso com a verdade das Escrituras e não com o resultado das igrejas cheias.


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[1] Paulo Romeiro- EVANGÉLICOS EM CRISE- pág. 114



2 Millard J. Erickson- INTRODUÇÃO A TEOLOGIA SISTEMÁTICA- Pág. 200

3 Revista Época, 29 de março de 1999



4 Revista Veja, 11 de agosto de 1999, pág. 142

5 C. Peter Wagner- ORAÇÀO DE GUERRA- pág. 44

6 Larry Lea- AS ARMAS DA SUA GUERRA- p. 12



7 Missão Evangélica Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior- p. 4

8 C. Peter Wagner- Oração de Guerra

9 Ibid. p. 92 e 98

10 Neuza Itioka – A Igreja e a Batalha Espiritual- p. 37



11 Neuza Itioka- Curso sobre Batalha Espiritul- 

12 H. H. Halley- MANUAL BÍBLICO- p. 311

13 Joyce G. Baldwin- INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO- p. 192

14 Caio Fábio D’Araújo Filho- BATALHA ESPIRITUAL- p. 139, 140, 141.

15 Russell Shedd- BÍBLIA SHEDD- pág. 1243

16 C. Peter Wagner- ORAÇÃO DE GUERRA- pág. 18

17 Russell Shedd- O MUNDO A CARNE E O DIABO- pág. 12

18 Millard J. Erickson – INTRODUÇÃO A TEOLOGIA SISTEMÁTICA- Pág. 175

19 C. Peter Wagner – ORAÇÃO DE GUERRA- pág. 176

20 Robson Rodovalho- POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES. p. 67

21 Missão Evangélica Shekinah- PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NAÁREA DE LIBERTAÇÀO E CURA INTERIOR- p. 4

22 Georg Eldon Ladd- TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO- p. 395

23 Jhon F. MacArthur Jr.- NOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO- p. 192



24 Michael S. Horton- O CRISTÃO E A CULTURA- p. 17

25 Vida Mix, No 1, ano 1, pág. 8

26 Robson Rodovalho- POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES- p. 29

27 Neuza Itioka- A IGREJA E A BTALHA ESPIRITUAL- p. 67

28 Peter Wagner- ORAÇÃO DE GUERRA- p. 144

29 Neuza Itioka- A IGREJA E A BATALHA ESPIRITUAL- p. 55





30 Peter Wagner- ORAÇÃO DE GUERRA- p. 170





31 Missão Evangélica Shekinah- PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR- p.19

32 Cf. declaração de Magnólia de Campos Araújo, escrito por Mátiko Yamashita, 30.10.90. Obra não publicada



33 Paulo Romeiro- EVANGÉLICOS EM CRISE – p.141

34 Michael S. Horton- O CRISTÃO E A CULTURA- p. 16



35 Neuza Itioka- A IGREJA E A BATALHA ESPIRITUAL- p. 54

36 Cesar Augusto- GUERRA ESPIRITUAL- p. 35

37 Peter Wagner- ORAÇÃO DE GUERRA- p. 26

38 Ed. Silvoso- QUE NENHUM PEREÇA- p. 317

39 Neuza Itioka- CURO SOBRE BATALHA ESPIRITUAL- p. 18

40 Missão Evangélica Shekinah- PREPARAÇÀO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR- p. 4

41 R. N. Chanplim- NOVO TESTAMENTO INTERPETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO- p. 336

42 John F. MacArthur, Jr. – MOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO- p. 192

43 Ricardo Gondin- OS SANTOS EM GUERRA- p. 174

44 Rebecca Brow – Maldições Não Quebradas – p. 5

45 Neuza Itioka- Curso Sobre Batalha Espiritual- p. 31

46 Rebecca Brown – Maldições não Quebradas – p. 21

47 Robson Rodovalho- Quebrando As Maldições Hereditárias- Koinonia Edit., p. 10

48 Rebecca Brown – Maldições não Quebradas – p. 25

49 Ibid. p. 26

50 Ibid. p. 28



51 Ibid. p. 43

52 Jorge Linhares – Bênção e Maldição – p. 41



53 Rebecca Brown -Maldições não quebradas- p. 40

54 Jorge Linhares – Bênção e Maldição – p. 43



55 Rebecca Brown -Maldições não quebradas- 

56 Jorge Linhares. Bênção e Maldição. p. 16

57 Hank Hanegraaff. Cristianismo Em Crise. Op. Cit. p. 278

58 Missão Evangélica Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior. p.59 Obra não publicada



58 J. D. Douglas – O Novo dicionário da Biblia - pág. 978

59 Rebecca Brown – Maldições não quebradas – pág. 83

60 Rebecca Brown – Maldições não quebradas – p. 95

61 Ricardo Mariano – Neo Pentecostais – p. 139

62 Robson Rodovalho- Quebrando As Maldições Hereditárias- p. 10

63 Ibid. p. 12



64 Missão Evangélica Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior. p.56 – Obra não publicada

65 Ibid. p. 62

66 Robson Rodovalho- Quebrando As Maldições Hereditárias- p. 29

67 Robson Rodovalho- Por Trás Das Bênçãos E Maldições- p.61





68 Rebecca Brown – Maldições não quebradas – p. 19

69 Novo Dicionário Aurélio da Línga Portuguesa – p. 1069

70 HARRIS et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento – p. 126

71 Ibid. p. 126



72 Ibid. p. 1346

73 J. D. Douglas – O Novo dicionário da Bíblia - p. 978



74 Antônio Neves de Mesquita. Estudo nos livros de Números e Deuteronômio – p. 66

75 Lothar Coenen. Dicionário de Teologia do Novo Testamento. p. 184

76 . D. Douglas – O Novo dicionário da Bíblia – pág. 978

77 R. N. Chanplim – Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – p. 24

78 AYMARD et al. O oriente e a Grécia Antiga. p. 241

79 Ibid. p. 277

80 William L. Coleman – Manual dos tempos e costumes Bíblicos – p. 286

81 R. N. Chanplim – Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – p. 362

82 Mary J. Evans.
“A plague on both your houses” cursing and blessing reviewed. p. 4

83 Russel Shedd – Bíblia Shedd – p. 224

84 LASOR et al.
Introdução ao Antigo Testamento. p. 16



85 Walter C. Kaiser, Jr – Teologia do Antigo Testamento - p. 80

86 HARRIS et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 126.

87 F. Davidson – O Novo Comentário da Bíblia - p. 88

88 Ibid. p. 93

88 Henry H. Halley – Manual Bíblico - p. 74.



89 LASOR et al. Introdução ao Antigo Testamento. p. 123

90 Paul Hoff – O Pentateuco – p. 239

91 J. J. Von Allmen – Vocabulário Bíblico – p. 235



92 LASOR et al. Introdução ao Antigo Testamento. p. 134





93 Henry H. Haley – Manual Bíblico – p. 253

94 LASOR et al. Introdução ao Antigo Testamento. p. 247



95 Rebecca Brown – Maldições não quebradas – p. 12



96 HARRIS et al. Diconário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 127

97 Robson Rodovalho- QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS- p. 12

98 R. N. Champlim- O NOVO TESTAMENTO INTREPRETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO- p. 780

99 Ricardo Gondin – OS SANTOS EM GUERRA- P. 174



100 Declaração de Magnólia de Campos de Araújo, escrita por Mátiko Yamashita, obra não publicada





101 C. Peter Wagner- ORAÇÃO DE GUERRA, p. 13

102 Ibid. P. 26

103 Claudionor Corrêa de Andrade- DICIONÁRIO TEOLÓGICO- p. 206

104 R. N. Champlim.
ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA. p